sexta-feira, 11 de abril de 2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Exposição-Feira Angola 1938, com José Manuel Fernandes n'A Pequena Galeria

A Pequena Galeria​, arquitecturas, conversa com José Manuel Fernandes arq., a propósito da exposição sobre a Exposição-Feira de Angola 1938 e Vasco Vieira da Costa







 
 
 
 
 
 

terça-feira, 8 de abril de 2014

AGORA o Álbum de 1938

RTP2, Agora, 07 abril



o Pav. Principal de Fernando Batalha

Vasco Vieira da Costa, 1938

Etnografia Angolana, Fernando Mouta, 1934









32 fotografias e, folhas soltas

 (pormenor)

Edição para a Exposição colonial de 1934, Porto.
O eng. Fernando Mouta participa no 1º Congresso Nacional de Antropologia Colonial com duas pequenas comunicações de antropólogo amador.
É depois presidente interino da Câmara de Luanda em 1938, a esse título vogal da Comissão executiva da Exposição, e é membro da Subcomissão da representação indígena.

Carlos Estermann faz parte da Delegação Provincial de Huíla





São os penteados que ocupam os etnógrafos-fotógrafos de Angola e as suas publicações. A seguir, Elmano Cunha e Costa (exp. de 1951) e Carlos Estermann (Album de Penteados do Sudoeste de Angola, 1960). Mais tarde (1965, já a cores) aparece o fotógrafo e aventureiro italiano Dante Vacchi: Penteados de Angola (ed. autor, na Litografia de Portugal, Lisboa)

http://alexandrepomar.typepad.com/.a/6a00d8341d53d453ef0128762c7bd3970c-pi





segunda-feira, 7 de abril de 2014

ANGOLA 1938, o Álbum e tudo o resto

1) FOTOGRAFIAS
O objecto em exposição é um álbum fotográfico. Editado pelo Governo Geral de Angola. Importa considerar por si mesmo o objecto álbum, livro fotográfico ou photobook, e importam as fotografias. Pela sua qualidade editorial e fotográfica, e pelo interesse do que documentam: um acontecimento histórico, tão esquecido ou ocultado como o Álbum. A Exposição-Feira Angola 1938, indicada no título: Álbum Comemorativo da...

Importam, como é de regra, os autores do álbum (o organizador/editor e designer) e o/os das fotografias.
A abordagem ao livro e às fotografias complica-se pela ausência de autores declarados (ou confessos) -ambos autores anónimos (C. Duarte autor dos clichés será um pseudónimo). Existem pistas a explorar quanto ao editor e ao fotógrafo: por hipótese, Vasco Vieira da Costa (arquitecto angolano, 1911-1982, então um jovem desenhador admitido na administração colonial na qualidade de funcionário aduaneiro) e Firmino Marques da Costa (fotojornalista de Lisboa e de longa carreira, 1911-1992).

Deverá saber-se que este Álbum e as fotografias não são objectos isolados. O Álbum emparceira com os outro 5 álbuns editados pela Agência Geral das Colónias em 1939-40, ilustrando a viagem presidencial às colónias do PR general Carmona, em 1938. Firmino Marques da Costa foi considerado o autor principal destes álbuns, que teriam sido editados por Luís de Montalvor e José Osório de Castro, intelectuais destacados da 1ª metade do século e não anónimos funcionários da AGC, apesar de não estarem creditados, tal como o fotógrafo. As atribuições tiveram origem numa exposição sobre os 5 álbuns acontecida na galeria Ether em 1987, com catálogo-poster ("Imagens fugazes..."), e foram propostas por António Sena, também ele anónimo nessa publicação.




O volume 2 de "Alguns aspectos da viagem presidencial à colónias" - http://memoria-africa.ua.pt - aponta a intenção do Governo de Angola publicar o Álbum comemorativo como justificação para incluir poucas (8) fotografias da Exposição-Feira que foi inaugurada por Carmona a 15 de Agosto. Algumas fotografias dos álbuns em questão são idênticas (mesmas situações e mesmos locais, mas sempre diferentes imagens), e duas da exposição da Ether dos álbuns lisboetas são idênticas a imagens do álbum angolano. O reconhecimento do fotógrafo parece muito provável, ou inevitável. A longa carreira de Marques da Costa não se mantém ao mesmo nível. Ainda em Fevereiro de 1968 acompanha Américo Tomás a Angola, mas a reportagem não podia ter a mesma frescura (ver  1938-1968-marques-da-costa )

2) A FOTOGRAFIA EM 1938
O ano de 1938 não é um ano qualquer, e não só por acontecer dois anos anos da Exposição do Mundo Português e nele ter acontecido a decisão política de a realizar (Nota Oficiosa de Salazar).

