segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Mais Módulo, 1987... 2006

"O perfil de uma galeria": Agathe Gaillard, 6 Fev. 1987

Bernard Faucon, Maio 1985, e de novo em 1989 e 1992, pelo menos

"Casa de Luz - Colección Mário Teixeira da Silva. 
Fundació Foto Colectania, Barcelona, 20 Out. 2004

Bill Brandt, A Snicket in Halifax, ca 1930, prova de época, 34,3 x 29 cm 
(a 1ª compra como coleccionador)

Brígida Mendes, 16 Dez. 2006 (Sem título. 2005, 120 x 140 cm)

Módulo desde 1975 (catálogos de 1982-85)

A Galeria Módulo  - aliás, o Módulo, Centro Difusor de Artes, fundado e dirigido por Mário Teixeira da Silva - abriu no Porto em 1975 (com uma exp. de Paula Rego) - e em 1979 estendeu-se a Lisboa. Logo no 1º ano fez uma mostra de 3 fotógrafos norte-americanos e em 1976 expôs obras fotográficas de Helena Almeida. Ainda nessa década apresentou Hamish Fulton, Gilbert & George, Jochen Gerz, Fernando Calhau e Julião Sarmento.
Nos anos seguintes (continuando a usar indicações de Filipa Valladares no cat. Casa de Luz, ed. FotoColectanea 2004), expôs Paulo Nozolino, Jorge Molder, Elliot Erwitt, Bernard Faucon, Bruce Charlesworth e Larry Fink, entre outros.
Seguem-se Axel Hütte, 1991; e depois Mário Cravo Neto, Frank Thiel. Nan Goldin em 1994 numa colectiva, James Welling em 1995 e outra colectiva com Cindy Sherman, Tony Oursler e Richard Prince. A seguir, anos 2000, Vick Muniz e Miguel Rio Branco. Já nos anos 2000, Rosângela Rennó, Beat Streuli e Candida Höfer, e tb António Júlio Duarte, José Luís Neto, Duarte Amaral Neto.


Alguns documentos e catálogos do início dos anos 80



24 Nov. 18 Fev. 1982

domingo, 5 de janeiro de 2014

O Salão de 1937 e o Comandante Martins

...eis o que o jornal "A Voz" publica a 12-12-1937 a propósito do I Salão Internacional de Arte Fotográfica e V Salão Nacional, que se realizou na SNBA , sendo que o retrato - de um esquimó, tanto quanto julgo saber, apesar do boné, dos óculos e do cachimbo que parece ser fabrico industrial - é da autoria do Cmdt. AJ Martins com a legenda: "Comandante António José Martins, que apresentou curiosas fotografias das Terras Polares, tiradas a bordo do Gil Eanes". De realçar que os fotógrafos " lá de fora" foram em número superior aos nacionais e que 882 trabalhos expostos é notável. 

(comunicação de Miguel Valle de Figueiredo, no facebook, que agradeço)

apontamentos:

É o 2º artigo (1º em data) que conheço sobre o 1º (5º) Salão e comprova a atenção dada pela imprensa aos certames anuais de fotografia do Grémio, mas é pouco mais do que um registo quantitativo e comparativo das representações nacionais. A Espanha não comparece, e o depois habitual belga Léonard Misonne é um dos poucos referidos pelo nome. 

Diz-se que
"... a arte nacional suporta com galhardia o confronto dos mais célebres profissionais e amadores de além-fronteiras, embora dentro dos processos já conhecidos da ampliação em brometo, bromóleo, ampliação em cloro-brometo, etc." (embora?)


É provável que esse 1º Salão Internacional de 1937 (5º Nacional) tenha sido o último a que compareceu o Comandante António José Martins (1882-1948) - no de 1938 não entrou, e não tenho acesso aos de 39 e 40. Nesse ano de 37 ele encabeçava o conselho técnico do Grémio Português de Fotografia e o movimento fotoclubista parece estar então particularmente agitado. 

