quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Angola: reabriu o Museu do Dundo

http://jornalcultura.sapo.ao/patrimonio-cultural/reabriu-o-museu-regional-do-dundo


terça-feira, 19 de junho de 2012

Fotografia em Moçambique, antes de 1970

em 2012

domingo, 29 de abril de 2012

Angola: monumentos coloniais

http://jornalcultura.sapo.ao/patrimonio-cultural/monumentos-coloniais-a-procura-dos-velhos-pedestais

Monumentos coloniais à procura dos velhos pedestais



Por ocasião do 18 de Abril, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios e no ano em que a Convenção da Unesco sobre a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural completa o seu quadragésimo aniversário, entregámos ao director do Instituto Nacional do Património Cultural, Ziva Domingos, algumas questões que aqui deixamos impressas para reflexão dos nossos leitores, principalmente ligadas à gestão do património herdado do colonialismo.

Entrevista ao director do Instituto Nacional do Património Cultural, INPC, Ziva Domingos

O tema proposto pelo ICOMOS (Conselho Internacional Dos Monumentos e dos Sítios) para comemorar o 18 de Abril, Dia Internacional dos  Monumentos e Sítios em 2012 é “40°Aniversário da Convenção do Património Mundial: Reconhecer os Desafios do Futuro”. Considerando que o património é o legado que recebemos do passado, vivemos no presente e transmitimos às futuras gerações, o que nos pode dizer sobre o destino a dar aos monumentos coloniais transladados para o Museu das Forças Armadas? Já se tem o inventário completo de todos esses monumentos e também sítios deixados pela Administração Colonial em Angola?

Ziva Domingos O verdadeiro destino a dar aos monumentos coloniais colocados do Museu das Forças Armadas dependerá da política do Executivo sobre a criação de um Museu de História de Angola com uma das componentes dedicada à História Colonial.
Estes monumentos se encontram neste lugar hoje pelo facto de estarem ligados à origem da fundação da Cidade de Luanda e por ser um dos pontos estratégicos da luta Contra colonialismo.

Considerando a história recente de Angola, a prioridade não era dada a história colonial devido aos danos que o colonialismo causou à vida do povo angolano.  Esta realidade afetou também o sector do Património que ainda não deu um tratamento específico a alguns monumentos e sítios da Administração Colonial. Mas no nosso inventário constam vários edifícios e palácios que serviram de residência aos administradores coloniais e outros lugares que serviram de ponto de resistência ao colonialismo (as fortalezas por exemplo).

JC – A Convenção sobre a Proteção Do Património Mundial, Cultural e Natural, considera como “património cultural” as obras arquitetónicas, esculturas ou pinturas monumentais, Objetos ou estruturas arqueológicas, inscrições, grutas e conjuntos de valor universal excecional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência. Cabo-Verde, por exemplo, conserva até à data todos os monumentos herdados do regime colonial. Dentro da definição da Convenção pode o monumento a Diogo Cão, por exemplo, regressar ao largo frente ao Porto de Luanda?

ZD - A instalação de qualquer monumento dentro de uma cidade depende muito da importância que o Governo, a sociedade civil e as comunidades acordam a este bem considerando o papel que certa personagem jogou na História de qualquer país e a sua ligação comos desafios passados, presentes e futuros. A grande questão que devemos nos colocar aqui é de saber se a descoberta do Continente Africano (de Angola, em particular) feita pelo Diego Cão representa algo simbólico e histórico para o povo Angolano?
Se for, sim, não se coloca qualquer obstáculo para que no futuro o monumento desta personagem seja reinstalado ao largo frente ao Porto de Luanda. Mas se esta personagem é encarada como um colono, talvez no estado atual das coisas, será um pouco difícil que se dê um tratamento especial a este assunto.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Castro Soromenho

Castro Soromenho escritor africano

Por RODRIGUES VAZ


Completaram-se 100 anos no passado dia 31 de Janeiro que, em 1910, na Vila de Chinde, Moçambique, nascia Fernando Monteiro de Castro Soromenho, filho de pai português que foi governador de Luanda e de mãe cabo-verdiana, o qual, depois de ter passado a sua infância e juventude em Angola, se veio a tornar, durante a sua segunda estada em Portugal, um dos pioneiros da ruptura com a até aí chamada literatura colonial.

http://jornalcultura.sapo.ao/letras/castro-soromenho-escritor-africano

domingo, 11 de março de 2012

João Francisco, Galeria 111, 2012: "Uma montanha de coisas"

 11/03/2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Fernando Lanhas, Museu de Etnologia do Porto

 Sobre o museu que FERNANDO LANHAS dirigiu de 1973 a 1993, então encerrado por ameaçar ruína:

JN, Porto

Um certo museu

Publicado em 2006-11-23

 
 
JORNAL DE NOTÍCIAS
sem indicação de autor

"Noticiaram os jornais que, finalmente, o problema do Museu de S. João Novo ia ter solução, com a aquisição do edifício e a reactivação daquela instituição. E também que o Museu de Arte Popular, de Lisboa, seria extinto. Espantei-me. Quanto à segunda questão, os lisboetas que se havenham com ela, e esbracejem (ou não) como entenderem. A primeira, sim, interessa-me. E muito.

