segunda-feira, 26 de outubro de 2015

"De Maputo", em 2013 no Centro InterculturaCidade

https://interculturacidade.wordpress.com/2013/07/23/de-maputo-fotografias-de-jose-cabral-e-luis-basto/

“DE MAPUTO” Fotografias de José Cabral e Luís Basto (e duas pequenas homenagens a Rogério Pereira e Moira Forjaz)


25 de Julho 18:00 Inauguração da exposição

26 de Julho Apresentação de filmes e livros sobre a fotografia em Moçambique

Produção d’A Pequena Galeria/Alexandre Pomar, agora no Centro InterculturaCidade

6. Maputo, 1989
José Cabral. Maputo 1989

Entre o pioneiro Ricardo Rangel e os novos fotógrafos que têm passado
 pelo BES Photo e o Próximo Futuro da Gulbenkian – Mário Macilau, Mauro Pinto e Filipe Branquinho
 –, existem as obras dos que se distanciaram daquilo a que se pode 
chamar a escola moçambicana de fotografia, a tradição fotojornalística e
 humanista, que conta, aliás, com um número extenso de bons autores. 
José Cabral (n. 1952, Maputo) é o homem da ruptura, que veio trazer ao 
colectivo da fotografia de Moçambique a necessidade do discurso pessoal,
 fundado num conhecimento alargado da fotografia internacional e na 
abertura a interesses culturais amplos, para além do quadro nacional e 
africano.

A referência autobiográfica presente nas suas últimas três exposições (“As Linhas da Minha Mão”, 2006 Maputo, 3º Photofesta; “Anjos Urbanos / Urban Angels”, 2009, P4 Photography, Lisboa, e Maputo; “Espelhos Quebrados”, 2012, Maputo) é uma contribuição corajosa para pôr em evidência o papel e o lugar de quem observa, e que assim, ao expor também a sua história própria, intervém lucidamente como artista nos acontecimentos do presente de um país em mudança. Durante e depois da dinâmica colectiva, com as suas vicissitudes imprevistas, e também terríveis, era tempo de cada um se interrogar a si mesmo e ao possível sentido do percurso comum. Vêem-se agora em “De Maputo” obras escolhidas dessas três exposições: a antologia pessoal, as crianças (os filhos de Cabral e os dos outros, com uma óbvia diferenciação de cor de pele e de meios sociais) e por fim os quase auto-retratos que sinalizam percursos de vida e relações (agora sob o título geral “De Perto”).

José Cabral é hoje a referência cultural e o mestre indisciplinado dos jovens fotógrafos, com uma extensa obra realizada desde que em 1975 começou a trabalhar como fotógrafo no Instituto Nacional de Cinema, a que se seguiram alguns poucos anos de repórter fotográfico de agência, depois no Notícias e no Domingo, com Rangel em 1981-82, mais tarde professor no Centro de Formação Fotográfica, de 1986 a 1990. Em 1996 publicou o primeiro livro A Guerra da Água, edição da Ébano Multimédia associada ao filme de Licínio de Azevedo com o mesmo nome (a cores, com problemas de impressão). Tem tentado viver como fotógrafo em Maputo, o que é bem difícil.

02 cadeira 2013
Luís Basto, Cadeira II, Maputo, 2013

Luís Basto (n. 1969, Maputo) é igualmente um autodidacta, com um 
discurso próprio e reconhecido, que esteve presente em colectivas 
internacionais como “Africa Remix” (2004) e “Snap Judgments – new 
positions in contemporary african photography” (2006) de Orkui Enwezor, 
aqui como único representante de Moçambique. Ao mesmo tempo que tem 
construído um grande banco de imagens documentais do país (www.mozambiquephotos.com), é
 um fotógrafo da cidade e da capacidade de sobreviver que aí se refugia:
 “Os anos vazios passaram; com eles o destino de uma geração que deveria
 combater pelas razões de outros homens. Muitos nascidos na paz não têm 
memória das vidas fragmentadas que inundavam a cidade como almas 
penadas. Donde viemos e onde estamos agora enquadra-se menos no tempo 
que nas dimensões de espaço da cidade. Estamos nas janelas, atrás das 
portas, cidadãos reflectidos em todas as nossas contradições.” – Berry 
Bickle e Luís Basto, em Luís Basto fotógrafo, 2004, Éditions de l’Oeil, Montreuil.

