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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Associações e salões, profissionais e amadores (ANOS 50)

Da ignorância da história
citação:
"26 Na década de 50, e paralelamente ao trabalho dos profissionais, os amadores de fotografia passaram a ter algum protagonismo impulsionado pela formação dos fotoclubes e pela organização de exposições nacionais e internacionais um pouco por todo o país, numa imagem sem intuitos comerciais mas com preocupações estéticas, frequentemente no âmbito de um registo documental. São disso exemplos a continuidade dos salões internacionais de arte fotográfica, em Lisboa e Porto, organizados desde 1937 pelo Grémio Português de Fotografia, o I Salão Nacional de Arte Fotográfica da Figueira da Foz (1952), o I Salão de Arte Fotográfica de Setúbal (1954), o II Salão de Fotografia da Guarda (1954), o II Salão de Fotografia organizado pela Câmara Municipal de Barcelos (1952), o I Salão Internacional de Arte Fotográfica de S. Paulo de Luanda (1952) e o I Salão de Arte Fotográfica de Braga (1953).

27 Do mesmo modo, também as organizações laborais criaram os seus concursos e exposições de fotografia, de que foram exemplo: o I Salão de Arte Fotográfica (1951) do Grupo Desportivo da CUF (a quinta edição, em 1955, passaria a salão internacional), o II Salão Internacional Interbancário de Arte Fotográfica (1954), organizado pelo Grupo Desportivo do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa ou, mais tarde o Salão Internacional de Arte Fotográfica da Marinha Mercante, Aeronavegação e Pesca (1956), numa organização do Grupo Cultural e Desportivo da Companhia Colonial de Navegação." 

Israel Guarda e José Oliveira, « A fotografia e os fotógrafos na revista Panorama (1941-1973): 30 anos de propaganda? », Comunicação Pública [Online], Vol.12 nº 23 | 2017, posto online no dia 15 Dezembro 2017, consultado o 11 Janeiro 2018. URL : http://journals.openedition.org/cp/1927

Não, os amadores não passaram a ter "algum protagonismo" na década de 50...
Já tinham protagonismo nos anos 30, e nos 40, sem que amadores e profissionais estabeleçam barreiras relevantes entre si: reúnem-se nas mesmas agremiações e quase todos participam nos mesmos salões. Em muitos casos (Artur Pastor, João Martins, António Paixão) os profissionais da fotografia são também fotógrafos amadores quando participam nos Salões de Arte Fotográfica.

O Grémio Português de Fotografia foi criado em 1931, sucedendo à Sociedade Portuguesa de Photographia; promoveu o seu 1º Salão em 1932, que passou a Internacional em 1937. Era uma secção da Sociedade Propaganda de Portugal, o que define o seu carácter elitista.  Em 1937, o Grémio tinha apenas cem sócios (pagavam 50$ anuais os de Lisboa e 30$ os da província, um preço elevado). Era um número muito baixo de sócios, como a revista Objectiva então assinala, mas só muito mais tarde, no pós-guerra,  aparecem novas associações: o Grupo Câmara em 1949, em Coimbra; o Foto Clube 6 x 6 em 50, Lisboa; a Associação Fotográfica do Porto em 51. Os anos da Guerra e a expansão da fotografia (jornalística e documental ou artística) justificam a multiplicação de fotoclubes nos anos 50; a revista Objectiva e o seu núcleo de animadores tinham falhado em 1937-38 a sua oposição ao Grémio, já no contexto ideológico das comemorações dos centenários.

A lista de salões alinhada acima (locais e "laborais") mostra o crescimento do salonismo ao longo dos anos 50 (a par do associativismo em geral), mas perde o essencial: ignora a actividade expositiva das novas associações surgidas em 1949-51 e não distingue os mais importantes dos salões, os do Barreiro: o 1º Salão de Arte Fotográfica do Jornal do Barreiro, de 1950, que premeia Adelino Lyon de Castro; e em 1951 o Salão já é do Grupo Desportivo da CUF, restrito aos seus associados, sendo o de 1952, 2º Salão, nacional, e o 5º é já internacional, em 1955. Augusto Cabrita afirma-se desde 1950 mas em especial em 1952. E a partir de 1956 também Eduardo Gageiro. 

