(1ª edição 07/15/2008 - em revisão)
"Gigas" (Costa de Caparica), Dr. Álvaro Colaço, nº 7, Dezembro 1937
"Gradando", de A. Lacerda Nobre, nº 1, 15 de Junho de 1937, pág 13
A primeira revista portuguesa
moderna de fotografia (de técnica e arte fotográfica, e, mais
alargadamente, de fotografia e cinema de amadores) terá sido a Objectiva, que começou a publicar-se em 1937 e existiu, com alguma irregularidade, até 1945.
Moderna, pelo menos no seu projecto e ao longo do primeiro ano de
publicação (37-38), porque respondia a uma evolução significativa das práticas
sociais fotográficas, em especial com a vulgarização das câmaras de 35
milímetros (Leica, Contax, etc) e a multiplicação dos estabelecimentos
de artigos fotográficos acessíveis a camadas mais largas, ampliando e
transformando uma anterior noção elitista de "amador"; moderna também,
porque aí se defenderam novas orientações da arte fotográfica, assentes
na ideia da "fotografia pura" e no culto do instantâneo (o flagrante),
contra os anteriores "processos artísticos" – fazendo também uma
inflexão em matéria de "assuntos", com mais atenção à "vida" e à
"natureza", e em especial às imagens quotidianas do trabalho popular.
Penetrando as fronteiras do banal, como logo apontaram alguns
articulistas vigilantes quanto às altas intenções da Arte.
De facto, "os trechos da vida do povo nos campos, mulheres na labuta, na eira, na ceifa..." já entravam na "sábia escolha do assumpto" de uma Maria da Conceição Lemos de Magalhães elogiada em 1910 na Illustração Portugueza.
Não é fácil, por vezes distinguir o naturalismo, de gosto sentimental e
pitoresco, mais do que pictoral, de alguns populismos e realismos mais
ou menos poéticos posteriores.
"Escolha da sardinha", de A. Lacerda Nobre, 1935 (nº 1, pág. 3)
A
inauguração da Instanta, "moderna casa de artigos fotográficos",
"especialistas do pequeno formato", ocorreu em Agosto de 1937, mas desde
o 1º número (15 de Junho) que ocupava com publicidade a pág. 2 da
revista (o que continuou até ao fim desse ano). Um dos seus fundadores, Luís Serra Henriques, é também colaborador da Objectiva,
publicando uma fotografia na capa do nº 4, de Setembro. Mais do que
coincidência, a ligação entre os laboratórios e agentes comerciais da
fotografia e a arte fotográfica dos amadores (e de vários profissionais), ao tempo da entrada em pleno do "pequeno formato" (o "24 x 36 mm",
que é tema de artigo no 1º nº) será talvez uma razão para a mudança.
Revista técnica, maioritariamente preenchida por artigos sobre
aparelhos, materiais e processos fotográficos, em grande parte dirigidos
a principiantes, ela pretende ultrapassar o ensimesmamento associativo
dos foto-clubes para procurar um público mais vasto.
Para além do
que se reflecte nalguns textos editoriais críticos do estado de
coisas da época, vão ser as iniciativas tomadas pela revista que definem, ou
pretendem definir, novas atitudes: a criação de um "Laboratório Fotográfico de Estudo e Prática", a funcionar na respectiva sede, e o projecto de um Estúdio Português de Cinema de Amador (Nov. 1937); o lançamento de um "1º Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" (Dez.), logo no rescaldo do I Salão Internacional (V Nacional) de Arte Fotográfica do Grémio Português de Fotografia.
No
segundo ano da revista, em 1938, com a aproximação das comemorações dos
Centenários, as orientações menos conservadoras iriam ser sujeitas ao
reforço do controle ideológico do regime. O artigo do Padre Moreira das Neves no nº 12, de 1 de Maio de 1938, "A Contribuição da Arte Fotográfica nas celebrações do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal"
, pág. 188, é já uma expressão evidente dessa involução. E a seguir, ao
longo dos anos 50, o inspector Rosa Casaco ocupará demasiado espaço
nos círculos salonistas, mas sem que estes se identifiquem liminarmente
com a tutela salazarista.
Manuel Alves de San-Payo - um dos mais
assíduos colaboradores da revista (crítico de exposições e de cinema)
-, Silva Nogueira, João Martins e o P. Moreira das Neves são os
articulistas do 1º ano de publicação que conservam hoje alguma
notoriedade.
Mas são de facto o Dr. Álvaro Colaço* e o director de Objectiva, Artur Rodrigues da Fonseca,
os nomes preponderantes e que se identificam com as ideias de
renovação. O segundo é também fotógrafo, embora o autor mais
interessante seja sem dúvida o Dr António Lacerda Nobre, responsável pela primeira capa e por mais seis fotografias publicadas nos 12 nºs iniciais.