A.
Produz-se o 2º Salão Internacional de Arte Fotográfica (VI Nacional) promovido pelo Grémio Português de Fotografia, por sua vez secção da Sociedade Propaganda de Portugal (não confundir com o SPN, Secretariado da Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro). Por ser o 2º Salão terá tido mais importância e mais repercussão que o 1º Internacional, no ano anterior.

Mário Novais, 1938

Por acaso ou não, aparece fotografado por Mário Novais - que nele não participa - numa imagem incluída no espólio que tem vindo a ser divulgado pela Biblioteca de Arte da Gulbenkian.

B.
Notícias publicadas na revista Objectiva dão conta da organização atribulada do Salão, o qual dá origem na revista a significativos textos críticos e mesmo a iniciativas concorrentes.
1938 é o ano de uma intervenção activa da revista Objectiva, criada em 1937, com um vigor e uma originalidade que não se repetem: é o ano da "polémica do flagrante" e de um ímpeto crítico que é logo interrompido pela intervenção do Pe Moreira das Neves também na Objectiva, em Maio, apelando à "Contribuição da Arte Fotográfica nas celebrações do Duplo Centenário..."

C.
Em 1938 expõe no SPN Elmano da Cunha e Costa, advogado em Angola e fotógrafo/etnógrafo amador e pioneiro. A Objectiva dedica uma página à exposição (entre outros possíveis ecos que desconheço). ( ver Elmano I ) Também fotografa na Exposição-Feira de Luanda temas de (ou ditos de) arte indígena (ver http://alexandrepomar.typepad.com e atribuições do AHU já corrigidas).

Voltará a expor no SNI fotografias de Angola em 1946 (e 47 no Porto) e em 1951, já depois de regressar a Portugal em 1943 (informações de Inês Gomes), e surge antes ligado à Secção Colonial da Exposição de 1940 como colaborador fotográfico da equipa de Henrique Galvão. Serão certamente suas as fotos de naturais de Angola publicadas no guia/catálogo da Secção Colonial e todas as fotografias não creditadas do livro de Castro Soromenho A Maravilhosa Viagem dos Exploradores Portrugueses, 1948-49.
Com o Dr. Elmano a fotografia em 1938 liga-se à linhagem da 1ª Etnografia de Angola: eng. Fernando Mouta (1934), o pioneiro e presidente interino da Câmara de Luanda à data da Expo'38, José Redinha (desde 1936), Elmano (1938...) e Carlos Estermann.

O dr Elmano é também um dos expositores do 2º Salão Internacional, de Arte Fotográfica com residência em Mossâmedes. Aparece em 1941 no catálogo do 5º Salão como 3º vogal da direcção do Grémio, mas não expõe (expõem entre outros Manuel de Oliveira e Cotinelli Telmo, membro do Grémio). Voltou a expôr no Salão 6, de 1942-43 (1943), com "Na Costa de África, o mar amigo" (nº254, não rep.), com residência já indicada em Lisboa. Não expõe em 1944 (ainda 3º vogal) e seguintes. Não sei dos catálogos anteriores a 1938 e de 39 a 41...

D.
Em 1938 Firmino Marques da Costa acompanha e fotografa a viagem presidencial de Carmona às colónias (a publicar pouco depois nos álbuns referidos), integrado na Missão Cinegráfica às Colónias, dirigida por António Lopes Ribeiro (inf. Ether 1987 a confirmar). O seu trabalho fotográfico tem uma originalidade única no âmbito da fotografia oficial e de propaganda: uma informalidade imprevista, um dinamismo e agilidade, ou velocidade, incomuns, uma exploração da relação da figura com a multidão e com o espaço envolvente que surpreendem - se escolhermos os highlights de uma extensa produção.