O que é próprio dos anos 50 é um divórcio definitivo entre amadores-salonistas e amadores que recusam os salões, amadores não associados, independentes desalinhados e elitistas, que vão ser os intérpretes de uma efémera (e em grande parte oculta) renovação fotográfica de sentido não formalista, arredada do culto salonista da Arte Fotográfica. Enquanto noutros países (Espanha, Brasil, etc) as rupturas dos anos 50 nascem nos fotoclubes e contra eles, renovando-os e fracturando-os, em Portugal não parece haver contágio entre praticantes. Depois do solitário e breve Fernando Lemos, 1952, influenciado pela Fotografia Subjectiva de Otto Steinert, uma linha de intervenção marcada pela exposição The Family of Man inclui os isolados Victor Palla e Costa Martins, autores de uma obra só, e os membros de um fotoclube privado com Gérard Castello Lopes, Sena da Silva, Carlos Calvet, Carlos Afonso Dias.

Só recentemente, em especial graças a "Batalha de Sombras", 2009, Vila Franca de Xira (organizada por Emília Tavares) se pôde reconhecer que do lado salonista (Varela Pécurto, Eduardo Harrington Sena, Fernando Taborda) se vivia também uma dinâmica modernizadora, modernista, informada em especial do formalismo norte-americano, apolítica.

(a ausência de acuidade e cultura visual na generalidade dos autores convocados (não li todos), tal como a ausência de um nível mínimo de conhecimento sobre a fotografia e a sua história, são surpreendentes - é o caso das abordagens da fotografia colonial (feita em África) ou da análise da revista Panorama. A Universidade chegou à fotografia mas não aprendeu a ver, limita-se a demarcar um espaço de ignorância impúdica que se diz de investigação. O objecto imagem dissolve-se sob a capa fácil da repetição de banalidades supostamente teóricas sobre a fotografia e da fuga para apreciações ideológicas de um gosto antifascista e anticolonialista primários, vendo "propaganda" por toda a parte, atracção pelo exotismo e outros formulários básicos.) 


 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

ANGOLA 1938, o Álbum e tudo o resto

1) FOTOGRAFIAS
O objecto em exposição é um álbum fotográfico. Editado pelo Governo Geral de Angola. Importa considerar por si mesmo o objecto álbum, livro fotográfico ou photobook, e importam as fotografias. Pela sua qualidade editorial e fotográfica, e pelo interesse do que documentam: um acontecimento histórico, tão esquecido ou ocultado como o Álbum. A Exposição-Feira Angola 1938, indicada no título: Álbum Comemorativo da...

Importam, como é de regra, os autores do álbum (o organizador/editor e designer) e o/os das fotografias.
A abordagem ao livro e às fotografias complica-se pela ausência de autores declarados (ou confessos) -ambos autores anónimos (C. Duarte autor dos clichés será um pseudónimo). Existem pistas a explorar quanto ao editor e ao fotógrafo: por hipótese, Vasco Vieira da Costa (arquitecto angolano, 1911-1982, então um jovem desenhador admitido na administração colonial na qualidade de funcionário aduaneiro) e Firmino Marques da Costa (fotojornalista de Lisboa e de longa carreira, 1911-1992).

Deverá saber-se que este Álbum e as fotografias não são objectos isolados. O Álbum emparceira com os outro 5 álbuns editados pela Agência Geral das Colónias em 1939-40, ilustrando a viagem presidencial às colónias do PR general Carmona, em 1938. Firmino Marques da Costa foi considerado o autor principal destes álbuns, que teriam sido editados por Luís de Montalvor e José Osório de Castro, intelectuais destacados da 1ª metade do século e não anónimos funcionários da AGC, apesar de não estarem creditados, tal como o fotógrafo. As atribuições tiveram origem numa exposição sobre os 5 álbuns acontecida na galeria Ether em 1987, com catálogo-poster ("Imagens fugazes..."), e foram propostas por António Sena, também ele anónimo nessa publicação.




O volume 2 de "Alguns aspectos da viagem presidencial à colónias" - http://memoria-africa.ua.pt - aponta a intenção do Governo de Angola publicar o Álbum comemorativo como justificação para incluir poucas (8) fotografias da Exposição-Feira que foi inaugurada por Carmona a 15 de Agosto. Algumas fotografias dos álbuns em questão são idênticas (mesmas situações e mesmos locais, mas sempre diferentes imagens), e duas da exposição da Ether dos álbuns lisboetas são idênticas a imagens do álbum angolano. O reconhecimento do fotógrafo parece muito provável, ou inevitável. A longa carreira de Marques da Costa não se mantém ao mesmo nível. Ainda em Fevereiro de 1968 acompanha Américo Tomás a Angola, mas a reportagem não podia ter a mesma frescura (ver  1938-1968-marques-da-costa )

2) A FOTOGRAFIA EM 1938
O ano de 1938 não é um ano qualquer, e não só por acontecer dois anos anos da Exposição do Mundo Português e nele ter acontecido a decisão política de a realizar (Nota Oficiosa de Salazar).