A situação do antigo Museu de Etnografia e História do Douro Litoral é não apenas um escândalo, mas uma indignidade cívica. E só num país que perdeu o sentido do verdadeiro progresso - que também passa pela existência de bons museus, onde se faça a instrução do público -, o que lhe sucedeu poderia acontecer. Se quiserem, só num país que perdeu o decoro uma herança como a consubstanciada no espólio daquele museu poderia ser menosprezada.

O Museu de S. João Novo foi fundado em 1940, sob o impulso do dr. Pedro Vitorino, quando a Junta da Província do Douro Litoral alugou aos descendentes do "opulento capitalista" Pedro da Costa Lima o belo palacete setecentista daquele largo. A partir daí, graças a personalidades como Augusto César Pires de Lima, Armando de Matos, Bertino Daciano, Eugênio da Cunha e Freitas, Fernando de Castro Pires de Lima e outros, o Museu recolheu uma notável colecção de objectos, equipamentos e documentos representativos das artes e ofícios, actividades do quotidiano e manifestações festivas - além de peças arqueológicas, litúrgicas e do que podemos definir, abreviando, por elementos do folclore - do chamado Douro Litoral (com relevância para a própria cidade do Porto).

Segundo os critérios (ou, como agora se diz, o paradigma) da época, o programa museográfico da instituição seria estabelecido a partir da distribuição das colecções por salas correspondentes às diferentes temáticas. Havia, assim, as salas dos teares, linho, trajo, mobiliário, brinquedos, rendas e bordados, habitação, jogos e cangas, barcos, medicina popular, religiões, arraial, e amor popular, reunindo milhares de peças da maior qualidade e algumas (estou a lembrar-me dos jugos e cangas) de valor hoje incalculável pela raridade. Além disso, o Museu publicou, ao longo dos anos 50, a revista "Douro Litoral", a que sucedeu, entre 1963 e 66, a "Revista de Etnografia", arquivos incomparáveis de uma escola portuense de etnografia e fontes preciosas para o conhecimento do país (e não só, pois nelas colaboraram investigadores de outros países). E, além do resto, os espaços pertencentes ao Palacete-Museu de S. João Novo guardam dos melhores panos conservados da Muralha (dita) Fernandina da cidade.

Tudo se encontrava exposto, arrumado, explicado, com critérios ultrapassados, é certo, mas, sobre isso, ponto final, parágrafo (o Museu do Quai Branly, recentemente inaugurado em Paris, reuniu as colecções oriundas do antigo Museu do Homem, recolhidas no período colonial puro e duro segundo a visão eurocentista de "artes primitivas" mais do que enterrada. Tal facto não impediu a adequação daquele fantástico repositório de objectos, rebaptizados segundo o conceito de "artes primeiras", ao mais moderno museu europeu). E, com a direcção do arquitecto Fernando Lanhas, o Museu de S. João Novo ganharia novos atributos no campo da história da evolução do Homem no Universo e da adequação de algumas colecções a perspectivas museológicas dirigidas para uma vocação didáctico-pedagógica.

No início dos anos 90, o Museu foi encerrado devido às precárias condições do edifício e aos riscos de deterioração dos objectos. E o problema não mais teve solução. Correram rumores da sua extinção, da dispersão das colecções ou da transferência para outro concelho. Desmantelou-se a rica biblioteca , armazenaram-se peças num local da cidade (em condições tão más quanto as do edifício). Dizem-me que a colecção de brinquedos já saiu do burgo.

Quinze anos depois, mantém-se o lento assassinato de uma instituição organizada com tanta dedicação por um punhado de homens devotados a uma causa que os burocratas-funcionários da cultura nem categoria têm para entender, quanto mais respeitar. O Museu de S. João Novo poderia constituir, com um programa moderno e novo fôlego, um pólo activo de conhecimento das tradições da cidade e sua região, um recurso educativo de primeiro plano, um motor dinâmico da regeneração do burgo. É possível, em pleno século XXI, na Euro pa, pensar-se que desenvolvimento, competitividade, produtividade, modernidade e outros tops não são, antes do mais, questões culturais num quadro civilizacional? E quanto tempo mais teremos de continuar a suportar vergonhas - que desmentem a civilização - como o desprezo e o abandono votado ao nosso Museu (que foi) de Etnografia e História?