(A. Sena diz que "as
fotografias de A. Lacerda Nobre são uma excepção na monotonia das
imagens que se publicam ou expõem nos sucessivos Salões...", pág. 253**,
e chama à Objectiva uma
"importante e influente revista", mas ao mesmo tempo refere-a como
"ligada ao Regime instituído" e "privilegiando a fotografia anedótica
tão característica dos Salões". E passa de imediato a transcrever o artigo
de Moreira das Neves. Convirá fazer uma leitura mais lenta e atenta
destacando um período de polémicas em 1937/38.).
* Álvaro Colaço é citado por A. Sena nas pp 234 e 238, enquanto expositor na SNBA em 1931 e fundador do Grémio no mesmo ano.
** António Lacerda Nobre é tb referido na exp. "Uma viagem através de Portugal", org. O Século, 1936 (pág. 246). E apenas nestes dois casos. (Ver os salões do Grémio desde 1932, no blog)
Nº 1, pág. 4 e 5
fotógrafos:
Dr. Álvaro Colaço, Artur Rodrigues da Fonseca, Luís Serra Henriques, João Martins, A. Lacerda Nobre, Silva Nogueira, (Manuel Alves de) San-Payo
Maria da Conceição Lemos de Magalhães (1910)
Nº 1
"Revista
Técnica de Propaganda e Divulgação da Arte Fotográfica e
Cinematográfica de Amador", proprietário e editor António de Oliveira
Paes, director A. Rodrigues da Fonseca,
quinzenal (1 e 15 de cada mês),
2$50.
07/18/2008
II
Quando se começou a publicar a revista Objectiva, em 1937, o mundo das associações fotográficas amadoras restringia-se ao Grémio Português de Fotografia (GPF)
- que parece ter-se constituido informalmente em 1931 (A.S.) como
secção da Sociedade de Propaganda de Portugal e que organizava desde
1932 salões na sua sede - e ao pequeno Cartaxo Photo Club,
animado desde 1934 pelo dr. António de Mesquita e que nesse ano fazia a
sua 3ª Exp. Nacional de Fotografia. A revista apresenta as duas
entidades como suas colaboradoras, seguindo-se-lhes uma pequena lista de
nomes individuais que são em geral os respectivos animadores.
É, em 37, um universo rarefeito que deve decorrer em parte das
restrições políticas às dinâmicas associativas e também de um pouco
conhecido processo de oficialização corporativa, sob a égide da
"política do espírito", de anteriores iniciativas da "sociedade civil".
Só muito mais tarde aparecem novas associações: o Grupo Câmara em 1949, em Coimbra; o Foto Clube 6 x 6 em 50, Lisboa; a Associação Fotográfica do Porto em 51.
Fotografias do Dr. Lacerda Nobre, nº5, pág. 76 e 77
#
Não deve confundir-se a Sociedade (de) Propaganda de Portugal (SPP) com o Secretariado Nacional da Propaganda (o SPN, criado em Set. de 1933 e antecessor do SNI, de Fev. de 1944, por extenso o Secretariado Nacional de Informação e Cultura Popular, logo a seguir Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo).
Mesmo se o regime foi oficializando e absorvendo os serviços daquela e
integrando ou fazendo coincidir os seus quadros dirigentes. Nuns casos
por via da efectiva identificação de grande parte das "elites" com o
regime e noutros, com especial eficácia, por via do Código
Administrativo de 1936 e da integração do sector do turismo no SPN.
A SPP foi criada em 1906 e começa por ser uma "emanação" apolítica das elites do país, visando «promover,
pela sua acção própria, pela intervenção junto dos poderes públicos e
administrações locais, pela colaboração com este e com todas as forças
vivas da nação, e pelas relações internacionais que possa estabelecer, o
desenvolvimento intelectual, moral e material do país e,
principalmente, esforçar-se por que ele seja visitado e amado por
nacionais e estrangeiros».
Ou "colocar o país no mapa do turismo do mundo e criar os meios de defender e propagandear o bom nome de Portugal, lá fora" (segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
- cuja entrada parece ser a mais importante, ou quase única, informação
sobre a SPP, que não figura no Diccionário de História do Estado Novo,
ou na actualização do de História de Portugal).
Em 1906, Leonildo de Mendonça e Costa (tb fundador e director da Gazeta dos Caminhos de Ferro)
terá reunido cem sócios fundadores, de que se podem destacar Magalhães
Lima (1850-1928), grão mestre da Maçonaria em 1907, e o 1º Conde de
Penha Garcia (1872-1940), ministro da monarquia e com longa carreira
posterior, animador do Grémio Português de Fotografia (presidente em
1938, se não se tratar já do 2º Conde). Em 1925 os sócios seriam 16 mil
mais os residentes fora do pais - a Enciclopédia fala de um grande
movimento nacional e de 75 mil sócios, pouco depois (exagero?).