A.
Produz-se o 2º Salão Internacional de Arte Fotográfica (VI Nacional) promovido pelo Grémio Português de Fotografia, por sua vez secção da Sociedade Propaganda de Portugal (não confundir com o SPN, Secretariado da Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro). Por ser o 2º Salão terá tido mais importância e mais repercussão que o 1º Internacional, no ano anterior.

Mário Novais, 1938

Por acaso ou não, aparece fotografado por Mário Novais - que nele não participa - numa imagem incluída no espólio que tem vindo a ser divulgado pela Biblioteca de Arte da Gulbenkian.

B.
Notícias publicadas na revista Objectiva dão conta da organização atribulada do Salão, o qual dá origem na revista a significativos textos críticos e mesmo a iniciativas concorrentes.
1938 é o ano de uma intervenção activa da revista Objectiva, criada em 1937, com um vigor e uma originalidade que não se repetem: é o ano da "polémica do flagrante" e de um ímpeto crítico que é logo interrompido pela intervenção do Pe Moreira das Neves também na Objectiva, em Maio, apelando à "Contribuição da Arte Fotográfica nas celebrações do Duplo Centenário..."

C.
Em 1938 expõe no SPN Elmano da Cunha e Costa, advogado em Angola e fotógrafo/etnógrafo amador e pioneiro. A Objectiva dedica uma página à exposição (entre outros possíveis ecos que desconheço). ( ver Elmano I ) Também fotografa na Exposição-Feira de Luanda temas de (ou ditos de) arte indígena (ver http://alexandrepomar.typepad.com e atribuições do AHU já corrigidas).

Voltará a expor no SNI fotografias de Angola em 1946 (e 47 no Porto) e em 1951, já depois de regressar a Portugal em 1943 (informações de Inês Gomes), e surge antes ligado à Secção Colonial da Exposição de 1940 como colaborador fotográfico da equipa de Henrique Galvão. Serão certamente suas as fotos de naturais de Angola publicadas no guia/catálogo da Secção Colonial e todas as fotografias não creditadas do livro de Castro Soromenho A Maravilhosa Viagem dos Exploradores Portrugueses, 1948-49.
Com o Dr. Elmano a fotografia em 1938 liga-se à linhagem da 1ª Etnografia de Angola: eng. Fernando Mouta (1934), o pioneiro e presidente interino da Câmara de Luanda à data da Expo'38, José Redinha (desde 1936), Elmano (1938...) e Carlos Estermann.

O dr Elmano é também um dos expositores do 2º Salão Internacional, de Arte Fotográfica com residência em Mossâmedes. Aparece em 1941 no catálogo do 5º Salão como 3º vogal da direcção do Grémio, mas não expõe (expõem entre outros Manuel de Oliveira e Cotinelli Telmo, membro do Grémio). Voltou a expôr no Salão 6, de 1942-43 (1943), com "Na Costa de África, o mar amigo" (nº254, não rep.), com residência já indicada em Lisboa. Não expõe em 1944 (ainda 3º vogal) e seguintes. Não sei dos catálogos anteriores a 1938 e de 39 a 41...

D.
Em 1938 Firmino Marques da Costa acompanha e fotografa a viagem presidencial de Carmona às colónias (a publicar pouco depois nos álbuns referidos), integrado na Missão Cinegráfica às Colónias, dirigida por António Lopes Ribeiro (inf. Ether 1987 a confirmar). O seu trabalho fotográfico tem uma originalidade única no âmbito da fotografia oficial e de propaganda: uma informalidade imprevista, um dinamismo e agilidade, ou velocidade, incomuns, uma exploração da relação da figura com a multidão e com o espaço envolvente que surpreendem - se escolhermos os highlights de uma extensa produção.