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e esta coisa antiga em Área Metropolitana do Porto

Titulo Agentes bullet menu Museus bullet menu Porto bullet menu Museu de Etnologia do Porto

Entidade
Instituto Português de Museus

Descrição
O Museu de Etnologia do Porto foi criado em 1945, sob a designação de "Museu de Etnografia e História do Douro Litoral". Desde a O Museu de Etnologia do Porto foi criado em 1945, sob a designação de "Museu de Etnografia e História do Douro Litoral". Desde a sua fundação, o museu encontra-se instalado no Palácio de S. João Novo, datado do séc. XVIII, que estudos recentes apontam tratar-se de um projecto de arquitectura da autoria de António Pereira. O Palácio de S. João Novo sofreu uma degradação acentuada desde 1970, com reflexos particularmente negativos nas condições de conservação das colecções etnográficas. Em 1989, o museu transitou para a tutela do IPPC e, em 1991, para o IPM, vindo a ser encerrado ao público em 1992 dado o avançado estado de ruína do imóvel. Desde então, o IPM tem vindo a diligenciar pela salvaguarda do espólio do museu, traduzida, numa primeira fase, pelo depósito das suas colecções em diversos museus, com vista à sua protecção. Numa segunda fase foram efectuadas, com a colaboração da DGEMN, obras nas coberturas e na fachada do Palácio. Numa terceira fase, o IPM procederá à resolução da actual situação do Museu, o que ocorrerá posteriormente ao processo de sistematização do seu inventário.

Localização
Porto

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O museólogo Fernando Lanhas (director entre 1973 e 1993) não devia ser esquecido, em particular pelo museólogo João Fernandes (director de Serralves, de ? a ? - já me esqueci). Mais do que "pioneiro do abstraccionismo", F.L. foi o continuador de Augusto César Pires de Lima (1888-1959), responsável pela criação do Museu de Etnografia e História do Douro Litoral, e do seu sobrinho Fernando Castro Pires de Lima (1908-1973), médico e etnógrafo, que lhe sucedeu.

Também foi o arquitecto e responsável pela montagem do Museu de Conímbriga (1982), e projectou e organizou a montagem do Museu Municipal da Figueira da Foz (1980), entre vários outros museus e exposições. Na sua cronologia do catálogo de Serralves tb se pode ler "Executa o projecto geral da recepção ao Papa João Paulo II na Diocese de Porto" (1983).


 

Fernando Lanhas 1945, 1957 (São Paulo)

 

FERNANDO LANHAS, algumas datas


Durante as Exposições Independentes (1943-1950), Lanhas colabora com a página Arte do vespertino "A Tarde". Esteve ligado à iniciativa da publicação no contexto do final da 2ª Guerra (também com Victor Palla, então muito activo no Porto); não escreve, mas publica desenhos. Foi Lanhas que sugeriu o nome de Júlio Pomar a António Cruz para dirigir o suplemento. Nomeadamente: 



Estudo para "Tambores", 1945. (23-6-1945)

Por ocasião da vinda dos Independentes a Lisboa, com palestras de Victor Palla e Júlio Pomar que a Vértice publicou. Lanhas expôs pela 1ª x O Violino (dp O2-43-44), e tb Rochedos (Ansiedade), de c. 1945.

Lanhas008

 A crítica é do depois brevemente surrealista (oriundo da António Arroio) Fernando José Francisco.

 

sobre Lanhas: “Fernando Lanhas fabrica abstracções. No mais característico da abstracção, a de Gleizes, por exemplo, apresentava-se um tipo de composição, de linha e côr, em que se pretendia resolver os ritmos fundamentais e psicològicamente certos da vida actual, segundo a desumanização que se acreditou necessária em toda a chamada Escola de Paris. O que nos ficou, foi apenas um esquema, apenas útil sob o ponto de vista didático. Isto não é apontado porque F. Lanhas apresente as mesmas características, tanto mais que êle se mostra muito mais desinteressado ainda. O congestionamento de “arte a mais” dá em não se olhar à pintura as suas
características fundamentais. Fernando Lanhas a continuar assim, tem (apesar de malhar em ferro frio) de cuidar mais dos seus meios - embora não haja êxito possivel, pois não encontrará o apoio, a base que lhe determine a melhoria da expressão. Mas é de esperar que reveja as suas idéias e as ponha de acordo com as realidades.”
Fernando José francisco, in Lisboa - a exp independente no IST
Com Estudo para "Tambores", 1945. (23-6-1945)

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Arte nº 11, 18-8-1945. O desenho será um estudo para Velha Branca, 1945 (à esq. Jack Levine. No alto da pág., uma citação de André Breton: "E trata-se, no entanto, sempre da vida e da morte, do amor e da razão, da justiça e do crime. A partida não é desinteressada!")


Anos 50, depois das Exposições Gerais (expôs na 3ª, em 1948) e do surgimento da Gulbenkian, num momento de relativa "unidade"

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IV Bienal de São Paulo em 1957, representação organizada pelo SNI com a colaboração dum júri eleito pelos artistas concorrentes, com apresentação de J.-A. França. 2 dos 9 são Azevedo e Lanhas

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+ Carlos Botelho, João Hogan, Joaquim Rodrigo, José Júlio, Júlio Resende, Nikias Skapinakis e Vespeira,

seguido por nova divisão em 1959 entre artistas que pactuam com o SNI e os Independentes que expõem na SNBA. As exposições abriram no mesmo dia

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A capa do catálogo da esq. é de Sebastião Rodrigues. César Moreira Baptista é autor do prefácio. Artur Bual teve o prémio de pintura