Alexandre Pomar

sábado, 1 de dezembro de 2001

2001, Antonio Quadros

"Um universo maior"

Expresso Cartaz de 1/12/2001, pág 24

António Quadros não cabe de corpo inteiro na exposição que lhe foi dedicada pela Árvore

ANTÓNIO QUADROS, «O Sinaleiro das Pombas» (Árvore, Porto, até 12 de Dezembro)

O ritmo dos eventos da capital cultural não é propício a projectos retrospectivos, que desde a mostra inicial «Porto 60/90» se fizeram com atropelos de investigação e produção. É o que acontece com António Quadros (1933-1994), intrigante personagem que foi pintor e poeta - João Pedro Grabato Dias, entre vários heterónimos - e se dispersou enciclopedicamente por outros interesses, muitos deles levados à prática em Moçambique entre 1964 e 1984.

O programa da exposição foi assumido pela Árvore, que não tinha estruturas nem espaço para tal desafio; adiada até um fim de ano abreviado para outras iniciativas, ficou reduzida a uma convencional exibição da obra plástica e breve catálogo, comissariados por Laura Soutinho e Bernardo Pinto de Almeida, remetendo-se outra parte, presumivelmente mais alargada, para um livro de formato bancário (BPI) e intenção natalícia que só mais tarde terá, se tiver, circulação pública.

Justificava-se uma aproximação que cruzasse as várias vertentes de uma obra e actividade de ambição renascentista, servindo de exemplo a exposição que Serralves dedicou aos múltiplos rostos de Fernando Lanhas, reeditando a sua retrospectiva de 1988. 

Quadros foi um homem de temperamento difícil, sarcástico e talvez irascível, para quem o desafio feito aos «filósofos das brasileiras», logo no seu Manifesto da Pintura de 1958, não era só um arreganho juvenil. Animador de muitos projectos, provocador face aos pequenos poderes locais, foi muitas vezes esquecido, também como poeta, e não é fácil de classificar e conter em esquemas regras pré-definidas.

Expõem-se na sala maior da Árvore pinturas do percurso escolar e algumas outras mais, mas que não bastam para situar uma produção que teve na viragem dos anos 50/60 uma grande visibilidade, mesmo oficial. Não está lá por inteiro o pintor que expôs na última das Exposições Gerais, em 56; na 1ª da Gulbenkian, em 57 (um famoso nu frontal e impúdico, com um dos seus belos rostos amendoados); nos salões dos Artistas do Norte e depois nos Novíssimos, passando da SNBA ao SNI, na 1ª Bienal de Paris, em São Paulo e outros lugares, várias vezes premiado e logo adquirido pelo Museu Soares dos Reis dirigido por Salvador Barata Feyo.

A sua figuração visionária e em contacto com expressões populares (deve-se-lhe a «descoberta» de Rosa Ramalho, que levou a dar aulas na ESBAP, nos tempos de abertura da direcção de Carlos Ramos) podia ser praticada, no Porto, como uma afirmação inovadora já subsequente, como a de Eduardo Luiz, ao abstraccionismo da geração anterior dos Independentes (Lanhas, Nadir, Arlindo Rocha e até Resende), mesmo que não se adivinhasse a «nova-figuração» que se seguiria. Em Lisboa, as lides críticas regiam-se por categorizações e formalismos mais rígidos, opondo a abstracção ao fantasma do neo-realismo, face uma nova geração nascente - Bertholo, Lourdes Castro, Escada, Costa Pinheiro - com quem Quadros expôs na Galeria Pórtico e fora do país, antes e depois de todos estes emigrarem.

Recuperado como surrealista por Cesariny, em 73, o universo imaginário de Quadros participou de alguns climas poéticos de Chagall, com elegância gráfica e decorativa, também em gravura, ilustração e cerâmica, procurando o «potencial mágico» dos fabulários e da arte popular (ao tempo da Antologia da Música Regional e do Inquérito à Arquitectura) para «Pintar Pintura» em oposição «à forma lógica da escola francesa», como dizia no notável Manifesto já citado.

Semelhantes recursos às mitologias locais e aos bestiários fantásticos surgiam na América Latina, por exemplo, com Francisco Toledo e Jorge de la Vega, já depois de terem interessado os artistas Cobra.

Da estada africana o pintor trouxe uma linguagem menos estilizada e de mancha diluída pelo uso do aerógrafo, onde a efabulação é por vezes mais gravemente monstruosa ou ameaçadora. Se o humor não deixava de estar presente, desde logo em títulos como Senhora e Cabra em Ascensão, Dois Saltões, um Articulado, um Zambezelho e um Luso-mimético, aí sereconhece também uma diferente dimensão mais convulsiva e trágica.

#

António Quadros

Casa da Cerca, Almada 

Expresso de 9/2/2002 (nota)

Remontada num novo espaço, a exposição que o Porto 2001 dedicou a António Quadros ganhou uma dimensão totalmente diferente. Não se recuperaram as pinturas dispersas que deveriam testemunhar a grande visibilidade irreverente que o pintor teve em exposições e em representações internacionais na viragem dos anos 50/60, mas as mesmas peças disponíveis, diversamente organizadas em sucessivos núcleos, dão plenamente conta da originalidade do seu imaginário pessoal e de um caminho inquieto por múltiplas pesquisas, humores e referências.

Jogando ora na diversidade das técnicas e das direcções de trabalho — a cerâmica, a gravura, o desenho elegantemente estilizado, a pintura de experiência escolar, de inspiração popular ou submersa em lamas informes, os palimpsestos de fantasia e pesadelo (des)realizados pelo uso do aerógrafo —, ora na organização por interesses temáticos, juntando homens silvestres, lobos e lobisomens, cabras e outras «bichezas» imaginárias ou míticas, o itinerário segmentado da exposição, conduzido por uma criteriosa disposição que destaca as peças emblemáticas, tornou-se uma aventura ao encontro de um mundo poético irredutivelmente desalinhado das convenções formais predominantes.

Entretanto, foi publicado pela Árvore um álbum -  «O Sinaleiro das Pombas» -com textos de Amélia Muge, Bernardo Pinto de Almeida, António Cabrita e José Forjaz, onde à produção plástica se acrescentam abordagens dedicadas à produção do poeta Grabato Dias e às múltiplas actividades em Moçambique entre 1964 e 1984. (Até 10 Mar.)

Publicada por Alexandre Pomar à(s) 16:21 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas: 2001, António Quadros, Árvore, Casa da Cerca, Porto 2001

sábado, 24 de novembro de 2001

Júlio Resende Porto’2001, Francisco Brennand no Lugar do Desenho


"A cidade de Júlio Resende"

1. Expresso Cartaz de 24/11/2001, pp. 32-33

Da retrospectiva em Matosinhos à Fundação do pintor em Valongo (à margem da capital cultural)

JÚLIO RESENDE, Paços do Concelho de Matosinhos (até 20 Dez.)
FRANCISCO BRENNAND, «No Acerto com o Mundo» (Fundação Júlio Resende, Valbom, Gondomar, até 2 Dez.)

O panorama do Porto, como qualquer panorama, é feito de diferentes e desencontrados círculos, meios ou nichos do pequeno mundo da arte, mas é alargando os itinerários até à periferia que a cidade de Manuel de Oliveira, de Eugénio de Andrade, de Agustina e de Siza Vieira se reencontra com outro dos seus nomes, Júlio Resende. Esta área alimenta-se mais facilmente (mais oficialmente) de esquecimentos ou exclusões do que outras.

É em Matosinhos, por iniciativa da sua Câmara, que se pode ver, neste ano de particular significado para o Porto, a obra do principal dos seus pintores. A homenagem necessária tomou a forma de uma ampla retrospectiva da pintura de Resende, embora na sua muito extensa produção, material e cronologicamente, tenham também relevância o desenho e a aguarela e, em especial, a grande decoração instalada em lugares públicos, com largo recurso à cerâmica (objecto de uma mostra do Museu do Azulejo em 1998).

Comissariada por Armando Alves, que colaborara na retrospectiva apresentada em 1989 na Fundação Gulbenkian, contando então com a retaguarda da Galeria Nasoni, a mostra apresenta o maior número de obras de Resende desde sempre reunido, incluindo, no seu início, muitos trabalhos datados dos anos de formação do pintor, em Portugal e em Paris, e nunca mais expostos ou mesmo reproduzidos.

No amplo piso subterrâneo dos Paços do Concelho projectados por Alcino Soutinho – um espaço de garagem que será substituído pelo edifício da biblioteca e galeria já em construção ao seu lado -, a montagem ocupa uma área folgadamente labiríntica, onde a sequenciação cronológica adopta, com êxito, o critério de fazer algumas aproximações e cruzamentos entre obras de períodos diversos, tornando visíveis ao mesmo tempo núcleos coerentes e, sem compartimentos estanques, a diversidade de orientações seguidas ao longo do tempo, sob a essencial continuidade de uma dedicação à figura humana que foi sendo abordada com diferentes humores expressivos e uma mesma ambição humanista. Da grave monumentalidade das obras da primeira maturidade dos anos 50, marcada pelo rigor construtivo das formas e pelas tonalidades sombrias ou frias de uma paleta concisa, até à explosão ora trágica ora lírica das décadas mais recentes, onde a instabilidade das manchas de cor se alia à livre espontaneidade do desenho descritivo.