Em 1907 surgiu o 1º Cartaz Turístico promovido pela SPP: “Portugal the Shortest Way between América and Europe”; em 1911 promove o I Congresso Internacional do Turismo. Mas por aí passam tb as 1ªs Casas de Portugal em Paris e no Rio; a instituição da cadeira de estudos portugueses na U. de Rennes em 1921 (Encic.); a formação de comissões de turismo em cidades e vilas, só muito depois oficializadas; uma comissão de hotéis e a regulamentação da respectiva indústria; a secção Amigos de Lisboa, que depois se emancipou; o Clube Os 100 à Hora (desde 1934 associa-se à SPP o nome Touring Club Português). A iniciativa dos desportos de inverno na Estrela, uma pousada em Gouveia; o incentivo do xadrez, a promoção da fotografia e do cinema; o patrocínio da agência Lusitânia, fundada em 1944 sob a sua égide (Enc.); a secção Grupo de Estudo e Propaganda do Ultramar (GEPU), uma excursão cinegética a Angola em 51, etc.
Postal ilustrado por Raúl Lino (1879-1974), devotado elemento da Sociedade Propaganda de Portugal,
in PORTUGAL - O Turismo no Século XX, Paulo Pina
( http://oeiraslocal.blogspot.com/2008/04/portugal-o-turismo-no-sculo-xx.html )
Magalhães Lima foi o 1º pres. da Assembleia Geral; o lugar era de Marcelo Caetano em 1954. Luís Lupi era director-secretário desde 1930 e director secretário geral em 1954. (Encic.)
Se a colaboração estreita da SPP com os governos foi uma regra desde a monarquia à República e depois desta, é notório que muitas das iniciativas e organizações da sociedade civil vêm a ser controladas, amordaçadas e "nacionalizadas" pelo regime - numa dinâmica que nunca mais deixou de marcar o país e com paralelismos estatizantes à "esquerda" muito significativos. Talvez por isso a informação sobre a SPP é tão escassa.
Veja-se como excepção: http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-167.htm
"OS GUIAS DE TURISMO E A EMERGÊNCIA DO TURISMO CONTEMPORÂNEO EM PORTUGAL (DOS FINAIS DE SÉCULO XIX ÀS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX)", de
Ana Cardoso de Matos e Maria Luísa F.N. dos Santos, do Departamento de História da Universidade de Évora.
A. Sena refere na pág. 199 que a Sociedade Portuguesa de Photographia "aderente do projecto turístico e publicista da SPP" é fundada em 1907, por iniciativa dos editores do BOLETIM PHOTOGRAPHICO, Arnaldo Fonseca e Júlio Worm. Aponta-lhe as datas 1907-1914.
Mesmo depois de fundada a SPP, passam outras iniciativas pela Sociedade de Geografia e pela ILLUSTRAÇÃO PORTUGUEZA.
A revista ARTE PHOTOGRAPHICA é de 1915
#
Em 1937, o Grémio Português de Fotografia, secção da SPP,
tinha apenas cem sócios (pagavam 50$ anuais os de Lisboa e 30$ os da
província, o que seria um preço elevado). Era um número muito baixo de
sócios, como a revista Objectiva sublinha com insistência, interrogando-se sobre a possível "inacção" (nº
4) do Grémio e apelando para a mobilização em torno dele no momento em
que se anuncia para Dezembro a internacionalização do seu V salão, que
será o I Internacional.
Publicada em Julho de 37, no nº 2, uma entrevista com o vice-presidente do Grémio, o médico (João) Munhoz Braga,
é significativa de uma posição muito crítica sobre "a prática, em
geral, da fotografia no País". Falta "o culto pelo colectivismo",
faltam mais associações, faltam sócios; "o nº de praticantes
multiplica-se mas falta-lhe dar mais vida".
No nº 4, Setembro, o editorial do director Rodrigues da Fonseca compara "Fotografia nacional e fotografia estrangeira": "(...)
há tb muitos bons artistas. O que falta será, talvez, o arrojo, digamos
assim, e a diversidade de assuntos que o estrangeiro explora nas suas
produções fotográficas, facilitadas grandemente pelo baixo preço por que
adquirem os aparelhos (...)"
A seguir (nº 5, de Outubro) surge em "Arte e Artistas" uma inédita linha de discussão sobre o que seria em termos vagos uma "tão contrariada" "nova concepção fotográfica", que tem por fulcro a necessidade de estudar e a escolha dos assuntos: "As paisagens e os monumentos foram fotografados de todas as maneiras e feitios e tudo quanto rapidamente se tornava agradável à vista não escapou à objectiva".
"Hoje tomou-se um novo rumo: reproduzir, com beleza, aquilo que à primeira vista pouca ou nenhuma nos apresenta". (p. 67).
Pelo banal contra o pitoresco, portanto; em especial, como se observa pelas fotos publicadas, pela observação do quotidiano popular - mais ou menos embelezado: virá depois a grande polémica sobre o "flagrante".