E.
Já de 1939, mas com fotografias realizadas em 1938, em vários casos reconhecíveis, é o pequeno álbum fotográfico Images Portugaises, ed. do SPN certamente no quadro da promoção da Exposição de 1940, ou com uma genérica intenção de promoção turística. Discreto e mais uma vez sem atribuição de autorias, para além da apresentação de António Ferro, o pequeno volume reúne os nomes mais dinâmicos da Objectiva, também Mário e Horácio Novais, e ainda Firmino Marques da Costa, tendo em geral uma sobriedade notoriamente anti-artística, entendida como atenção directa aos temas documentados e ausência de efeitos que se poderiam dizer salonistas. Sóbrio, sem efeitos de montagem, eficaz como documentário e com alguma pretensão literária. A palavra banal e a ideia "essencial" do natural aparecem no texto de António Ferro como tinham sido defendidas nos escritos e imagens dos Drs. António Lacerda Nobre e Álvaro Colaço, os agitadores da Objectiva



http://alexandrepomar.typepad.com/.a/6a00d8341d53d453ef00e553ccdcda8833-pi António Lacerda Nobre, Le blé

 F. Marques da Costa. Carmona e o ministro das Colónias Francisco José Vieira Machado (1936 - 1944; banqueiro antes e depois no BNU)

#

2)
A questão da Arquitectura: qual a intervenção de Vasco Vieira da Costa? Chefe da Secção Técnica, cenógrafo e designer. Ecletismo e naiveté: a melhor Art Déco e outros estilos.

3)
O contexto político-económico: a Exposição e o Plano de Fomento de 1938; o governador geral coronel  António Lopes Mateus (período 1935-39). A revista "Actividade Económica de Angola" dedicada à Exposição-Feira e ao Plano Fomento de Angola aprovado em 1936 (em 1938 por Lisboa). Um volume ausente de todas as bibliotecas?


4)
Angola 1938, a exposição angolana obra de angolanos, entre as exposições coloniais de 1934 e 1940, de Henrique Galvão. Dois mapas antagónicos: "Portugal não é um país pequeno" e Luanda capital do Império

5)
A figura do dr. António Videira, advogado da Oposição e então porta-voz dos colonos. Sessão de homenagem e agradecimento ao governador no encerramento. Ver Boletim Geral das Colónias nº 163, pág 67-68 ("Falou depois em nome dos seus colegas"...)




6)
A 1ª etnografia angolana (Pavilhões de arte indígena). Fernando Mouta, 1934 e Elmano Cunha e Costa, 1938: depois, José Redinha (1936?) e Carlos Estermann. A 2ª Missão Suíça, 1932: "Retour d'Angola", Neuchâtel 2007-11.

7)
Angola 1938, uma exposição nacional fora da lista das exposições coloniais

sábado, 22 de março de 2014

Elmano Cunha e Costa, SPN 1938 (Elmano 1)

A notícia publicada em "Objectiva", nº 15, Agosto, pág. 38

O homem da Missão Etnográfica


fotografou na Exposição-Feira de Angola 1938.

O seu retrato do catálogo da Secção Colonial de 1940:

e serão suas as fotos de Angola aí publicadas

domingo, 5 de janeiro de 2014

O Salão de 1937 e o Comandante Martins

...eis o que o jornal "A Voz" publica a 12-12-1937 a propósito do I Salão Internacional de Arte Fotográfica e V Salão Nacional, que se realizou na SNBA , sendo que o retrato - de um esquimó, tanto quanto julgo saber, apesar do boné, dos óculos e do cachimbo que parece ser fabrico industrial - é da autoria do Cmdt. AJ Martins com a legenda: "Comandante António José Martins, que apresentou curiosas fotografias das Terras Polares, tiradas a bordo do Gil Eanes". De realçar que os fotógrafos " lá de fora" foram em número superior aos nacionais e que 882 trabalhos expostos é notável. 

(comunicação de Miguel Valle de Figueiredo, no facebook, que agradeço)

apontamentos:

É o 2º artigo (1º em data) que conheço sobre o 1º (5º) Salão e comprova a atenção dada pela imprensa aos certames anuais de fotografia do Grémio, mas é pouco mais do que um registo quantitativo e comparativo das representações nacionais. A Espanha não comparece, e o depois habitual belga Léonard Misonne é um dos poucos referidos pelo nome. 

Diz-se que
"... a arte nacional suporta com galhardia o confronto dos mais célebres profissionais e amadores de além-fronteiras, embora dentro dos processos já conhecidos da ampliação em brometo, bromóleo, ampliação em cloro-brometo, etc." (embora?)


É provável que esse 1º Salão Internacional de 1937 (5º Nacional) tenha sido o último a que compareceu o Comandante António José Martins (1882-1948) - no de 1938 não entrou, e não tenho acesso aos de 39 e 40. Nesse ano de 37 ele encabeçava o conselho técnico do Grémio Português de Fotografia e o movimento fotoclubista parece estar então particularmente agitado. 