É o espectáculo visual, intenso e ágil apesar da sua extensão, e sempre fortemente impressivo, que predomina nas presentes condições de montagem, adequadas à intenção da homenagem, mesmo se se poderia ambicionar uma produção mais norteada pela abordagem historiográfica, que possivelmente não houve tempo de fazer. A ausência de numerosas obras pertencentes à Faculdade de Belas-Artes (dos Fantoches, de 45, tese de licenciatura, ao Douro, Faina Fluvial, de 62, concurso de agregação) e à Gulbenkian (quadros marcantes, como Figuras à Mesa, Pescadores, Pintura nº 2, de 56, 57 e 59), bem como de outras telas antologiadas em publicações anteriores (citem-se Ribeira, de 52, Cabeças de Mendigos, de 54, Grupo da Beira Mar, de 56), não deixa de revelar alguma precaridade organizativa, mesmo se se teve acesso a um enorme número de telas, além de não projectar com toda a sua importância a representação da década decisiva da obra de Resende, os anos 50, que, no seu todo, não têm paralelo na produção nacional e ombreiam à época com a melhor pintura europeia.

No catálogo publica-se um extenso texto de Laura Castro onde se retoma o essencial da monografia que já dedicara ao pintor (Imprensa Nacional, 1999) e que constitui o mais atento estudo sobre a formação e evolução da obra de Resende, acompanhada por observações sobre a respectiva circulação pública e fortuna crítica. Produzido no contexto universitário como dissertação de mestrado, esse é um contributo importante para uma historiografia a que tem faltado a investigação objectiva em contacto com as obras e as fontes directas. Haveria agora que desenvolver, em especial para as obras dos anos 50, todo um trabalho de restituição de títulos esquecidos (abundam os «sem título», que não corresponderão às nomeações originais), confirmação de datas e recuperação de informações sobre locais de exposição, tanto mais que as obras de Resende tiveram uma visibilidade central nessa década, das Exposições de Arte Moderna do SNI (Prémio Amadeo Sousa Cardoso em 49 e 52) à retrospectiva, então sem precedentes para um artista de 44 anos, no Palácio Foz e na ESBAP, em 61, passando pelos repetidos envios à Bienal de São Paulo (premiados em 51 e 59), pelo Salão dos Artistas de Hoje, em 56, na SNBA (premiado), e pelas exposições da Gulbenkian (2º prémio de pintura em 57).

Só restituindo a Resende o lugar central que ocupou ao longo dos anos 50, sem que tal implique dar credibilidade à habitual periodização por décadas, é que será possível rever a história desse tempo, corrigindo a sobrevivência das dicotomias fáceis de que se alimentou a crítica entre neo-realismo e abstracção, figuração e não-figuração, ou mesmo, por extensão política, entre Situação e Oposição, outra zona de equívocos que já não pode ter caução militante – também o surrealismo inicial se vulgarizou nos Salões do SNI.

Pintura academicamente aprendida, bem informada pelas estadas no estrangeiro como bolseiro, a obra de Resende escapava então às categorizações preguiçosas, mesmo à de expressionista, e desenvolveu-se como uma amadurecida pesquisa própria sobre valores da construção plástica, onde a recusa da abstracção não referencial já não deve ver-se como posição indecisa ou dúbia. Às arquitecturas hieráticas solidamente definidas das suas figuras sucederam, na passagem da década, densidades matéricas, dissoluções de formas e intenções retóricas com fortuna variável e, posteriormente, novos rumos, em que se incluem o ciclo temático das «Ribeiras Negras», as impressões de viagem e alguns luminosos interiores, passando da sombra à cor, da investigação formal à mancha despreocupada, do drama ao humor. É um longo percurso ainda em aberto.




FRANCISCO BRENNAND

Entretanto, circunde-se o Porto ribeirinho para ir de Matosinhos a Valongo, onde a Fundação criada por Resende se eleva frente ao Douro. É todo um caminho de renovação da paisagem urbana, no qual se adivinha a futura entrada do mar no Parque da Cidade e se percorre a via marginal já redesenhada, sob os arcos das antigas e novas pontes, com passagem pelo painel cerâmico Ribeira Negra (1984-87). No seu Lugar do Desenho, o pintor apresenta o escultor e ceramista Francisco Brennand, que é certamente, com os seus 74 anos, o mais surpreendente artista brasileiro vivo, ao mesmo tempo desconhecido e consagrado, conforme os círculos de informação frequentados

A sua obra maior está encerrada e em constante crescimento no museu-templo-oficina em Várzea, próximo do Recife, onde desde 1971 acumula milhares de peças monumentais que erguem um mundo fantasmagórico com reinventadas figuras da mitologia e da história, um bestiário pessoal e totens carregados de dor e erotismo, obras simultaneamente populares e eruditas (sem nenhum exotismo brasileiro), ao mesmo tempo de todos os tempos e de hoje, mais do que muitas actualidades circulantes. Mas a exposição de umas duas dezenas de peças cerâmicas – as «Graças Cretenses», as pequenas «Homenagens a Morandi», as figuras de Inês de Castro («La Victime») ou Joana d'Arc, entre outras – e uma larga antologia do seu desenho a cores, onírico e solidamente observado (as séries «Grotesco» e «A Casa das Pernas», já deste ano), com algumas grandes fotografias da Várzea, não deixa de ser uma aproximação bastante ao trabalho original e inclassificável de Brennand, ficando como um dos grandes acontecimentos do Porto 2001, fora do seu programa.

Desta dádiva do pintor à sua cidade ainda podia, há uma semana, passar-se a esse nicho sobrevivente do Porto romântico que é a Casa Tait, onde se apresentou um pouco da história desconhecida do cartoonista e autor de banda desenhada que também foi Resende. Enquanto se aguarda para o próximo Salão Lisboa a recuperação das histórias que nos anos 30 e 40 publicou em «O Papagaio», em «O Sr. Doutor» e no «Jornal de Notícias», aí se recordaram as figuras de Matulinho e Matulão que desenhou para «O Primeiro de Janeiro». São testemunhos de uma carreira oculta com lugar na história da BD nacional, também quase ocultada pelo próprio artista, enquanto deverão ficar perdidas para sempre as suas «instalações» publicitárias e anónimas que ocupavam semanalmente, nos anos 50-60 (?), a montra do segundo desses diários do Porto, de que parece não restarem sequer testemunhos fotográficos.

2.

Júlio Resende
Gal. Valbom
08-05-2004
Uma vasta selecção de pinturas sobre papel de Júlio Resende essencialmente centrada em anotações de motivos encontrados em deslocações ao Brasil e a Cabo Verde, Goa e Moçambique, ao longo de numerosas viagens realizadas desde os anos 70 – precedidas de algumas mais antigas aguarelas, reveladoras da particular mestria há muito alcançada no uso desta técnica já rara. São essas viagens oportunidades decisivas para o estímulo de um olhar desperto para o mundo exterior, as paisagens, mas principalmente os grupos humanos, o colorido vibrante dos mercados tropicais, o diálogo dos corpos com o espaço da natureza. Usando pastel, aguarela e marcador, ou processos mistos, J.R. funde o desenho rápido diante do motivo com a intensidade da cor, num exercício de observação que se distancia sempre do exotismo superficial por uma calorosa curiosidade face ao mundo e às suas diferenças. Estes apontamentos e estudos do natural reencontram-se depois na pintura de Resende dos últimos anos, tendo aqui a frescura e a graça do ensaio despreocupado de uma mão sábia e de um olhar atento. A mostra é acompanhada por um catálogo-álbum antológico, para o qual escreveram Júlio Pomar e Rocha de Sousa, além do artista.
(Até 15)

Júlio Resende
SNBA
14-04-2006
Não é nem pretende ser uma antologia da carreira de J.R., apenas (?) a apresentação de peças da colecção do Millennium bcp. O conjunto é, porém, representativo de uma obra importante, individualizada face à preferência dominante pela arrumação da criação em movimentos ou fórmulas colectivas. Mostram-se 27 trabalhos, que vão de uma melancólica aguarela de 1946 a uma festiva Luz de Atelier com vista aberta para o jardim (1997-2000), incluindo sucessivos passos do percurso, como as notáveis quase-abstracções de 57-62, onde a figura humana se desrealiza sem deixar de ser o centro do quadro e do mundo, os diferentes expressionismos dos anos 70-80 e ainda as últimas libertações do gesto, da cor e do humor de um Adeus Tristeza (91). Com passagem pelo grande painel decorativo A Evolução do Dinheiro (62), a sinalizar a extensa e excelente obra pública do pintor, num curioso diálogo de intenções significantes com A Ribeira Negra (84), gigantesco painel a p/b oferecido ao Porto, que ocupa um lado da SNBA, como uma síntese das ambições humanistas do artista em homenagem ao trabalho e ao povo portuense e da vocação mural da sua pintura.(Até 29)

Publicada por Alexandre Pomar à(s) 16:13 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas: 2001, Brennand, Júlio Resende, Porto, Porto 2001

quarta-feira, 7 de novembro de 2001

2001, "Do Surrealismo em Portugal", por Óscar Faria

 o surrealismo minhoto em 2001 

DOCUMENTOS

Exposição do surrealismo provoca polémica
Óscar Faria / PÚBLICO

7 de Novembro de 2001

Com a presença do pintor e poeta Mário Cesariny, e com muita polémica à mistura, foi inaugurada no passado domingo, na Fundação Cupertino de Miranda (FCM), em V. N. Famalicão, a mostra "Do Surrealismo em Portugal", uma versão revista e aumentada da exposição "Surrealismo em Portugal 1934-1952", que esteve patente no Museu do Chiado (MC), em Lisboa, até ao passado dia 23 de Setembro, após ter passado pelo MEIAC [Museu Estremenho e Ibero Americano de Arte Contemporânea] . 