E.
Já de 1939, mas com fotografias realizadas em 1938, em vários casos reconhecíveis, é o pequeno álbum fotográfico Images Portugaises, ed. do SPN certamente no quadro da promoção da Exposição de 1940, ou com uma genérica intenção de promoção turística. Discreto e mais uma vez sem atribuição de autorias, para além da apresentação de António Ferro, o pequeno volume reúne os nomes mais dinâmicos da Objectiva, também Mário e Horácio Novais, e ainda Firmino Marques da Costa, tendo em geral uma sobriedade notoriamente anti-artística, entendida como atenção directa aos temas documentados e ausência de efeitos que se poderiam dizer salonistas. Sóbrio, sem efeitos de montagem, eficaz como documentário e com alguma pretensão literária. A palavra banal e a ideia "essencial" do natural aparecem no texto de António Ferro como tinham sido defendidas nos escritos e imagens dos Drs. António Lacerda Nobre e Álvaro Colaço, os agitadores da Objectiva



http://alexandrepomar.typepad.com/.a/6a00d8341d53d453ef00e553ccdcda8833-pi António Lacerda Nobre, Le blé

 F. Marques da Costa. Carmona e o ministro das Colónias Francisco José Vieira Machado (1936 - 1944; banqueiro antes e depois no BNU)

#

2)
A questão da Arquitectura: qual a intervenção de Vasco Vieira da Costa? Chefe da Secção Técnica, cenógrafo e designer. Ecletismo e naiveté: a melhor Art Déco e outros estilos.

3)
O contexto político-económico: a Exposição e o Plano de Fomento de 1938; o governador geral coronel  António Lopes Mateus (período 1935-39). A revista "Actividade Económica de Angola" dedicada à Exposição-Feira e ao Plano Fomento de Angola aprovado em 1936 (em 1938 por Lisboa). Um volume ausente de todas as bibliotecas?


4)
Angola 1938, a exposição angolana obra de angolanos, entre as exposições coloniais de 1934 e 1940, de Henrique Galvão. Dois mapas antagónicos: "Portugal não é um país pequeno" e Luanda capital do Império

5)
A figura do dr. António Videira, advogado da Oposição e então porta-voz dos colonos. Sessão de homenagem e agradecimento ao governador no encerramento. Ver Boletim Geral das Colónias nº 163, pág 67-68 ("Falou depois em nome dos seus colegas"...)




6)
A 1ª etnografia angolana (Pavilhões de arte indígena). Fernando Mouta, 1934 e Elmano Cunha e Costa, 1938: depois, José Redinha (1936?) e Carlos Estermann. A 2ª Missão Suíça, 1932: "Retour d'Angola", Neuchâtel 2007-11.

7)
Angola 1938, uma exposição nacional fora da lista das exposições coloniais

sábado, 5 de abril de 2014

Luanda 1938, Sérgio Gomes, Público




Luanda 1938, um olhar desconhecido

É um objecto gráfico imponente e que dificilmente passa despercebido. Mas o certo é que passou. A historiografia recente ignorou tanto a realização da feira como o Álbum Comemorativo que dela surgiu.

A longa sequência de mais de cem fotografias começa com uma imagem óbvia nas inaugurações: uma cerimónia de corta-fita, onde o general Oscar Carmona, de farda alva, se destaca com a tesoura na mão. E a fita cai. Mas a partir daqui pouco parece encaixar muito bem no Álbum Comemorativo da Exposição-Feira de Angola, certame que se realizou em 1938, em Luanda. Como aliás toda história (ou a falta dela) desta obra esquecida e muito pouco estudada, que é um dos mais surpreendentes e notáveis fotolivros realizados em Portugal na primeira metade do século XX.

Pela mão do galerista Alexandre Pomar, que expõe na Pequena Galeria até 19 de Abril, em Lisboa, páginas deste livro publicado pelo Governo Geral de Angola, é possível apreciar várias sequências fotográficas da obra, clichés creditados a C. Duarte, mas que, segundo Pomar, serão da autoria de Firmino Marques da Costa (1911-1992), repórter fotográfico do Diário de Notícias durante 50 anos (A. Sena) e, em acumulação, do Diário Popular, membro da Missão Cinegráfica que acompanhou a visita de Carmona às colónias e a quem se atribui a autoria principal de cinco outros álbuns fotográficos que resultaram desse périplo presidencial (que duraria entre 1938 e 1939).