Nº 7, "Gigas (Costa da Caparica)", de Álvaro Colaço
No nº 6, de 15 de Novembro, ao mesmo tempo que
se anuncia muito discretamente o júri eleito do I Salão Internacional de
Dezembro, surge o anúncio das iniciativas do Estúdio Português de Cinema de Amadores e do Laboratório Fotográfico de Estudo e Prática,
com que a revista tenta lançar uma outra dinâmica entre os amadores.
Desenha-se então uma combatividade, um cunho polémico reconhecível em
vários artigos que vai durar muito poucos meses - e a revista torna-se
em 38 o orgão de um salonismo pacificado e medíocre.
Afirma-se então no artigo de abertura que anuncia as iniciativas da revista:
"todos apontam o atraso da nossa fotografia e cinematografia de
amadores, desdenhando-a em tudo, mas ninguém tenta dar-lhe remédio. Não
há dúvida de que existe um grande atraso em relação aquilo que se faz
no estrangeiro, mas não há dúvida tb que existem muitos amadores de
grande valor (...) o suficiente para se ter já dado o incremento à arte do claro-escuro, animada e inanimada".
"Para
o desenvolvimento e aperfeiçoamento da arte fotográfica de amadores
torna-se necessária a montagem de um Laboratório (...) para que os seus
assinantes possam ali aperfeiçoar-se tendo sempre ao dispor os materiais
e ensinamentos para os estudos e ensaios de tudo quanto se prender com a
fotografia".
No mesmo nº (onde se continua a dar largo espaço a um artigo sobre a técnica do bromóleo), o Dr. Munhoz Braga - que no fim do ano irá passar de vice-presidente a último membro de um conselho técnico do GPF encabeçado pelo velho Comandante António José Martins - faz uma preocupada análise d' "O movimento fotográfico em Portugal":
a crítica aí formulada parece ultrapassar o âmbito da especialidade e
adquirir uma tonalidade política (interna ao regime...) nesses anos de grande dureza
repressiva:
"Mas é triste dizê-lo,
no nosso país, todas as associações, quer profissionais quer com qq
outra finalidade, vivem precariamente por falta de associados e pela
insuficiente vida associativa. A culpa é somente do meio e da falta de compreensão na utilidade e fins das associações de qq género.
E assim existe um círculo vicioso, pois as sessões não têm interesse
por falta de sócios, e estes não têm interesse por insuficiência das
sessões".
O artigo começara por referir que "em toda a parte
os progressos da fotografia são apresentados, discutidos, experimentados
e observados nas reuniões das sociedade e dos clubes... Como é natural,
na vida moderna civilizada tudo tem de possuir uma organização, uma
ordem e uma direcção. À frente, portanto, do momento fotográfico
encontram-se as sociedade de fotografia que, em certos países, se contam
às dezenas." (em França perto de 150, das quais 20 só em Paris). Em
Portugal... "estamos muito atrasados em relação a outros povos."
"Pescador da Nazaré" do Dr. Álvaro Colaço, I Salão Internacional, pág. 103
No nº seguinte, o 7
de 15 de Dezembro, virá a saber-se por um artigo do director dedicado
ao I Salão Internacional que o júri fora forçado a fazer uma segunda
escolha, depois de ter aprovado apenas 25 % dos envios, o que "levantou
celeuma" e "tanto barulho produziu". Na 3ª pág. (pp. 99 e até 101), o Dr. Álvaro Colaço, que assume grande protagonismo nesse período, muito breve, publica o artigo "Exposições d'Arte Fotográfica - Como se devem organizar os Júris".
Exclui "os pseudo-artistas que são os chamados críticos de arte" e
propõe uma fórmula temporária com três fotógrafos (dos quais um
profissional) e três pintores, reunindo estes só numa 2ª fase já sobre a
escolha dos primeiros.
Nudez, dr. A Lacerda Nobre, nº 12, Maio 1938, pág.190
(publica capas dos nºs 1 e 3, mais pp. 1, 13, 29, 76. 77 e 190)
Dr. Álvaro Colaço: capa nº 7 e pp 103 e 120 - "Anita desgrenhada", I Salão
Na sua crítica do 1º Salão, San-Payo refere entre os destaques que faz "os tipos de Álvaro Colaço". A. Lacerda Nobre não é referido e não terá concorrido. Vai ser este o grande premiado do I Concurso levado a cabo pela "Objectiva" na SNBA em Julho de 1938.