O que estava previsto era uma simples itinerância da exposição do Chiado, comissariada por Maria de Jesus Ávila e Perfecto E. Cuadrado. Mas uma série de peripécias – desde a recusa de Cesariny em que as suas obras coabitassem com as do alegado "fascista" António Pedro, até desentendimentos vários entre Maria Jesus Ávila e o director artístico da FCM, Bernardo Pinto de Almeida – levaram a que a fundação famalicense decidisse promover a sua própria mostra, comissariada apenas por Perfecto Cuadrado. Em causa está não só o alegado "progressivo afastamento do Museu do Chiado (MC), que se saldou pela não comparência de uma das comissárias da mostra, Maria de Jesus Ávila, funcionária daquele Museu lisboeta, apesar do acordo quanto à sua presença estar há muito formalmente garantido" – como se faz notar numa nota lida à imprensa por Bernardo Pinto de Almeida -, mas também a inclusão de obras de António Pedro, artista que Cesariny considera ter sido fascista até 1944 (ver caixa). 

Jesus Ávila responde à letra, afirmando que Cesariny é quem tem uma "atitude fascista" ao condicionar a sua presença na exposição à retirada dos trabalhos realizados por António Pedro antes deste advogar a causa dos Aliados. Pinto de Almeida diz que, a quatro dias da sua inauguração, a mostra foi deixada à responsabilidade da FCM. "A exposição que hoje vos apresentamos, reorganizada pelo nosso amigo e colaborador e também seu comissário desde o início, Perfecto Cuadrado, não será pois a mesma que se viu no MEIAC, em Badajoz, nem no Chiado". O director artístico da FCM acrescenta que "ela aparece reorganizada por nova montagem e pela presença possível de outras obras, também da nossa colecção ou de amigos próximos, que eliminam o que julgámos injustas exclusões de nomes e obras fundamentais do Surrealismo em Portugal". E conclui: "Esta é, pois, a 'nossa' exposição, a possível, com os meios de que dispunhamos, face a uma situação de surpresa que nada fizemos para desencadear".Maria de Jesus Ávila replica que a FCM "confunde a produção de uma exposição e o seu comissariado" e diz que o modo como a FCM lidou com o processo foi "o caos absoluto". 

A responsável pela área plástica da exposição – Perfecto Cuadrado organizou o núcleo literário – sublinha que no passado dia 29 de Outubro enviou, a pedido de Pinto de Almeida, uma carta à FCM onde reforçava a sua disponibilidade para acompanhar a montagem da mostra, fazendo também notar que o preço por esse serviço era de 300 contos, uma verba que, segundo a curadora, o director artístico não podia garantir sem o aval da administração. "Não obtive notícias até quarta-feira – dia em que já deveria estar em Famalicão -, quando foi enviada uma resposta não a mim, mas a Pedro Lapa [director do MC]", afirma a comissária, que garante ter estado sempre contactável. "Houve falta de respeito pelo meu trabalho e decidi não ir ". Recorde-se que a exposição "Surrealismo em Portugal1934-1952" foi co-produzida pelo MEIAC e pelo MC, a partir de um trabalho de pesquisa de Maria de Jesus Ávila. Esta afirma ter sempre contado com uma atitude colaborante de Cesariny e Cruzeiro Seixas, entre outros artistas, e garante que "se tivesse estado em Famalicão, nunca teria permitido que se mudasse o conteúdo da mostra"."Qual é o direito que acolhe à fundação e a Bernardo Pinto de Almeida de alterar o conteúdo de uma exposição?", interroga a comissária, frisando que o problema "não passa apenas pelo atropelamento da noção de autoria, algo gravíssimo em si, mas também pelo facto de esta ser uma outra exposição". 

Relativamente à versão apresentada no MC, a mostra patente na FCM propõe efectivamente uma outra visão do surrealismo em Portugal, saindo dos limites cronológicos da mostra original e incluindo quer trabalhos de artistas considerados antecessores do movimento, como Júlio e Mário Eloy, quer de autores que de alguma forma terão ido beber aos ensinamentos surrealistas: Paula Rego, António Areal, Ana Hatherly, António Quadros, Mário Botas, Raul Perez e Gonçalo Duarte.Pinto de Almeida assume as escolhas de Perfecto E. Cuadrado como suas, referindo-se a esta atitude como uma "posição ética" que cumpre a vontade do surrealismo de "permanecer vivo enquanto utopia". O director artístico da instituição famalicense não recusa a polémica, considerando-a mesmo "saudável e útil, até porque o surrealismo nunca fugiu ao combate". O também responsável pelo Centro de Estudos do Surrealismo considera "completamente arbitrária" a datação da mostra do Chiado, que entende como uma "tentativa obscurantista de encerrar o surrealismo português num espartilho que o diminui e restringe na sua acção".Por seu lado, Pedro Lapa, director do Museu do Chiado, designa como "calúnia" o facto de se afirmar que a presença de Jesus Ávila em Famalicão estava há muito formalmente garantida. "Não houve formalização nenhuma da presença dos comissários na FCM". Na opinião de Maria de Jesus Ávila, "se Bernardo Pinto de Almeida queria outra exposição, então a FCM devia ter documentado, investigado e produzido a sua mostra". Defendendo que "há um rigor histórico que teria de ser salvaguardado", desabafa: "Isto não acontece em parte nenhuma do mundo".

 2 

Negociação com o IPM leva ao encerramento da exposição do surrealismo em Famalicão

Óscar Faria*
28 de Novembro de 2001,
 
Negociações entre o Conselho de Administração da Fundação Cupertino de Miranda (FCM), de Vila Nova de Famalicão, e o Instituto Português de Museus (IPM) levaram anteontem ao final do dia ao encerramento da exposição "Do Surrealismo em Portugal", que deveria ficar patente na instituição até 16 de Dezembro próximo. Este é o desfecho de uma situação polémica, provocada pela alteração dos conteúdos da mostra "Surrealismo em Portugal, 1934-1952", que foi co-produzida pelo Museu do Chiado, de Lisboa, e pelo Museu Estremenho e Ibero Americano de Arte Contemporânea (MEIAC), de Badajoz. Assumida por um dos comissários da exposição, Perfecto E. Cuadrado, com a solidariedade de Bernardo Pinto de Almeida, director artístico da FCM, a revisão consistiu na retirada de alguns trabalhos de António Pedro e a inclusão de obras que rompiam claramente com a datação proposta por Cuadrado e Maria de Jesus Ávila, os autores do projecto original.Segundo Raquel Henriques da Silva, directora do IPM, a decisão quanto ao encerramento da exposição foi tomada em conjunto com a instituição famalicense: "A proposta foi feita pelo Conselho de Administração da fundação, e eu concordei, pois a situação era dificilmente gerível". Na opinião da responsável do IPM, "o que se tinha passado era inaceitável do ponto de vista institucional", referindo-se à alteração da exposição que chegou a Famalicão para uma simples itinerância e viu o seu conteúdo alterado, através da retirada das obras de António Pedro, "com o argumento de que era fascista", e o aumento do período cronológico que abrangia até à contemporaneidade, com obras de artistas como Paula Rego. "A exposição foi corrigida e aumentada e isso foi proclamado publicamente", sublinha.Por seu lado, Pedro Lapa, director do Museu do Chiado, considera que a atitude da FCM é "a mais coerente, a mais digna, a única possível para salvaguardar o bom nome da instituição". Para aquele director, o fecho antecipado da mostra "era a única forma de repor o seu sentido", notando ainda que, se a FCM está interessada numa outra exposição acerca do surrealismo português, deve realizar um trabalho de investigação e apresentar depois a sua visão de uma forma fundamentada. "Em termos pessoais, lamento o incidente; Portugal tem muito a aprender acerca da forma mais correcta, deontológica e legal de funcionar com assuntos museológicos." E termina dizendo: "A exposição segue dentro de momentos em Madrid", onde será inaugurada a 8 de Janeiro, no Círculo de Belas-Artes, "e a FCM já adiantou que emprestava todas as peças da sua colecção para serem apresentadas na capital espanhola". O PÚBLICO tentou contactar a administração da FCM, que remeteu a sua resposta para a próxima semana. Por seu lado, Bernardo Pinto de Almeida refere o facto de a decisão ter sido "tomada a nível superior e, como tal, não tenho de a comentar". E adiciona: "A minha consciência está tranquila". Recorde-se que, em comunicado anterior a este desfecho da polémica, o Museu do Chiado e o MEIAC consideraram as alterações introduzidas na exposição "um ultraje" aos direitos de autor da comissária Maria de Jesus Ávila. Como resposta, Pinto de Almeida reconheceu na altura ter redigido "com precipitação" uma nota de imprensa onde, em nome pessoal, defendeu a exposição apresentada na FCM, "ligeiramente transformada relativamente às primeiras versões por um dos seus comissários, prof. Perfecto Cuadrado". Na origem da retirada das três obras de António Pedro – "Le crachat embelli" (1934), "Refoulement" (1936) e "Dança da Roda" (1936), obras que Maria de Jesus Ávila considera que são o primeiro confronto do público português com o surrealismo – está uma exigência do pintor e poeta Mário Cesariny, que recusou a convivência das suas obras com as do "fascista" António Pedro. *com Emília Monteiro e Isabel Salema
 

Publicada por Alexandre Pomar à(s) 13:00 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas: 2001, Cesariny, Porto, Surrealismo

sábado, 29 de setembro de 2001

2001, Porto, Museu Soares dos Reis

 Soares dos Reis, “Museu ao fundo” em 2001

EXPRESSO 29/9/2001

Museu ao fundo

O IPM pretendia apresentar recurso no caso do Museu Soares dos Reis (o Ministério preferiu pagar uma fortuna à outra srª: dava um romance da Agustina)

Dois meses depois de reaberto, o Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, mergulha numa nova crise devido ao afastamento da sua directora, Lúcia Almeida Matos, que conduziu durante dois anos (feitos no dia 24) o relançamento de uma instituição há muito arredada de um papel central na vida cultural da cidade, e não só pelo seu longo período de encerramento para renovação das instalações. A realização das importantes exposições ainda previstas no programa da capital cultural não deverá, entretanto, ser posta em risco. Mas, num mar encapelado pelas limitações orçamentais do Ministério da Cultura, particularmente gravosas para o funcionamento corrente dos museus oficiais, a dinâmica global de renovação vivida nos anos recentes sofre um inesperado abalo.