Recuando no tempo, a exposição inclui presenças simbólicas de dois autores que, de modos diferentes, trouxeram a experiência adquirida na Rodésia e na África do Sul para desenvolver em Maputo percursos originais e afirmativos nos anos posteriores à independência, ambos mais tarde interrompidos.

Rogério Pereira foi um fotógrafo e fotojornalista com itinerário na África do Sul (1968-1977), em Moçambique (1973-1979) e em Portugal (1979-1987), que se destacou com uma produção politicamente empenhada e inquieta, de grande exigência formal. Nasceu em 1942 em Lisboa, foi aos sete anos para Moçambique, e morreu de cancro em Setúbal em 1987 com 45 anos. Em 1973 expôs no Núcleo de Arte com Ricardo Rangel e Basil Breakey. Em 1981 mostrou o seu trabalho na Fundação Gulbenkian (“Momentos”). Em 1990 foi-lhe dedicada uma retrospectiva em duas partes na Associação Moçambicana de Fotografia com a colaboração de Ricardo Rangel, Kok Nam e José Pinto de Sá, que escreveu o texto do catálogo. Uma outra retrospectiva integrou o 1.º Photofesta, em 2002, com o título “Verdade”.

Moira Forjaz é a autora de Muipiti, Ilha de Moçambique (com texto de Amélia Muge, Imprensa Nacional, 1983 – editado sem a sua supervisão). Nasceu no Zimbabwe em 1942; visitou Lourenço Marques desde 1961; com formação em Graphic Arts na Johannesburg School of Arts and Design, trabalhou como fotojornalista na África Austral desde 1964, e viveu em Maputo entre 1975 e 1988; participou na formação da Associação Moçambicana de Fotografia em 1981 e realizou dois filmes nesse mesmo ano. Outras publicações: Ruth First, Black Gold: The Mozambican Miner, Proletarian and Peasant, St. Martin’s Press, New York / Harvester Press, Brighton, 1983 (fotografias), e Images of a Revolution: Mural Art in Mozambique, Zimbabwe Publishing House, Harare, 1983 (Albie Sacks, texto; Moira Forjaz e Susan Meiselas, fotografias). Voltou a expôr em 2009, “Kukumbula  (Memórias) 1976 – 1986”, Espaço de Kulungwana, Maputo, e prepara actualmente um livro sobre a sua obra.

A organização da exposição teve a colaboração de Filipe Branquinho em Maputo e em Lisboa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Moçambique 40 anos 4 fotógrafos. Leiria

6 Junho - 22 de Agosto

M/i/mo - Museu da Imagem em Movimento, em Leiria

  Sala 1_5922M/i/mo - Museu da Imagem em Movimento, Leiria link

1. Uma história breve (e recente) da fotografia em Moçambique em 4 vitrinas

Livros 1 _5895
Ricardo Rangel: "R.R. Photographe du Mozambique", Paris 1994.  "Pão nosso de cada noite", Marimbique, Maputo 2004 e "R.R. Insubmisso e Generoso", Marimbique 2014.
Rogério (Rogério Pereira, Lisboa 1942-1987),  MOMENTOS, Fundação C. Gulbenkian, Lisboa, 1982.
MOÇAMBIQUE A TERRA E OS HOMENS, Associação Moçambicana de Fotografia, 1984 (capa de R. Rangel)
e dois DVDs: Licínio de Azevedo, FERRO EM BRASA 2006
e "SEM FLASH - Homenagem a Ricardo Rangel (1924-2009)",  de Bruno Z'Graggen; Angelo Sansone, 2012

4 fotógrafos de Moçambique

Moçambique, 40 anos - 4 fotógrafos
Moira Forjaz - José Cabral - Luis Basto - Filipe Branquinho