A revista publica no nº 14 "Repouso na doca" e no nº 17 "Tarde no Mondego" que não se destinguem especialm. do salonismo dominante. Faz tb uma desinteressante capa para o nº 13 de Junho 38 (retrato de criança)
OBJECTIVA, 1937-38 III
Polémica em torno do "flagrante": Álvaro Colaço, Silva Nogueira, San-Payo e João Martins
No nº 8 da revista "Objectiva", de Janeiro de 1938, intitula-se "O I Salão Internacional de Arte Fotográfica visto 'Objectivamente'" uma crítica de M. Alves de San-Payo, pp. 121-122, que quer estabelece a norma conciliadora no meio salonista, ao referir-se à "exuberante" representação portuguesa:
Anita desgrenhada, de Álvaro Colaço, fotografia exposta no 1º Salão
No nº 8 da revista "Objectiva", de Janeiro de 1938, intitula-se "O I Salão Internacional de Arte Fotográfica visto 'Objectivamente'" uma crítica de M. Alves de San-Payo, pp. 121-122, que quer estabelece a norma conciliadora no meio salonista, ao referir-se à "exuberante" representação portuguesa:
"Os
trabalhos do Comandante Martins repletos de sentimento e técnica
irrepreensível; as paisagens de Ponte de Sousa, verdadeira
sensibilidade de artista; os mimosos trabalhos de João Martins cheios
de poesia e saudade; as marinhas e estudos de F. Viana, os tipos de
Álvaro Colaço, os bromóleos de F. Bonacho, as paisagens de W. Orton, os
estudos de Henrique Manuel e os flagrantes de W. Heim não ficam mal ao
lado do que de bom se faz no estrangeiro".
Anita desgrenhada, de Álvaro Colaço, fotografia exposta no 1º Salão
Entretanto,
o artigo de abertura é da autoria do Dr. Álvaro Colaço, pp. 119-120,
ilustrado com uma foto do pp, embora o título seja "I Salão Internacional de Fotografia - Os Fotógrafos Húngaros".
É
aí que se vai desencadear uma importante polémica sobre o "flagrante", a
objectividade, e em geral a fotografia pura. É, em grande medida, a
defesa da straight photography contra a sobrevivência do picturialismo -
e o debate, mais ideológico que prático, não é excessivamente retardado
(o Grupo f/64 manifestara-se em 1932). É tb a defesa de uma observação
do mundo que tenta seguir regras modernistas de uma "Nova Visão"
pacificada e que parece reflectir de forma vaga alguma informação sobre
os projectos documentais que marcam a década.
O tom começa por ser muito crítico da "inestética arrumação
dos trabalhos expostos" e da classificação por países, e fala em
"fracasso" do Salão. Depois, o destaque dos húngaros, em especial do
"chefe de fila" Erno Vadas (1899-1962), serve a defesa da "fotografia
pura" e do olhar modernista contra os "processos chamados artísticos".
É uma apologia da arte "que regista em flagrante um instante da Vida, o tal e qual,
as cenas e atitudes dos seres que mostram aos nossos olhos os momentos
que eles já viram, que nós mesmo já vivemos, e cuja repetição faz parte
integrante da nossa existência." Defesa "da arte concreta, fiel à natureza, da arte do vivo e sobre o vivo, da arte por assim dizer objectiva",
diferente da "outra faceta da arte que é abstracta, filosófica,
subjectiva" (noutro passo, é "concepcional, imaginativa, quase irreal").
Trata-se de cultivar "o flagrante, pondo de parte a estulta pretensão de fazer arte como a Pintura". Das cópias dos húngaros diz que têm "uma transparência cristalina, encantadora, sem a mácula do retoque, dos truques, dos pincéis, das tintas, etc. (...) É fotografia pura, simples e grande, ... "
E termina: "Os prosélitos dos processos chamados artísticos devem pôr de parte a pretensão de querer tirar à prova o aspecto fotográfico,
convencidos de que a melhoram, quando em verdade eles não conseguem dar
a extensa escala de valores e a frescura das meias tintas com a mesma
harmonia e limpidez das cópias da escola húngara."
#
Quem
responde de imediato a Álvaro Colaço é o profissional retratista Silva
Nogueira, logo no nº 9, de 1 de Fevereiro, enquanto a abertura da
revista é dedicada ao "I Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico"
então em organização, para o qual se estabelece o formato obrigatório de
18 x 24 ou 20 x 20cm, com a apresentação junta da cópia directa do
negativo.
O artigo "Arte Fotográfica - O Flagrante" de Silva Nogueira, p. 136-38, aparece ao lado do retrato de Tomaz Alcaide, exposto no I Salão, precedido por um distanciador "A pedido, publicamos, textualmente:"
Na sequência daquele Salão e de algumas presenças vindas do exterior, diz, "Defende-se
e exalta-se a nitidez nua e crua, o brilho ofuscante das provas, a arte
brutalmente objectiva, a facilidade, o género cá estou eu." Ele coloca-se contra "a admiração pelo fácil, pelo flagrante".
Aliás, os elogiados trabalhos dos húngaros seriam apenas publicidade
para magazines e não deveriam entrar numa "Exposição de Arte".