A nova situação resulta de o Ministério não ter recorrido do acórdão do Tribunal Central Administrativo (TCA) que, por ocasião da reinauguração do Museu – intrigante coincidência -, se pronunciou pela não aceitação da candidatura de Lúcia A. Matos ao concurso realizado para a respectiva direcção, em 1999. Em consequência, a anterior directora, Mónica Baldaque, que ficara em segundo lugar nas provas e accionara o recurso para o tribunal, pode vir a ocupar o cargo, embora um novo concurso venha a ter lugar já no próximo ano.

O MC recusou-se a prestar quaisquer esclarecimentos sobre as razões jurídicas, técnicas ou políticas que o levaram a prescindir do recurso, limitando-se a informar que foi acatada a decisão do tribunal. Esse silêncio é tanto mais estranho quanto o incidente é considerado em meios ligados aos museus e às artes como uma grave quebra de solidariedade em relação a anteriores decisões do Ministério e dos responsáveis pela política de museus.

Sem desmentir essa interpretação, Raquel Henriques da Silva, directora do Instituto Português de Museus (IPM), em declarações ao Expresso, optou por frisar que «esta decisão não foi do IPM, nem seria a do IPM; foi do secretário de Estado (que tem a tutela sobre esta área) e do ministro». Para o IPM, acrescenta, «havia substância e conteúdo para accionar o recurso». Na sua opinião, «a própria sentença do TCA abre um espectro de admissibilidade ao concurso por parte dos docentes universitários, independentemente do seu tipo de contrato, que o anterior parecer não vinculativo da Direcção-Geral da Administração Pública (DGAP) não contemplava», pelo que um tal recurso «tinha fundamento jurídico e era formalmente admissível, mesmo se não era certo que ganhasse».

Num esclarecimento da directora do IPM, já publicado no «Público» (dia 17), foi transcrito um passo do acórdão que parece justificar essa alegação: «para efeito de recrutamento para o cargo de director de serviços (…) haverá de reputar-se como 'funcionário' todo o pessoal docente integrado nesta carreira de regime especial que, independentemente da categoria e forma de provimento, assegura funções correspondentes a necessidades permanentes de serviço».

Por outro lado, Raquel Henriques da Silva lamenta que o processo não tenha sido «conduzido até ao fim, o que permitiria que outros aspectos contestados por Mónica Baldaque fossem apreciados». Recorde-se que esta invocara igualmente a existência de parcialidade no concurso e favorecimento na análise do «curriculum» de Lúcia A. Matos – matéria sobre a qual o acórdão não se pronunciou -, pretendendo dar sequência ao caso nos tribunais com base nesse tipo de considerações, que a directora do IPM liminarmente rejeita.

Segundo uma fonte próxima de Mónica Baldaque, ouvida também pelo Expresso, esta «vai recorrer a outras instâncias judiciais para apurar as responsabilidades dos diversos intervenientes no concurso, isto é, se agiram ou não de maneira culposa». Entretanto, «vai esperar que lhe comuniquem se toma ou não posse, e quando». O incidente está assim longe de poder considerar-se encerrado, mas a posição dos agentes do Estado terá sido enfraquecida.

Na base da questão encontra-se o facto de Lúcia Almeida Matos ser, à data do concurso, assistente contratada, em consequência de atraso na prestação de provas de doutoramento. Esse é um estatuto controverso, tal como o dos professores convidados, cuja equiparação ao funcionalismo público ficou por dirimir, sabendo-se no entanto que, por exemplo, a passagem ao escalão seguinte da carreira determina a contagem desse tempo de serviço. A actual directora do Soares dos Reis cumprira já 12 anos de serviço continuado como assistente com horário completo, plenamente integrada na carreira docente.

Entretanto, uma análise de todo o conflito deverá incidir sobre diversos aspectos. A substituição da direcção do Soares dos Reis insere-se numa dinâmica que envolve os 29 museus do IPM por via da aplicação da lei geral sobre directores de serviços, a qual conduziu a uma profunda renovação dos seus dirigentes, apesar de limitada pelas restrições legais que reduzem o recrutamento a funcionários públicos e equiparados. Outros episódios ocorridos, com contestações ou com implicações humanas e profissionais, não tiveram a projecção deste.

É possível que o ministro tenha desejado encerrar um conflito herdado da gestão de Manuel Maria Carrilho, e outras interpretações recordam também que Mónica Baldaque é filha de Agustina Bessa Luís, a qual, durante o mesmo mandato, fora afastada de um cargo quase só honorífico no Teatro D. Maria II, o que a levaria a supor-se vítima de uma dupla perseguição. É também provável que um propósito de pacificação de conflitos nas vésperas de eleições tenha orientado a decisão política, embora criando outros contenciosos internos. Na ausência de respostas do Ministério da Cultura, o caso fica com contornos nebulosos ou mesmo inquietantes.
(com a colaboração de Valdemar Cruz)


Publicada por Alexandre Pomar à(s) 13:06 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas: 2001, Museu Soares dos Reis, Museus, Porto

sábado, 22 de setembro de 2001

2001, MNE, "Isumavut" Inuit

 Etnologia 2001 – “Isumavut” Inuit

a propósito das Pinturas Cantadas das mulheres de Naya, Bengala, Índia, a arte das mulheres esquimós Inuit do Canadá.


Expresso de 22/9/2001

"Construir a tradição"
Gravuras e esculturas de nove mulheres artistas do Canadá
Expresso de 22/9/2001

ISUMAVUT: A Expressão Artística de Nove Mulheres de Cape Dorset

(Museu de Etnologia, Até 16 de Dezembro)

ver: Isumavut: The Artistic Expression of Nine Cape Dorset Women – Isumavut

As paredes brancas lembram as superfícies geladas do círculo polar ao
mesmo tempo que conferem ao espaço do museu a aparência habitual de uma
galeria de arte. Uma exposição vinda do Canadá dá a conhecer exemplos
do que hoje por vezes se designa como arte autóctone contemporânea,
numa das suas numerosas variedades regionais. É para o Museu de
Etnologia uma orientação algo diferente da sua actividade regular, na
qual a dimensão estética dos objectos não é geralmente valorizada por
si mesmo enquanto arte, já que aquela não se separa das funções
utilitárias, rituais e simbólicas das peças expostas, tomadas como
representação de uma cultura tradicional.

A exposição vem do Museu Canadiano das Civilizações – link , de Otava, e apresenta 92 obras de mulheres artistas inuit, ou esquimós, segundo a designação usada até há pouco. Organizada em 1992-94 e colocada depois em itinerância, foi trazida a Lisboa pela Comissão dos Descobrimentos no quadro das celebrações dos 500 anos da chegada dos irmãos Corte Real à Terra Nova e é constituída por gravuras, desenhos e esculturas, sempre acompanhadas por breves textos nos quais as artistas inuit comentam ou elucidam aspectos das suas obras e da sua vida. O título «Isumavut», seguido por «A Expressão Artística de Nove mulheres de Cape Dorset», traduz-se por «o que nós pensamos» ou «a nossa opinião», e é através desses testemunhos que se pode conhecer o contexto cultural de que as obras emergem.

Não são formas de arte tradicional que se expõem, mesmo que os temas das obras quase sempre se refiram a antigos modos de vida da população esquimó do Canadá. A utilização predominante da gravura em pedra e da litografia a cores, em provas impressas de grande qualidade, alerta-nos desde logo para técnicas e condições de produção que não são habituais na arte popular. Por outro lado, a criação artística na antiga sociedade inuit, conhecida através da produção de pequenas esculturas em marfim, osso e pedra, era exclusivamente uma actividade masculina.

O que é especialmente significativo nesta mostra, para além da beleza das obras, é o facto de ela documentar a criação de uma arte autóctone (e também do artesanato que lhe está associado) que tem como destinatário a população branca do sul, surgida numa situação de transformação radical das condições de vida da respectiva população e constituindo-se rapidamente como uma actividade económica significativa, em parte alternativa ao colapso do comércio tradicional das peles. Para uma população activa que ronda as dez mil pessoas, num total de 25 mil habitantes, o número dos artistas e artesãos oficialmente reportoriados ascende a quatro mil. Fortemente estimulada pela administração do Canadá, que lhe assegurou um mercado museológico, galerístico e «turístico» de grande dimensão, adoptada, simultaneamente, como arte oficial e como verdadeira indústria de exportação, a produção dos artistas inuit está também intimamente associada ao processo de afirmação da identidade cultural do seu povo e de conquista da autonomia política, que conduziu, já em 1999, à criação da nova região administrativa do Canadá, Nunavut.