O nº 7 (15 de Dezembro) da revista Objectiva, em artigo do seu director, Rodrigues da Fonseca, revela que o júri do Salão foi forçado a fazer uma segunda escolha depois de ter aprovado apenas 25% dos envios, e o Dr. Álvaro Colaço, activo fotógrafo e comentador, propõe uma reforma dos júris, com exclusão dos "chamados críticos de arte".
O momento seguinte é de grande tensão com o início da polémica em torno do 'flagrante' (isto é, o instantâneo e o banal quotidiano), bem como com a organização de um "Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" por parte da Objectiva, em Julho de 38 na SNBA, que teve no júri Mário Novais, San-Payo e M. de Jesus Garcia, da redacção. A crítica da rotina elitista e da pouca audiência do Grémio Português de Fotografia - Secção da Sociedade Propaganda de Portugal (Touring Club), não confundir com o Secretariado da Propaganda Nacional de António Ferro (SPP e SPN) - é insistente na revista, que parece protagonizar uma oposição ao mesmo tempo interna ao Regime e ao salonismo conservador, sendo uma posição modernizadora, associada aos novos formatos e às novas casas de material fotográfico (Instanta, em especial). 

O Cmdt - um importante divulgador da Leica - não participa no Concurso da revista nem parece envolver-se publicamente nesses confrontos. Note-se que na revista de Maio de 1938, nº 12, o Pe Moreira das Neves fizera uma autoritária chamada à ordem para mobilizar os fotógrafos com vista à celebração dos Centenários, a qual parece conter as veleidades reformadoras dos principais fotógrafos da Objectiva, os Drs Álvaro Colaço e Lacerda Nobre.

O recorte acima é pouco legível (é preciso desenterrar a literatura sobre os salões...), mas só a ilustração confirma o Cmdt como uma das figuras mais respeitadas do salonismo do tempo (salonismo é só a designação geral para a mais notória forma de visibilidade da fotografia de intenção artistica, e não um estilo fotográfico - ele acolhe ao longo do tempo os diversos estilos que se afirmam na fotografia de exposição). O Cmdt não terá sido objecto de nenhuma exposição consagratória na sede do SPN, mantendo-se certamente distanciado das iniciativas do Regime (a confirmar).

Na "Objectiva" nº 8 (Jan. de 28) a crítica era assinada pelo importante retratista M. Alves de San-Payo, " O I Salão Internacional de Arte Fotográfica visto 'Objectivamente' " , e parece pretender estabelecer uma norma conciliadora no meio salonista, ao referir-se à "exuberante" representação portuguesa:

"Pescador da Nazaré" do Dr. Álvaro Colaço, I Salão Internacional, Objectiva nº 7, pág. 103

"Os trabalhos do Comandante Martins repletos de sentimento e técnica irrepreensível; as paisagens de Ponte de Sousa, verdadeira sensibilidade de artista; os mimosos trabalhos de João Martins cheios de poesia e saudade; as marinhas e estudos de F. Viana, os tipos de Álvaro Colaço, os bromóleos de F. Bonacho, as paisagens de W. Orton, os estudos de Henrique Manuel e os flagrantes de W. Heim não ficam mal ao lado do que de bom se faz no estrangeiro".
No recorte de A Voz de 1937 (assinado por M.S.) aparece também uma reprodução do assíduo Ernesto Zsoldos.
No Salão de 1938, o nº dos portugueses desce para 30, e o de estrangeiros é muito superior, como será habitual, com envios da Austrália, China, Estónia, Hawai, Hungria (13 autores), Índia e Indo-China, Japão e Nova Zelândia, para referir os mais longínquos (a Espanha ausente), graças ao activismo dos foto-clubes e às remessas colectivas. No júri estão Reinaldo dos Santos, presid. da Academia de Belas Artes, o escultor Leopoldo de Almeida, o velho Júlio Worm, fundador em 1907 da Sociedade Portuguesa de Photographia, e dois homens do Grémio.
                              

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

OBJECTIVA, revista (1937-1945)

(1ª edição 07/15/2008 - em revisão)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

António Lacerda Nobre

Apontamentos

A. Sena não indica as datas de nascimento e morte, e tb. ainda não as encontrei.
...diz que "as fotografias de A. Lacerda Nobre são uma excepção na monotonia das imagens que se publicam ou expõem nos sucessivos Salões...", pág. 253, e refere-o na exp. "Uma viagem através de Portugal", org. O Século, 1936, pág.  246. (E apenas nestes dois casos.)