Para Silva Nogueira, "O
flagrante tão admirado e defendido como arte e
técnica por um distinto amador, em detrimento dos autênticos processos
artísticos, não tem razão de ser. O flagrante é o mais fácil dos
procedimentos fotográficos. O flagrante é o cliché dos que principiam, o
cliché dos que não sabem compor, dos que não sabem procurar..."
É certo que alguns "clichés em flagrante deram obra de arte", mas o que importa é a "procura do flagrante pelo processo do estudo, do saber, da composição, da naturalidade, do bom gosto, do momento preparado."
Prefere "os formidáveis retratos dos fotografos alemães": "Ali,
sim; há arte verdadeira, há estudo do carácter de cada fotografado, há
composição, há luz adequada, há trabalho, há dedo, há faísca!"
#
O dr. Álvaro Colaço volta à carga na edição seguinte, em "Os Fotógrafos Belgas",
outra vez um artigo de abertura do nº 10, 1 Março de 1938, pp.151-3, e
segundo diz escrito "a convite de 'Objectiva'". A propósito de Léonard
Misonne, o velho picturialista tb exposto no I Salão.
"Quel vent!"
Trata-se
de precisar ou matizar a sua posição anterior, enquanto admirador de
duas tendências diferentes: "focar a paisagem, tirando-lhe as
imperfeições do real para que ela nos dê quietação e encantamento
espiritual (no caso de Misonne), ou surpreender os aspectos da vida
humana relacionada com a Natureza e aos quais procuram dar a maior
realidade" (os húngaros). "Tranquilidade e impressionante
sentimentalismo" vs "movimento e espontaneidade".
"O flagrante fotográfico não é uma arte, nem uma técnica, mas simplesmente o estado dum assunto em pleno dinamismo, colhido pela rapidez de observação do operador. Fazer o flagrante com arte,
isto é, observar e compor rapidamente, tornando os assuntos belos, é
dom dos inteligentes, dos brilhantes como Vadas, Keighley, Mortimer (...), e não dos "tardios" cujo raciocínio lento é incapaz de executar depressa e bem."
Segundo
diz, "É no flagrante que Misonne mostra o auge do seu talento", no caso
dos "dois flagrantes de estados cósmicos, obras primas de movimento e
composição, onde a verdade visual é focada magistralmente (...)", que a
revista publica. Para apoiar a improvável tese, cita uma declaração do
próprio, mestre do processo de óleo, em Fev. de 1938 a uma revista
inglesa: "I am going back to pure photography".
No mesmo nº 10, "O que é o 'Flagrante'", de San-Payo, que é tb autor da respectiva capa:
"Na capa: fotografia de mestre San-Payo" (!!)
"Ir para o campo, para as montanhas ou para o mar e
surpreender o efeito momentâneo de luz que ilumina um plano
interessante, a linha do horizonte, grupos de casas e de árvores, o
rebanho que passa (...) e saber enquadrar rapidamente qualquer destes
assuntos, é realizar o flagrante artístico fotográfico. E na
vida quotidiana das cidades, das aldeias ou dos campos, quantos motivos
de arte que o flagrante conseguirá!"
Começa por dizer que "O fragrante é, no nosso entender,
o princípio básico e a anima mater de todas as artes". Apoia
Álvaro Colaço, "espírito moderno e desempoeirado", mas sustenta uma
variante moderada e conciliadora, segundo a qual a verdadeira obra de
arte conjuga a objectividade e o subjectivismo.
Defende "a verdadeira Fotografia de Arte que só o flagrante pode produzir", o "flagrante que só os eleitos
sabem descobrir, sentir e realizar".
É a "verdade" do instantâneo, ou do momento (decisivo?): "E
o que é a Vida senão um momento ou série de momentos que se sucedem e
passam? Surpreendê-la no mais interessante desses momentos, no seu auge
psicológico, na pujança da sua forma e plenitude de deleza, eis o que
constitui para nós o flagrante que só os eleitos
sabem descobrir, sentir e realizar"
"Saibam surpreender a Natureza em flagrante com boa visão, ponham a sensibilidade educada e culta em acção e disparem."
E conclui:
"Ao
flagrante, ao flagrante, amadores, artistas e profissionais
competentes! O flagrante deve ser a suprema aspiração de todos os que se
dedicam à arte do claro-escuro."
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Por fim, no nº 11, em "Algumas reflexões sobre a Arte Fotográfica," João Mendes dá as suas receitas, pp. 168-9:
"Para dar personalidade e arte ao seu assunto, o fotógrafo só pode contar com aquela paciência e visão artística com que nasceu."
É preciso "eliminar tudo o que seja banal" (sabendo que "a pintura é uma arte superior")
"É a luz, uma luz sabiamente escolhida, mercê, às vezes, duma paciência evangélica, que origina a Arte Fotográfica."