Na década da 50 tinha-se completado a sedentarização da população inuit e também a destruição da sua economia de subsistência. Na década seguinte, Cape Dorset, uma povoação que tem hoje 1500 habitantes, no sul da ilha de Baffin, tornava-se a capital artística da região sub-ártica por influência directa de James Houston, um artista de Toronto que aí se instala e introduz a prática da gravura, segundo métodos aprendidos no Japão, promovendo a fundação de uma cooperativa pioneira a que estão associadas várias das artistas apresentadas. Os seus testemunhos na exposição e no catálogo dão conta do estímulo económico directo que esteve na origem desta produção artística, orientada intencionalmente para a fixação de testemunhos sobre as formas tradicionais de vida.

Usando temas da fauna do ártico e cenas da vida quotidiana ou da caça tradicional, a par de representações de espíritos e imagens mitológicas e chamânicas, numa direcção mais livremente imaginária, estas obras constroem a memória colectiva e local de uma sociedade em mudança. 

Publicada por Alexandre Pomar à(s) 13:29 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas: 2001, Etnologia, MNE

sábado, 8 de setembro de 2001

Picasso, “Suite 347” em Cascais

 

Picasso (2001) – a “Suite 347”


1.
Picasso, «Suite 347»
   
(Centro Cultural de Cascais, Setembro – até 4 de Novembro)
Expresso Cartaz de 8/9/2001  (nota)


Exposta pela primeira vez na Galerie Louise Leiris a 19 de Dezembro de 1968, em Paris, é uma gigantesca série de gravuras que Picasso realizou no seu
atelier de Notre-Dame-de-Vie (Mougins) entre 16 de Março e 5 de Outubro
desse mesmo ano, em mais um ciclo de extraordinária energia ou
compulsão criadora, já cinco anos antes da sua morte mas com plena
posse dos seus meios.
Através de uma grande diversidade de formatos e continuando a explorar
todos os recursos técnicos da gravura, o velho artista regressa ao tema
espanhol da Celestina, parodia os pícaros e os mosqueteiros do Siglo de
Oro, dedica-se às cenas do circo e aos temas da mitologia
mediterrânica, para concluir com Rafael e a Fornarina, uma sequência de
21 gravuras que tomou lugar destacado na recente mostra parisiense
«Picasso Erótico» (a partir de 15 de Outubro, em Barcelona), mas que em
1968-69 só podia ver-se numa sala privada da galeria.
Nessa série, Picasso inspira-se em dois quadros de Ingres para evocar
mais uma vez, mas com uma veemência ou ousadia inédita, através do
famoso episódio amoroso da vida de Rafael, o tema do pintor e o
modelo-amante, na presença de um «voyeur», que é em geral o próprio
papa, mas pode ser também Miguel Ângelo ou o gravador Piero
Crommelynck. Pertencente à Fundação Bancaixa, de Valência, a
apresentação desta série de gravuras segue-se, em Cascais, às da "Suite
Vollard", datada dos anos 30, e «156», de 1970-72. (Até 4 Nov.)

2.
Expresso Cartaz de 15/9/2001

"Picasso inesgotável"
As gravuras completas da «Suite 347» expostas em Cascais. Uma explosão criativa de 1968

Ao longo das salas do Centro da Gandarinha, as gravuras de Picasso cobrem as paredes em filas compactas de duas ou três estampas sobrepostas. Alinhadas por ordem cronológica, muito diversas nas suas dimensões, técnicas e temas, são um espectáculo inesperado que não se poderá esgotar numa única visita. Aproveitando o facto de a entrada ser gratuita, há que dividir o percurso em etapas e voltar à exposição uma vez e outra.

São as páginas de um longo diário pessoal que se expõem, uma imensa
banda desenhada sem fio narrativo reconhecível, uma torrente de imagens
fantasistas feitas numa só explosão de humor (de bom humor) durante a
qual Picasso revisita muitos dos temas da sua obra, percorre as suas
memórias imaginárias de Espanha e dialoga com todos os maiores pintores
que o precederam, num exercício de criação que se diria totalmente
despreocupado, de tal forma é rápido e livre o traço inscrito nas
pranchas de cobre.

O nome da «Suite 347» refere o número das gravuras realizadas num
jacto de sete meses, entre 16 de Março e 5 de Outubro, e a data não é
indiferente. Não existe uma sintonização directa com os acontecimentos
desse ano, que se anunciaram em Fevereiro em Espanha e a partir de
Março se agravaram em Paris, até à paralisação geral da França, mas as
circunstâncias foram propícias à febre criativa em o velho pintor de 86
anos mergulhou.

Instalado no que foi o seu último atelier, com o nome profético de
Notre-Dame-de-Vie, em Mougin, Picasso estava recuperado da operação que
fizera no final de 1965 e o retiro em que vivia, controlado por
Jacqueline, torna-se com a crise política uma clausura total, apenas
furada pelo uso constante da televisão e do telefone. A gasolina falta
e interrompem-se as visitas dos amigos e galeristas. A única presença é
a de Aldo Crommelynck, o gravador inteiramente disponível ao seu
serviço, com um oficina montada nas imediações, que todos os dias lhe
traz as chapas preparadas e volta com as provas impressas.

De Gaulle aparece numa das gravuras (21-22 de Abril), caricaturado
de calças em baixo e armadura do tempo dos Filipes, com ar de não
compreender o que lhe estava a acontecer. Picasso também não entenderia
o curso dos acontecimentos e não é de política que se ocupa, ainda que
se possa associar aos ventos da contestação da época o carácter
irreverente e paródico das gravuras. No excelente catálogo que também
vem da Fundação Bancaja, de Valência, um texto de Brigitte Baer, autora
do catálogo «raisonné» da sua obra gráfica, busca algumas referências
factuais (filmes exibidos na televisão, o assassínio de Robert Kennedy,
por exemplo), mas as pistas são escassas para decifrar as charadas que
o pintor nos oferece.

É o universo autobiográfico da sua obra (não da sua vida) que
Picasso desenha, inteiramente entregue às fantasias sexuais e à revisão
livre de uma memória muito pessoal da história da Arte. «Picasso, a sua
obra e o seu público» é o título da primeira estampa, onde se
auto-retrata de perfil, e a sua imagem mais ou menos reconhecível surge
noutros desenhos, na figura de um velho que, de lado, no lugar do
«voyeur», contempla uma cena erótica. Há, por vezes, algo de pungente
nessa distância, mas mais do que a melancolia é a expressão do desejo e
um humor libertário que orienta toda a «suite», até à sequência quase
final dedicada aos amores de Rafael e Fornarina, nova variação,
raramente exposta, sobre o tema predilecto do pintor e o modelo.

O circo, com saltimbancos e palhaços, a mitologia clássica, com
raptos de sabinas, carros de combate gregos, bacantes e faunos, os
espadachins e mosqueteiros do «Siglo de Oro», a figura da Celestina (a
alcoviteira do século XV que retratara já durante o período azul)
servem de temas a uma produção que tem a figura da mulher, o corpo
feminino, como pólo inesgotável. Citando, de Velázquez a Monet, todos
os grandes antepassados directos, Picasso procede a uma esfusiante
dessacralização da arte.

Publicada por Alexandre Pomar à(s) 13:17 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas: 2001, Cascais, Picasso

sábado, 16 de junho de 2001

Veneza 2001: João Penalva, "R."

 "Um palácio em Veneza"

Expresso (Cartaz Actual de 16/6/2001, pp. 4 e 5, e antes/abaixo  19-08-2000)

Portugal em competição em Veneza com uma cenográfica instalação de João Penalva

Coexistem duas bienais em Veneza. Uma é a das representações nacionais, apresentadas quer em pavilhões próprios nos Jardins do Castelo, construídos desde 1907 numa bem curiosa sucessão de estilos arquitectónicos (a bienal seguiu o modelo das exposições universais), quer dispersas pela cidade em espaços variados, no caso dos países sem pavilhão. Outra bienal, a grande exposição do director de cada edição, que visa ser uma proposta cosmopolita sobre o estado da arte e o seu futuro. Esse diálogo, em grande medida um diálogo de surdos, entre valores nacionais e um ponto de vista internacional, no qual intervêm tanto os países do centro como as periferias mais distantes (excepto a África), é bem elucidativa das resistências à globalização da arte do mundo, que não é o mesmo que «o mundo da arte».

Candidato à construção de casa própria desde 1995, para o que foi convidado Álvaro Siza (mas nesse ano suspenderam-se todas as solicitações nacionais), Portugal é um dos exilados dos «Giardini», compensando a localização periférica com a dignidade de um palácio alugado e vontade de identificar-se com os valores dominantes do «art world». Depois de Julião Sarmento e Jorge Molder, em 97 e 99, é João Penalva quem ocupa o Palazzo Vendramin dei Carmini, por escolha do comissário nacional designado para este ano, Pedro Lapa, director do Museu do Chiado.





A palavra ocupar tem aqui pleno sentido porque a obra de Penalva se instala cenograficamente ao longo de cinco salas comunicantes entre si, configurando o espaço de um espectáculo sem actores, mas com projecções de vídeo, a percorrer demoradamente para que seja possível detectar e relacionar as pontas das numerosas histórias esboçadas pelo artista. Trata-se de uma instalação, onde a decoração do palácio é em parte utilizada no seu luxo decadente, em parte alterada e ocultada, para acolher três grandes ecrãs, vitrinas com objectos ou documentos, fotografias de grande formato, mobiliário e adereços diversos. Tudo peças de um vasto «puzzle» montado com ambição de obra de arte total (um conceito wagneriano), que por isso mesmo nunca se resolverá numa narrativa ou chave únicas.