Lacerda Nobre (Dr. A. Lacerda Nobre, como é quase sempre referido) é um dos mais activos fotógrafos nos 12 primeiuros números de Objectiva em 1937-38 (ano I, nºs 1 a 12, 15 de Junho 1937 a Maio de 38)
A produção posterior publicada é muito desinteressante: capa do nº 13 (1 Junho 1938), um retrato de criança; e fotos nas págs. 39 e 114, no nº 14, "Repouso na doca" e no nº 17, "Tarde no Mondego".
No nº 25, de Julho de 1941 (nº 4 da 2ª série) publica a foto de uma escultura de Manuel Mendes: um contraplongé sobre dois patos, de sentido humorístico algo intrigante.

Lacerda Nobre não comparece no I e II Salão Internacional do Grémio P.F.  (1937 e 38), mas foi em 1938 o vencedor destacado do  "I Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico", organizado pela revista Objectiva de uma forma rigidamente "pedagógica", divulgado nos nº 14 e 15, de Julho e Agosto de 1938. Decorreu na SNBA de 16 a 24 de Julho. (Terá sido mais um fracasso para os propósitos renovadores da Objectiva). (não expõe tb a partir de 1941, tal como Alvaro Colaço)

publicado em
Images Portugaises, ed. SPN 1939 (não creditado)
Panorama, 1941 e 1942

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Publicado em IMAGES PORTUGAISES, ed. Secretariado da Propaganda Nacional, s.d. (1939), prefácio de António Ferro. in 4º, 72 p. não num.; 23 x 23 cm. Legendas em francês, "Index" em inglês. Fotógrafos não identificados, com larga presença de Horácio Novais e Mário Novais.

(ver leilão P4 de 1 de Junho e 9 de Novembro de 2006. Fotos postas à venda separadamente. Alguns dos autores são identicados nos dois catálogos.)

l'abondance des récoltes ? / le blé / quietude. ponte de Santarem


Images: "la beauté naive des poteries" - ? 
Panorama nº 4, Setembro 1941, pág. 5

Images: "l'abondance des récoltes" - ?


Images: "le blé"

 Images: "quietude. ponte de Santarem"

EM OBJECTIVA



"Escolha da sardinha" - fotografia do Ex. Sr. Dr A. Lacerda Nobre feita com "Superb Voigtlander", objectiva "Skapar" diafragmada a 5,6 - 1:100 de segundo, película "Verichrome" (filtro---" , 1935 (nº 1, capa - ou pág. 3?)

"Gradando", de A. Lacerda Nobre, nº 1, 15 de Junho de 1937, pág 13




Fotografias do Dr. Lacerda Nobre, nº5, pág. 76 e  77
Nudez, dr. A Lacerda Nobre, nº 12, Maio 1938, pág.190

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Panorama nº 4, Setembro 1941, "Feiras e Mercados", pág. 5-7. Artigo assinado por "PANORAMA" onde se propõe a realização em Lisboa da "Grande Feira do Outono", acompanhado por 14 fotos não creditadas em geral de peq. formato. No sumário indica-se a presença de fotografias de, entre outros, Dr Lacerda Nobre. Inclui a foto acima de "Images Portugaises" "la beauté naive des poteries" 

Panorama nº 7, 1942, Os telhados de Lisboa, por António Lopes Ribeiro, pág 25-27, fotos de Horácio Novais, Lacerda Nobre e Manfredo não identificadas.

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1936: exp. "Uma viagem através de Portugal", org. O Século
1938: I Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico", org. Objectiva. SNBA de 16 a 24 de Julho (ver nº 14, de Julho de 38). 

seis fotografias nos 12 nºs iniciais de Objectiva (ano I, nºs 1 a 12, 15 de Junho 1937 a Maio de 38)(publica capas dos nºs 1 e 3, mais pp. 1, 13, 29, 76. 77 e 190) ?

capa do nº 13 (1 Junho 1938), um retrato de criança; 
fotos nas págs. 39 e 114, no nº 14:  "Repouso na doca" 
e no nº 17 "Tarde no Mondego".

No nº 25, de Julho de 1941 (nº 4 da 2ª série) escultura de Manuel Mendes: um contraplongé sobre dois patos, de sentido humorístico algo intrigante.



sábado, 7 de dezembro de 2013

O neo-realismo na fotografia portuguesa, 1945 – 1963