Mas a "luz verdadeira", jamais "a luz que um hábil retoque tenta imitar para fins artísticos. Parto do princípio que a fotografia para ser fotografia tem de ser verdadeira e reproduzir com fidelidade a verdade das coisas".
#
No nº 12, de Maio, último nº do 1º vol., assinala-se a abrir "Um ano de trabalho", e defende-se "Objectiva" como "campo de instrução e não de batalhas": "quando nos vimos obrigados a fazer chocar ideias e teorias, procurámos faze-lo sempre com elevação e critério construtivo". Nas fotos reproduzidas parece visar-se a conciliação: com Lacerda Nobre ("Nudez") e Silva Nogueira.
Mas o Padre Moreira das Neves vem encerrar um tempo de alguma renovação, com o artigo:
"A Contribuição da Arte Fotográfica nas celebrações do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal", pág. 188
"Sabe-se
que a Fotografia é um dos meios mais eficientes de propaganda, de
vulgarização de factos, em todos os campos (...). Não faltam assuntos a
explorar carinhosamente. (...) Ermidas, cruzeiros, padrões, lápides,
castelos, campos de batalha, bandeiras esfarrapadas, paisagens
evocativas, areias que ainda agora nos falam da largada das caravelas,
tudo são motivos oferecidos à objectiva."
OBJECTIVA, 1938/39...1941 (IV)
No 2º ano de “Objectiva”, João Martins volta aos temas do
instantâneo e da composição: “Ainda sobre os flagrantes” (nº 13, 1 Junho
1938) e “Do valor do flagrante” (nº 14), em textos sem importância.
“Flagrante é a fotografia inesperada, que, surgida num momento de absoluta sorte, consegue proporcionar ao fotógrafo um assunto interessante ou artístico”. É a fotografia com que “se não contava”, um “momento culminante”.
“Quando se realiza com inteiro conhecimento uma composição fotográfica, jamais poderemos dizer que ela foi um flagrante”.
Ou, mais adiante, “raramente, os verdadeiros flagrantes foram apresentados com aquela misteriosa beleza e encanto harmonioso que uma obra de arte produz em nós”. João Martins
Nos nºs 14 e 15, de Julho e Agosto, dá-se notícia do "I Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" e é tb San-Payo (membro do júri com Mário Novais e M. de Jesus Garcia, da redacção) que assegura a respectiva crítica, ironizando sobre o “nome quilométrico e um tanto ou quanto metafísico”. Com 39 concorrentes, foi claramente um fracasso.
São intrigantes os comentários de San-Payo com sentido político:
“Noutros países, onde se não faz tanto alarde da política do espírito, estes salões anuais são concorridíssimos” (…) aqui a imprensa é “fria, insensível e indiferente”. “Se as entidades que nos superintendem tivessem um bocadinho mais de cultura artística ou por ela se interessassem…”
Estabelece noutro ponto os seus critérios de apreciação: os trabalhos têm ou devem ter “ideia, técnica, vigor, coomposição e sentimento”.
No nº 16, de Setembro, A Rodrigues da Fonseca, director, passa a ser tb editor e proprietário. A campanha em torno da Exposição Fotográfica Luso-brasileira para 1940 regressa no nº 16, e no 17 publica-se “1940”, retomando as propostas nacionalistas e propagandísticas do P. Moreira das Neves (ver A. Sena, História). É impossível não associar a decadência da revista ao contexto mobilizador dos centenários…
A 18, Nov., publica-se “O Homem do Harmónio” de Mário Novais e “Tarde no Mondego” de A. Lacerda Nobre, num quadro de evidente involução que atinge um ponto mais baixo com “Sorriso jocoso”, capa de João Martins, em Dez. “Dia de Mercado” de Mário Novais.
Em Jan. de 1939, nº 20, San-Payo faz a crítica do II Salão - A representação francesa no II Salão Internacional justifica outra declaração política: “Parece-nos que as frentes populares entravam um pouco os surtos da arte. E nós que tínhamos certa simpatia pelas tais frentes!” “Pois por causa disso já mudámos de casaca”.
E suspende-se a publicação com o nº 21, de Fev., por dois anos.
Em Abril de 1941 publica-se o nº 22 a abrir uma II Série (nº 1), com o mesmo director mas em sede provisória na Rua Carvalho Araújo, 153 – 2º.
Refere-se uma “ausência forçada” e, reduzindo muito as anteriores ambições (o laboratório foi desmontado), promete-se assistência técnica aos leitores e organização de certames. Numa nota assinada por San-Payo aparece referência a uma revista “concorrente, imponente e magestosa (que) triunfou, como sol em dia de inverno”.
Ter-se-á chamado “FOTO” e pertenceu à mm administração.
Sam-Payo assina uma breve nota crítica ao IV Salão Internacional – transcrita do “Novidades”. E ainda se refere uma Exp. Fotográfica da Província do Ribatejo, org. da CM Vila Franca de Xira, que virá a ter mais eco.