O título, "R.", preserva o segredo sobre os «enredos» presentes. Saberão alguns, ou lerão na informação disponibilizada, que a inicial designava Richard Wagner nos diários de Cosima, e a obra do compositor alemão está presente através de "Os Mestres Cantores de Nuremberga" (Die Meistersinger von Nürnberg). As duas salas sem ecrãs são-lhe dedicadas - sem música, mas invadidas pelo som (e diálogos) dos vídeos -, com material gráfico (imagem e texto: retratos de cantores, fotografias de cena, fragmentos do libretto, etc) e adereços que se dispõem nas vitrinas e nas paredes, ocupando espaços da decoração mural. Na mais pequena, apenas um idêntico expositor com bolas de papel: «Cinco críticas muito más a produções de "Os Mestres Cantores"». A citação de Wagner também referirá a relação pessoal de Penalva com os (alguns) críticos. No modelo e uso das vitrinas pode reconhecer-se a referência a Joseph Beuys.

Mais do que a homenagem a Wagner, importa aqui o argumento daquela ópera e também o trânsito entre identidade artística e intimidade pessoal, fazendo um desvio da obra do compositor para a relação com a sua mulher, da arte à vida. "Os Mestres Cantores" é a história de um prova de admissão à respectiva corporação prestada por um jovem aristocrata. O tema envolve um concurso, com regras definidas e júri, logo, as ideias de exame, prova, êxito ou derrota, aprendizagem, perfeição, cumprimento de normas e originalidade. A esses tópicos Penalva associou ilustrações do mundo competitivo do desporto, dos concursos de dança ou patinagem no gelo e mesmo do Festival da Eurovisão, evocando o desaire da «Desfolhada» cantada por Simone em 1969 noutra vitrina de documentos e em fotografias de época. Implicitamente, é a própria participação de Penalva na Bienal que está presente como problema.

O desporto comparece em grandes fotografias a preto e branco dos pódios onde se consagram os vencedores e, em especial, num vídeo de poderoso impacto (projectado em alternância com um texto da ópera) no qual se vê um atleta na prova de argolas, filmado em planos fragmentados e muito aproximados, com a concisão e o ritmo de um «spot» publicitário. Toda a instalação dialoga com esse vídeo, que opõe o vermelho-vivo do fato aos tons barrocos do cenário, a urgência mecânica à lentidão dos outros filmes sem acção, o impacto directo dessas imagens breves à possível densidade narrativa de tudo o resto, um corpo vivo a um mundo de memórias.

Os dois outros ecrãs são preenchidos por imagens quase fixas (um lago da Suiça próximo de Lucerna e um pedaço de paisagem filmada na Madeira, com uma fogueira) acompanhadas por uma presença marcante de textos literários, cartas passionais, o diário de Cosima, etc. - lidos em esperanto com legendas em inglês. Uma dessas projecções é feita sobre um pequeno palco precedido por um piano, diante de filas de bancos desirmanados. O contraste da decoração luxuosa das salas e de algum mobiliário com a precaridade pobre de outros elementos é uma das notas que se reconhecerão lentamente, a somar a outros sentidos alegóricos do trabalho de Penalva.

A representação é acompanhada por um catálogo trilingue sobre a instalação, prefaciado por Pedro Lapa, e por uma volumosa monografia sobre a obra de Penalva, em edição Electa, também encadernada, com textos em inglês do comissário e de Mark Gisbourne e Guy Brett, mais um diálogo de Yuko Hasegawa com o artista. Esses são elementos de uma acção promocional de grande escala que tem procurado, desde 1997 (após a mais pobre participação de 95, em que compareceram Croft, Cabrita Reis e Chafes, o que foi uma boa ideia de programação), conferir visibilidade à presença nacional. Conduzida pelo Instituto de Arte Contemporânea, em moldes idênticos aos usados nos festivais de cinema, a operação inclui «marketing» profissionalizado, jantar e festa oferecidos no pavilhão (este ano substituindo o fausto do Pap'Açorda por um mais económico menu italiano), e a presença de alguns convidados, incluindo imprensa, como se diz, especializada. (1)

     Perfil      
João Penalva nasceu em Lisboa em 1949 e reside e trabalha em Londres desde 1976, onde estudou na Chelsea School of Art até 1981. No seu itinerário artístico há que contar os anos anteriores dedicados à dança, tendo chegado a fazer parte da companhia de Pina Bausch, e mais tarde trabalhou como cenógrafo. Em 1990 foi como pintor que expôs no Centro de Arte Moderna, em Lisboa; passou, na década seguinte, a apresentar instalações e montagens de materiais diversos com sentido narrativo. Para além de expor regularmente em Londres, representou Portugal na Bienal de São Paulo de 1996 e o Centro Cultural de Belém organizou em 1999 uma ampla mostra do seu trabalho. Entre outras participações em mostras internacionais, destaca-se a presença na 2ª Bienal de Berlim.

#

E a história desta bienal começara assim com a nomeação do comissário:

Pedro Lapa comissário da Bienal de Veneza
Expresso Cartaz (actual) 19-08-2000

O MINISTRO da Cultura, José Sasportes (2), nomeou Pedro Lapa, director do Museu do Chiado, para comissariar a representação portuguesa na próxima Bienal de Veneza, que decorrerá em 2001. Depois da retoma das representações nacionais, em 1995, sucederam-se nessas funções José Monterroso Teixeira, que seleccionou José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis e Rui Chafes; Alexandre Melo, que apresentou Julião Sarmento em 1997, e Delfim Sardo, com a escolha de Jorge Molder, em 1999. Portugal continua, no entanto, a não possuir um pavilhão próprio no recinto da Bienal, sendo forçado a alugar um espaço exterior de menor visibilidade.

Pedro Lapa comissariou - no Museu do Chiado, cujo quadro integrou em 1990 (ainda Museu Nacional de Arte Contemporânea) - a retrospectiva de Jorge Vieira, foi co-responsável pela retrospectiva de Mário Eloy e dirigiu mais recentemente a exposição e o catálogo «raisonné» dedicados a Joaquim Rodrigo. Entre outros projectos, conta-se a apresentação, desde 1995, de dois ciclos de mostras de jovens artistas no mesmo museu (o ciclo «Interferências» prossegue com uma instalação de Miguel Palma), tendo ainda integrado temporariamente o quadro do Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém, onde programou, a mostra inglesa «Life/Live» e exposições de Picabia e Júlia Ventura. Actualmente, Pedro Lapa prepara uma antologia de Man Ray para o museu que dirige, uma mostra de Stan Douglas e ainda uma colectiva de jovens artistas portugueses para a Culturgest e uma outra, internacional, a ser apresentada na Fundição de Oeiras com o título «More Words About Building and Food». Num texto recente sobre os anos 90, «O Grupo e as Suas Migrações», publicado na revista «Arte Ibérica» de Fevereiro deste ano, Pedro Lapa assumira uma posição muito negativa face ao curso da arte nos anos 80, condenando o «efeito de moda que os 'regressos à pintura' e todos os neo-expressionismos representavam», bem como face aos «investimentos promocionais em artistas contemporâneos já consagrados nessa década», a propósito de uma falta de promoção institucional dos artistas revelados nos anos 90 que se teria verificado nos anos mais recentes.

Quanto aos artistas surgidos na última década, valorizava o «reactivar de uma perspectiva crítica, através de deslocações forjadas pela apropriação dos tradicionais meios de comunicação de massas e respectivas recontextualizações ideológicas». No mesmo artigo destacava os percursos de João Penalva, João Paulo Feliciano, João Louro e João Tabarra, Fernando José Pereira, Miguel Palma, Ângela Ferreira, Augusto Alves da Silva, Cristina Mateus ou Francisco Tropa, tendo alguns deles apresentado instalações no Museu do Chiado.

(1) Tinha decidido não ir a Veneza (apesar de Szeemann) mas Sasportes insistiu/investiu na cobertura da representação nacional, e fui a convite do MC, o que aconteceu só nesta edição.

(2) Sasportes inaugurou um novo modelo de escolha da representação, atribuindo-a a um museu ou instituição artística. A seguir coube a Serralves e depois o modelo foi abandonado.