No Mimo - Museu da Imagem em Movimento, 
A fotografia em Moçambique, somando os caminhos do fotojornalismo, da documentação e da afirmação artística, constitui uma das dimensões mais reconhecidas da produção e da identidade cultural do país. Para isso contribuiu em especial a figura e a obra de Ricardo Rangel (1924-2009), fotógrafo de imprensa influente desde os anos 60, que se impôs no tempo colonial e exerceu uma eficaz acção formativa depois da independência. Apesar das dificuldade criadas pela longa guerra civil e pela debilidade económica do país, até tempos recentes, Moçambique tem conhecido condições para a prática e a divulgação da fotografia que constituem um caso singular no panorama africano, comprovado por toda uma galeria de autores relevantes e uma assinalável continuidade criativa.

Para apresentar a importância da fotografia moçambicana, optou-se nesta exposição por reunir um conjunto alargado de obras de quatro fotógrafos com lugares destacados e também diferenciados ao longo do tempo, em vez de se procurar reunir uma antologia interessada na enumeração exaustiva dos muitos nomes dessa mesma história. A mostra conta com obras expostas desde 2009 em várias iniciativas e com outras escolhidas para este novo projecto, cuja oportunidade se sublinha na ocasião em que se celebram os 40 anos da independência de Moçambique.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Gravura

Considerando a prática da gravura, o tema da reprodutibilidade (...o W. Benjamin andou a tentar entender, e a sua tentativa tem sido demasiado reproduzida...) distrai com frequência da questão principal: a consideração da originalidade ou especificidade do modo de criação da obra. No caso da gravura a obra original é a impressão sobre papel de um desenho realizado sobre cobre - o que não é o mesmo, quanto à materialidade do objecto e à sua eficácia visual, que um desenho sobre papel ou que a reprodução tipográfica ou fotográfica ou fotomecânica. 
Os processos de criação/gravação e de impressão de uma matriz são muito diferentes entre si. Acontece que algumas obras gráficas (estampas) não chegam a ser objecto de edição, não são reproduzidas/ /multiplicadas, conhecendo-se apenas um ou dois ou pouco mais exemplares impressos (em geral não numerados). 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Ângela Ferreira, com uso indevido de Jorge Dias e Margot Dias

A amálgama realizada por Ângela Ferreira ao juntar imagens documentais filmadas por  Margot Dias e as montagens saudosistas do vídeo "Moçambique - Do outro lado do tempo" (de Luiz Beja - Prod. Beja Filmes, Massamá), projectadas sem identificação reconhecível, vem agravar a repugnância crescente que me tem provocado a actuação tida por artística da referida srª. Parece-me do domínio do abuso de confiança, do desvio delinquente, do confusionismo ideológico primário a coberto do "pensamento pós-colonial". Não estando editados os filmes de Margot Dias, tratou-se de uma utilização autorizada? E por quem? A "obra" de A. F. tem por objecto ou ambição  denunciar o colonialismo de Jorge e Margot Dias e também a cumplicidade entre o Museu Nacional de Etnologia e o antigo Ministério do Ultramar - tudo com base na indigência analítica, na preguiça metodológica e na debilidade formal das fotos que mandou fazer, bem como da construção apresentada como escultura. 


Tratar-se-ia, diz a apresentação no catálogo, de uma "visão perspicaz da vida e da obra dos antropólogos" Jorge Dias e Margot Dias..., sobre "a agenda política escondida por trás das investigações do casal Dias e das suas alianças com o regime salazarista"..., que "faculta ao público a possibilidade de ler nas entrelinhas". É grave o equívoco em que induz os incautos.



Ora nem se trata do resultado inédito de alguma investigação original, ou do uso de informação desconhecida, nem as afirmações que constituem a denúncia de uma "agenda escondida" são legítimas e correctas.

Há mais alguém (da área da Antropologia, por exemplo) que se incomode?

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Moira Forjaz, Muipiti e outras datas