Nº 23 / 2 de Maio 1941 – regressa o Dr. Álvaro Colaço com outro tema fracturante: “O amador fotográfico”, pp. 255-56: outra vez a fotografia pura.
O amador é aqule que possui conhecimentos das ciências aplicadas à fotografia… e que “pretende fazer arte com a fot.”, sendo que a sua “acção é desinteressada”. Mas “quando um reporter dá ambiente de arte ao seu flagrante faz (tb) obra de Arte Fotográfica.”
Volta a criticar aqueles que pretendem superar as deficiências dos negativos com o recurso aos "processos artísticos". "Não são os processos que dão arte à fot., mas a disciplina (?) e o gosto do operador."
“Flagrante é a fotografia inesperada, que, surgida num momento de absoluta sorte, consegue proporcionar ao fotógrafo um assunto interessante ou artístico”. É a fotografia com que “se não contava”, um “momento culminante”.
“Quando se realiza com inteiro conhecimento uma composição fotográfica, jamais poderemos dizer que ela foi um flagrante”.
Ou, mais adiante, “raramente, os verdadeiros flagrantes foram apresentados com aquela misteriosa beleza e encanto harmonioso que uma obra de arte produz em nós”. João Martins
Nos nºs 14 e 15, de Julho e Agosto, dá-se notícia do "I Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" e é tb San-Payo (membro do júri com Mário Novais e M. de Jesus Garcia, da redacção) que assegura a respectiva crítica, ironizando sobre o “nome quilométrico e um tanto ou quanto metafísico”. Com 39 concorrentes, foi claramente um fracasso.
São intrigantes os comentários de San-Payo com sentido político:
“Noutros países, onde se não faz tanto alarde da política do espírito, estes salões anuais são concorridíssimos” (…) aqui a imprensa é “fria, insensível e indiferente”. “Se as entidades que nos superintendem tivessem um bocadinho mais de cultura artística ou por ela se interessassem…”
Estabelece noutro ponto os seus critérios de apreciação: os trabalhos têm ou devem ter “ideia, técnica, vigor, coomposição e sentimento”.
No nº 16, de Setembro, A Rodrigues da Fonseca, director, passa a ser tb editor e proprietário. A campanha em torno da Exposição Fotográfica Luso-brasileira para 1940 regressa no nº 16, e no 17 publica-se “1940”, retomando as propostas nacionalistas e propagandísticas do P. Moreira das Neves (ver A. Sena, História). É impossível não associar a decadência da revista ao contexto mobilizador dos centenários…
A 18, Nov., publica-se “O Homem do Harmónio” de Mário Novais e “Tarde no Mondego” de A. Lacerda Nobre, num quadro de evidente involução que atinge um ponto mais baixo com “Sorriso jocoso”, capa de João Martins, em Dez. “Dia de Mercado” de Mário Novais.
Em Jan. de 1939, nº 20, San-Payo faz a crítica do II Salão - A representação francesa no II Salão Internacional justifica outra declaração política: “Parece-nos que as frentes populares entravam um pouco os surtos da arte. E nós que tínhamos certa simpatia pelas tais frentes!” “Pois por causa disso já mudámos de casaca”.
E suspende-se a publicação com o nº 21, de Fev., por dois anos.
Em Abril de 1941 publica-se o nº 22 a abrir uma II Série (nº 1), com o mesmo director mas em sede provisória na Rua Carvalho Araújo, 153 – 2º.
Refere-se uma “ausência forçada” e, reduzindo muito as anteriores ambições (o laboratório foi desmontado), promete-se assistência técnica aos leitores e organização de certames. Numa nota assinada por San-Payo aparece referência a uma revista “concorrente, imponente e magestosa (que) triunfou, como sol em dia de inverno”.
Ter-se-á chamado “FOTO” e pertenceu à mm administração.
Sam-Payo assina uma breve nota crítica ao IV Salão Internacional – transcrita do “Novidades”. E ainda se refere uma Exp. Fotográfica da Província do Ribatejo, org. da CM Vila Franca de Xira, que virá a ter mais eco.
Nº 23 / 2 de Maio 1941 – regressa o Dr. Álvaro Colaço com outro tema fracturante: “O amador fotográfico”, pp. 255-56: outra vez a fotografia pura.
O amador é aqule que possui conhecimentos das ciências aplicadas à fotografia… e que “pretende fazer arte com a fot.”, sendo que a sua “acção é desinteressada”. Mas “quando um reporter dá ambiente de arte ao seu flagrante faz (tb) obra de Arte Fotográfica.”
Volta a criticar aqueles que pretendem superar as deficiências dos negativos com o recurso aos "processos artísticos". "Não são os processos que dão arte à fot., mas a disciplina (?) e o gosto do operador."
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