Tags: Biennale di Venezia, João Penalva, Pedro Lapa, venice biennale

Publicada por Alexandre Pomar à(s) 15:46 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas: 2001, Bienal de Veneza, João Penalva, José Sasportes, Pedro Lapa, Veneza, Venice
Mensagens mais recentes Mensagens antigas Página inicial
Subscrever: Comentários (Atom)
  • Exhibitions, Autores, Edições, História
  • Alexandre Pomar (Academia.edu)
  • Alexandre Pomar (Typepad)

Arquivo do blogue

  • ▼  2025 (49)
    • ▼  novembro (1)
      • 1955-1957, Júlio Pomar. Depois do neo-realismo
    • ►  outubro (17)
    • ►  setembro (12)
    • ►  agosto (16)
    • ►  maio (3)
  • ►  2024 (3)
    • ►  setembro (1)
    • ►  junho (2)
  • ►  2023 (7)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2022 (4)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  abril (1)
  • ►  2021 (1)
    • ►  novembro (1)
  • ►  2020 (2)
    • ►  julho (1)
    • ►  fevereiro (1)
  • ►  2018 (22)
    • ►  novembro (11)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  janeiro (8)
  • ►  2017 (3)
    • ►  outubro (2)
    • ►  agosto (1)
  • ►  2016 (10)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  outubro (3)
    • ►  agosto (1)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (3)
  • ►  2015 (20)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (6)
    • ►  agosto (3)
    • ►  junho (2)
    • ►  abril (6)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2014 (59)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (2)
    • ►  maio (6)
    • ►  abril (25)
    • ►  março (19)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (4)
  • ►  2013 (91)
    • ►  dezembro (17)
    • ►  novembro (11)
    • ►  setembro (10)
    • ►  agosto (5)
    • ►  julho (31)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (4)
    • ►  março (3)
    • ►  fevereiro (1)
  • ►  2012 (8)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (2)
  • ►  2011 (1)
    • ►  março (1)
  • ►  2010 (3)
    • ►  novembro (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  fevereiro (1)
  • ►  2009 (5)
    • ►  julho (2)
    • ►  maio (3)
  • ►  2008 (8)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (1)
    • ►  maio (2)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (1)
  • ►  2007 (2)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (1)
  • ►  2006 (4)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (1)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (1)
  • ►  2005 (5)
    • ►  agosto (1)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  março (1)
  • ►  2004 (1)
    • ►  agosto (1)
  • ►  2003 (1)
    • ►  maio (1)
  • ►  2002 (4)
    • ►  outubro (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  fevereiro (1)
  • ►  2001 (15)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (2)
    • ►  setembro (3)
    • ►  junho (3)
    • ►  abril (1)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2000 (3)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  fevereiro (1)
  • ►  1999 (7)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (1)
  • ►  1998 (1)
    • ►  junho (1)
  • ►  1997 (2)
    • ►  julho (1)
    • ►  abril (1)
  • ►  1996 (1)
    • ►  dezembro (1)
  • ►  1995 (3)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  1994 (7)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (2)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  1993 (12)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  1992 (3)
    • ►  setembro (1)
    • ►  maio (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  1991 (2)
    • ►  novembro (1)
    • ►  abril (1)
  • ►  1984 (2)
    • ►  abril (2)
  • ►  1981 (1)
    • ►  maio (1)

Alexandre Pomar

Alexandre Pomar
Lisboa, Portugal
Ver o meu perfil completo
Powered By Blogger

APomar

A carregar...

