René Bertholo 1984 -
1984 Abril
08 - «O jogo das memórias de René Bertholo», DN
14 - «René Bertholo: num quadro há milhões de histórias», entrevista, «Expresso Revista», 14-IV-84.
14 - «O regresso» (R. Bertholo e os outros), «Esta semana», crónica , DN
«René Bertholo», «Expresso Revista», 7-IV-84 e 21-IV-84.
«René Bertholo», «Expresso Revista», 23-IV-88 e 14-V-88.
«René Bertholo», «Expresso Revista», 23-V-92.
«Anos 60/Anos 90», «Expresso Cartaz», 13-VIII-94.
«Contramundos», «Expresso Cartaz», 15-VII-95. - #
«René Bertholo», «Expresso Cartaz», 17-II-96 e 9-III-96. - #
«A máquina de pintar», «Expresso – Cartaz», 14-XI-98. - #
«René Bertholo», «Expresso Cartaz», 17-X-98. - #
RENÉ BERTHOLO
Palácio Galveias - 17-02- 1996
Depois das
últimas exposições no Porto, a pintura de R.B. volta a poder ver-se em
Lisboa, por iniciativa da galeria Fernando Santos, numa situação em que a
sua obra atravessa algumas renovadas direcções temáticas e
construtivas, na sequência da passagem de Paris para o Algarve.
Entretanto, é uma abordagem retrospectiva que continuará a aguardar-se,
conhecida a originalidade com que a sua obra se inscreveu na corrente da
figuração narrativa dos anos 60 e o sólido percurso posterior pelos
objectos mecânicos e pelo «retorno» à pintura. Ainda que a sua produção
se encontre disseminada por colecções de vários países, o que torna o
projecto particularmente complexo para a preguiçosa rotina das
instituições, há que pôr à prova a respectiva competência... e também o
seu sentido das responsabilidades.
09-03-1996
Em cada quadro há milhares de histórias, disse R.B.
numa velha entrevista. O pintor não as «conta»: oferece-nos, pintura a
pintura, a possibilidade de fazer de cada personagem, revisitado ou
inédito (os «mal-educados», os marcianos, o coelho de Alice revisto por
Dacosta, a Abelha Maia a filha de Costa Pinheiro, os pássaros-aviões),
de cada objecto ou lugar, «reais» ou inventados, o suporte de um jogo
infindável de efabulações e reencontros. É um outro universo, de R.B. e
nosso, que vamos ganhando, devorador de outros universos de fábula e de
história, onde, por exemplo, o feijoeiro mágico é árvore da vida, coluna
sem fim e pintura de motivos vegetais — natureza morta ou viva? — como
há muito não se via. É de inventividade da pintura que se trata, e R.B.,
que fragmenta as composições com uma nova eficácia, que experimenta
inéditas aplicações da cor (as «quadricomias») e a ampliação da escala
das figuras, que retoma com outro fôlego alguns temas já experimentados
(«o quarto da Torre») e alarga a dimensão imaginária, surreal, da sua
obra, está num momento particularmente feliz da sua pintura. A
exposição, em últimos dias, reapresenta telas já expostas recentemente
no Porto («Cartaz», 15-07-95) e acrescenta novas obras.
René Bertholo
Centro Cultural da Gandarinha, Cascais
17-10-1998
Pinturas
recentes, de 1996-98 (e não «mais ou menos recentes», que tem outro
sentido no texto de apresentação de Carlos França para o livro editado).
A uma primeiro olhar poderia estar-se perante uma simples continuidade
de trabalho, reconhecendo-se a retoma de soluções de composição
experimentadas (a construção do quadro com dois, três, quatro ou mais
espaços repetidos, com referência à estrutura da BD e também a Magritte)
ou a presença de personagens e elementos figurativos «já vistos». De
facto, a pintura de R.B. atravessa uma «fase» em que o aparente reciclar
de materiais explode com uma imprevisível liberdade imaginativa,
convocando todas as suas memórias para as reinvestir com mais energia e
sentido do risco, no ensaiar de novas situações enigmaticamente
narrativas (Malabarismos, O Diabo, a Pára-Quedista, Etc., Plantas
Locais). O espaço cenográfico desaparece por completo, ao mesmo tempo
que a escala dos personagens aumenta (por exemplo, A Heroína, herdada de
O Capuchinho Vermelho?, de 94; Sem Sombra de Dúvida e Oh Céu de Agosto,
afastando-se aqui da estratégia da acumulação e do horror ao vazio), ou
que as construções em fragmentos sucessivos se interpenetram com uma
crescente complexidade. Entretanto, é também a fórmula da «quadricomia»
que é radicalizada, usando, no limite, apenas as cores azul e vermelho,
numa prática da pintura que se diverte com a redução dos seus meios sem
se autolimitar no poder de questionar o quotidiano com a irrupção do
sonho. (Até 25)