Visualizações de páginas no último mês

Etiquetas

  • 1934 (4)
  • 1936 (1)
  • 1937 (1)
  • 1938 (4)
  • 1943 (1)
  • 1944 (1)
  • 1945 (3)
  • 1946 (1)
  • 1947 (1)
  • 1948 (3)
  • 1951 (4)
  • 1952 (3)
  • 1953 (2)
  • 1954 (2)
  • 1955 (1)
  • 1956 (1)
  • 1957 (1)
  • 1958 (1)
  • 1959 (2)
  • 1973 (1)
  • 1981 (1)
  • 1982 (1)
  • 1983 (2)
  • 1984 (3)
  • 1985 (1)
  • 1987 (1)
  • 1990 (1)
  • 1991 (4)
  • 1992 (4)
  • 1993 (14)
  • 1994 (8)
  • 1995 (6)
  • 1996 (4)
  • 1997 (3)
  • 1998 (5)
  • 1999 (7)
  • 1999. Notas (1)
  • 2000 (5)
  • 2001 (18)
  • 2002 (4)
  • 2003 (5)
  • 2004 (4)
  • 2005 (7)
  • 2006 (4)
  • 2007 (5)
  • 2008 (10)
  • 2009 (5)
  • 2010 (3)
  • 2010 Batarda (1)
  • 2011 (1)
  • 2012 (3)
  • 2013 (42)
  • 2014 (11)
  • 2015 (11)
  • 2016 (7)
  • 2018 (2)
  • 2020 (2)
  • 2021 (2)
  • 2022 (4)
  • 2023 (6)
  • 2024 (5)
  • 2025 (20)
  • 2025 When we see us (1)
  • 25 de Abril (1)
  • 4 fotografos de Moçambique (1)
  • A. Lacerda Nobre (2)
  • Abbas (1)
  • AC (1)
  • Adelino Lyon de Castro (6)
  • Afal (2)
  • Africa (1)
  • África (2)
  • Africa in the Photobook (1)
  • Africa.cont (1)
  • African Photography (3)
  • AGC (1)
  • Agência Geral das Colónias (2)
  • Alexandre Pomar (1)
  • Algarve (1)
  • Alice Neel (5)
  • Almeria (1)
  • Alvão (1)
  • Álvaro Colaço (2)
  • Amazónia (2)
  • Amor Veneris (1)
  • Ana Mata (2)
  • André Kertész (1)
  • Andrea Stultiens (1)
  • Andrew Roth (1)
  • Angela Ferreira (1)
  • Angola (7)
  • Angola 1938 (32)
  • Angola 1938. O Mundo Português (1)
  • Anjos Urbanos (6)
  • António Carrapato (14)
  • António Ferro (2)
  • António Júlio Duarte (2)
  • António Lacerda Nobre (2)
  • António Quadros (2)
  • António Sena (12)
  • Arco (1)
  • arquitectura (2)
  • Arquitectura Popular em Portugal (1)
  • Arquitectura Portuguesa (1)
  • Arquivo Expresso (2)
  • Arquivo Português de Fotografia (2)
  • Arte Fotográfica (1)
  • Arte Periférica (2)
  • Arte Pública (1)
  • Artecapital (1)
  • Artes Indígenas (1)
  • artes modestas (1)
  • Artur Pastor (3)
  • Artur Rodrigues da Fonseca (1)
  • Árvore (2)
  • As Mulheres do Meu País (2)
  • Atelier-Museu (17)
  • Augusto Alves da Silva (8)
  • Augusto Cabrita (2)
  • Aurélio Paz dos Reis (1)
  • Badajoz (1)
  • Balthus (1)
  • Banco de Angola (1)
  • Barreiro (1)
  • Batalha de Sombras (1)
  • Batarda (3)
  • Beaubourg (1)
  • Beaumont Newhall (1)
  • Beirute (1)
  • Belém (1)
  • Benjamim Pereira (1)
  • Benoliel (2)
  • Bertholo (1)
  • Bienal de São Paulo (1)
  • Bienal de Veneza (3)
  • BPA-MVC-VC (1)
  • Brasil (10)
  • Brennand (1)
  • Brito Camacho (1)
  • Bruno Z'graggen (1)
  • Bruxelas (2)
  • Buala (2)
  • CAM (5)
  • Campo de Agramante (1)
  • Capital Cultural (1)
  • Carlos Estermann (2)
  • Carlos Gonçalves (1)
  • Carmona (1)
  • Caroline Pagès (1)
  • Casa da Cerca (1)
  • Cascais (2)
  • Castro Soromenho (2)
  • CCB (4)
  • CCB Exposições (4)
  • Central Tejo (1)
  • Centro Cultural Emmerico Nunes (9)
  • Centro de Artes de Sines (4)
  • Centro Intercultura Cidade (5)
  • Centro Português de Fotografia (1)
  • Cesariny (1)
  • Céu Guarda (1)
  • Chagas dos Santos (1)
  • Chiado (1)
  • Christian Bouqueret (1)
  • CIAJG (2)
  • Circa 1968 (2)
  • CML (1)
  • Col Cachola (1)
  • Colecção CGD (5)
  • Colecção do Estado (1)
  • colonialismo (6)
  • Comandante António José Martins (1)
  • cont (1)
  • Cordoaria (3)
  • CPF (2)
  • Cristina's History (2)
  • Cristobal Hara (1)
  • Crítica (4)
  • Crónica (1)
  • cronologia (1)
  • Culturgest (6)
  • Daniel Arasse (1)
  • Daniel Masclet (2)
  • Dante Vacchi (1)
  • David Infante (5)
  • De Maputo (15)
  • DESIGN (2)
  • DGAC - SEC (1)
  • Diamang (1)
  • Diário de Lisboa (2)
  • Diário de Luanda (2)
  • Doçaria (1)
  • Domingos Alvão (1)
  • Dubai (1)
  • ECP (1)
  • ECP Porto (1)
  • EDP (1)
  • Eduardo Harrington Sena (1)
  • Eduardo Portugal (1)
  • Eleições de 1958 (1)
  • Eli Lotar (1)
  • Elmano Cunha e Costa (12)
  • Emiília Tavares (1)
  • Emília Tavares (3)
  • Empire Exhibition (1)
  • Encontro de Fotografia Antiga (1)
  • Encontros de Braga (2)
  • Encontros de Coimbra (1)
  • Entrevista (2)
  • Enwezor (3)
  • Ericeira (1)
  • Ernesrto de Sousa (1)
  • Ernesto de Sousa (1)
  • erotismo (1)
  • ESBAP (1)
  • Estorick Collection / London. (1)
  • Ether (11)
  • Etnografia angolana (2)
  • Etnologia (4)
  • Eugenia Mussa (1)
  • Europalia (1)
  • Europália 91 (3)
  • Europalia'91 (2)
  • Évora (3)
  • Exposição de 1934 (1)
  • Exposição-Feira (9)
  • Exposições africanas (1)
  • Exposições coloniais (8)
  • Exposições Gerais (1)
  • Expresso (2)
  • Fátima Mendonça (2)
  • Fernando Batalha (1)
  • Fernando Calhau (3)
  • Fernando de Azevedo (1)
  • Fernando Guedes (1)
  • Fernando Lanhas (5)
  • Fernando Lemos (2)
  • Fernando Mouta (2)
  • Filipe Branquinho (5)
  • Firmino Marques da Costa (12)
  • Fontcuberta (1)
  • Fotografi de Angola (1)
  • fotografia (5)
  • Fotografia africana (1)
  • fotografia brasileira (1)
  • fotografia de Angola (4)
  • Fotografia de Moçambique (1)
  • fotografia portuguesa (11)
  • Fotografia Subjectiva (1)
  • Fotografias (3)
  • Fotógrafo Desconhecido (1)
  • Fotoporto (1)
  • Fototeca do Palácio Foz (1)
  • Francis Bacon (1)
  • François Hebel (1)
  • Frank Thiel (1)
  • FRené Bertholo (1)
  • From Maputo (1)
  • Gal. Pedro Oliveira (1)
  • Galeria 111 (10)
  • Galeria Ana Isabel (1)
  • Galeria Cómicos - Luís Serpa (1)
  • Galeria de Março (1)
  • Geração de 45 (1)
  • Gravura (2)
  • Grémio Português de Fotografia (4)
  • Grupo de Évora (16)
  • Guerra Colonial (1)
  • Guia da Exposição-Feira (1)
  • Guilherme Godinho (4)
  • Guimarães (1)
  • Guiné-Bissau (2)
  • Gulbenkian (4)
  • GUTTUSO (1)
  • Harrington Sena (1)
  • Harry Callahan (1)
  • Helmar Lerski (1)
  • Henrique Galvão (5)
  • Henriques e Silva (1)
  • Hervé di Rosa (1)
  • História (9)
  • Horácio Fernández (1)
  • Hospital do Barreiro (1)
  • IAC (1)
  • Iluminando Vidas (2)
  • Images Portugaises (1)
  • Imprensa (2)
  • Independentes (1)
  • Instituto Moreira Salles (1)
  • Ist Press (1)
  • Jean Clair (1)
  • Joana Vasconcelos Colecção Berardo (1)
  • Joannesburg 1936 (1)
  • João Cutileiro (16)
  • João Fernandes (1)
  • João Francisco (11)
  • João Leal (1)
  • João Pedro Vale (1)
  • João Penalva (1)
  • João Queiroz (1)
  • Joel Stenfeld (1)
  • Jorge Calado (8)
  • Jorge de Brito (1)
  • Jorge Dias (1)
  • Jorge Marçal da Silva (1)
  • Jorge Soares (5)
  • Jornal do Barreiro (2)
  • José Afonso (1)
  • José Cabral (28)
  • José Luís Madeira (2)
  • José M. Rodrigues (23)
  • José Manuel Fernandes (1)
  • José Redinha (5)
  • José Sasportes (1)
  • José Veloso de Castro (2)
  • José-Augusto França (1)
  • Joshua Benoliel (1)
  • Julio Pomar (7)
  • Júlio Pomar (13)
  • Júlio Resende (1)
  • Kameraphoto (1)
  • Karin Monteiro (1)
  • Keil do Amaral (2)
  • Kerry James Marshall (1)
  • Kok Nam (1)
  • Koyo Kouoh (2)
  • L'oeil de la photographie (1)
  • Lagos (1)
  • Lapiz (1)
  • Lartigue (1)
  • Laura Terré (1)
  • Le Point du Jour (1)
  • Lee Friedlander (1)
  • Leiria (2)
  • Lina Bo Bardi (1)
  • Lisboa (5)
  • Lisboa 94 (1)
  • Lisboa Cidade Triste... (1)
  • LisboaPhoto (5)
  • Londres (1)
  • Lourenço Marques (1)
  • Luanda (3)
  • Lubango (1)
  • Luís Basto (15)
  • Luis Carlos Patraquim (1)
  • Luis Pavão (1)
  • Luisa Ferreira (2)
  • MAAT (2)
  • Madrid (4)
  • Magnum (1)
  • Malangatana (1)
  • Manoel de Oliveira (1)
  • MAP (1)
  • Maputo (10)
  • Margarida Acciaiuoli (1)
  • Maria Condado (1)
  • Maria Lamas (7)
  • Mariano Piçarra (1)
  • Mário Cravo Neto (1)
  • Mário Dionísio (1)
  • Mário Novais (2)
  • Mário Teixeira da Silva (2)
  • Marlene Dumas (1)
  • Martin Parr (2)
  • Mauro Pinto (1)
  • Mauro Pinto. Ocupações (1)
  • MC (2)
  • Mendes Correia (1)
  • Mês da Fotografia / Lisboa (5)
  • Mês da Fotografia. Lisboa (1)
  • Mesas pintadas (1)
  • MET (1)
  • Miguel Portas (1)
  • Mikael Levin (2)
  • Mimo-Museu da Imagem em Movimento (2)
  • MIRIAM CAHN (2)
  • MNE (3)
  • Moçambique (13)
  • Módulo (6)
  • Moira Forjaz (12)
  • MoMA (1)
  • Mónica Machado (1)
  • Monitor (1)
  • Monumento (1)
  • Monumentos coloniais (1)
  • Mozambique (1)
  • Muipiti (1)
  • Munique (3)
  • Museu (1)
  • Museu Arpad e Vieira (2)
  • Museu Berardo (1)
  • Museu da Luz (1)
  • Museu de Arte Popular (1)
  • Museu do Chiado (2)
  • Museu do Dundo (2)
  • Museu do Neo-realismo (1)
  • Museu Militar (1)
  • museu santo António (1)
  • Museu Soares dos Reis (1)
  • Museus (3)
  • Nasoni (1)
  • Nathanaelle Herbelin (1)
  • Nazaré (1)
  • Necrologia (1)
  • Neo-realismo (14)
  • Neorrealismos (11)
  • Norton de Matos (2)
  • Novo Banco Photo (1)
  • Nozolino (1)
  • Nuno Alexandre Ferreira (1)
  • Nuno Viegas (2)
  • O Mundo Português (1)
  • Objectiva (8)
  • Obra gráfica (1)
  • Olhares Estrangeiros (1)
  • Olho por Olho (4)
  • Orsay (1)
  • Otto Steinert (1)
  • P4 (5)
  • Página ARTE (1)
  • Paisagem (2)
  • Pancho Guedes (2)
  • Panorama (7)
  • Paris (2)
  • Paris 1931 (1)
  • Paris Noir (1)
  • Paris Photo (1)
  • Parque Eduardo VII (1)
  • Pasage (1)
  • Paula Oudman (1)
  • Paulo Nozolino (2)
  • Pavia (1)
  • PCP (1)
  • Pedro Lapa (2)
  • Pedro Lobo (15)
  • Pedro Reigadas (2)
  • Pequena Galeria (47)
  • Photobook (2)
  • PHotoEspaña (1)
  • Picasso (1)
  • Pickpocket (1)
  • Pickpoket (1)
  • Plano Focal (1)
  • Polémica (1)
  • Politica Cultural (1)
  • política cultural (3)
  • Pompidou (1)
  • Porto (11)
  • Porto 1934 (4)
  • Porto 2001 (5)
  • post editions (1)
  • Postwar (3)
  • Prémio AICA (1)
  • Prémio BES (1)
  • primitivismo (2)
  • Próximo Futuro (1)
  • Público (3)
  • Rangel (4)
  • Realismo (3)
  • Redescobrimento (2)
  • Regards Etrangers (1)
  • Reina Sofia (1)
  • religião popular (1)
  • René Bertholo (6)
  • Revue Noire (2)
  • Ribeira do Tejo (1)
  • Ricardo Canelas (2)
  • Ricardo Rangel (1)
  • Richard Misrach (1)
  • Robert Colescot (1)
  • Rogério (9)
  • Royal Academy (1)
  • Rumor (1)
  • Salamanca (1)
  • Salão 1 / Pequena Galeria (1)
  • Salão 2 (4)
  • Salão de Arte Fotográfica (3)
  • Salões (1)
  • Salões da CUF (2)
  • Samuel Matzig (2)
  • Santana Lopes (2)
  • Sara Maia (1)
  • Sebastião Salgado (1)
  • SEC (5)
  • Secção Colonial (1)
  • Sem Flash (1)
  • Sena da Silva (1)
  • Sérgio Gomes (7)
  • Sérgio Mah (3)
  • Sergio Santimano (2)
  • Serralves (13)
  • Shogi Ueda (1)
  • Sines (8)
  • Sintra (1)
  • SNI (2)
  • Sociedade Propaganda de Portugal (1)
  • Solar dos Jorges (4)
  • Sommer Ribeiro (1)
  • SPN (2)
  • Stieglitz (1)
  • Surrealismo (2)
  • Szeemann (1)
  • Teresa Siza (1)
  • Todolí (1)
  • Torres Vedras (5)
  • Tribuna (1)
  • tropelias (1)
  • vanguarda (1)
  • Vasco Regaleira (2)
  • Vasco Vieira da Costa (4)
  • Veneza (2)
  • Venice (1)
  • Vértice (1)
  • Viagem presidencial (1)
  • Victor Palla (5)
  • Vitor Chagas dos Santos (1)
  • Weegee (1)
  • William Ewing (1)
  • zoos humanos (1)

Subscrever

Mensagens
Atom
Mensagens
Comentários
Atom
Comentários

Translate

Pesquisar neste blogue

Tema Simples. Com tecnologia do Blogger.