O nº 7 (15 de Dezembro) da revista Objectiva, em artigo do seu director, Rodrigues da Fonseca, revela que o júri do Salão foi forçado a fazer uma segunda escolha depois de ter aprovado apenas 25% dos envios, e o Dr. Álvaro Colaço, activo fotógrafo e comentador, propõe uma reforma dos júris, com exclusão dos "chamados críticos de arte".
O momento seguinte é de grande tensão com o início da polémica em torno do 'flagrante' (isto é, o instantâneo e o banal quotidiano), bem como com a organização de um "Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" por parte da Objectiva, em Julho de 38 na SNBA, que teve no júri Mário Novais, San-Payo e M. de Jesus Garcia, da redacção. A crítica da rotina elitista e da pouca audiência do Grémio Português de Fotografia - Secção da Sociedade Propaganda de Portugal (Touring Club), não confundir com o Secretariado da Propaganda Nacional de António Ferro (SPP e SPN) - é insistente na revista, que parece protagonizar uma oposição ao mesmo tempo interna ao Regime e ao salonismo conservador, sendo uma posição modernizadora, associada aos novos formatos e às novas casas de material fotográfico (Instanta, em especial). 

O Cmdt - um importante divulgador da Leica - não participa no Concurso da revista nem parece envolver-se publicamente nesses confrontos. Note-se que na revista de Maio de 1938, nº 12, o Pe Moreira das Neves fizera uma autoritária chamada à ordem para mobilizar os fotógrafos com vista à celebração dos Centenários, a qual parece conter as veleidades reformadoras dos principais fotógrafos da Objectiva, os Drs Álvaro Colaço e Lacerda Nobre.

O recorte acima é pouco legível (é preciso desenterrar a literatura sobre os salões...), mas só a ilustração confirma o Cmdt como uma das figuras mais respeitadas do salonismo do tempo (salonismo é só a designação geral para a mais notória forma de visibilidade da fotografia de intenção artistica, e não um estilo fotográfico - ele acolhe ao longo do tempo os diversos estilos que se afirmam na fotografia de exposição). O Cmdt não terá sido objecto de nenhuma exposição consagratória na sede do SPN, mantendo-se certamente distanciado das iniciativas do Regime (a confirmar).

Na "Objectiva" nº 8 (Jan. de 28) a crítica era assinada pelo importante retratista M. Alves de San-Payo, " O I Salão Internacional de Arte Fotográfica visto 'Objectivamente' " , e parece pretender estabelecer uma norma conciliadora no meio salonista, ao referir-se à "exuberante" representação portuguesa:

"Pescador da Nazaré" do Dr. Álvaro Colaço, I Salão Internacional, Objectiva nº 7, pág. 103

"Os trabalhos do Comandante Martins repletos de sentimento e técnica irrepreensível; as paisagens de Ponte de Sousa, verdadeira sensibilidade de artista; os mimosos trabalhos de João Martins cheios de poesia e saudade; as marinhas e estudos de F. Viana, os tipos de Álvaro Colaço, os bromóleos de F. Bonacho, as paisagens de W. Orton, os estudos de Henrique Manuel e os flagrantes de W. Heim não ficam mal ao lado do que de bom se faz no estrangeiro".
No recorte de A Voz de 1937 (assinado por M.S.) aparece também uma reprodução do assíduo Ernesto Zsoldos.
No Salão de 1938, o nº dos portugueses desce para 30, e o de estrangeiros é muito superior, como será habitual, com envios da Austrália, China, Estónia, Hawai, Hungria (13 autores), Índia e Indo-China, Japão e Nova Zelândia, para referir os mais longínquos (a Espanha ausente), graças ao activismo dos foto-clubes e às remessas colectivas. No júri estão Reinaldo dos Santos, presid. da Academia de Belas Artes, o escultor Leopoldo de Almeida, o velho Júlio Worm, fundador em 1907 da Sociedade Portuguesa de Photographia, e dois homens do Grémio.
                              

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Tereza Siza fala de Tereza Siza... a respeito do CPF

A culpa é sempre do entrevistador... 

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Entrevista com Tereza Siza, ex-directora do Centro Português de Fotografia (1997-2007) publicada na revista de fotografia, arte e ciências Studium nº 35 suplemento, editada pelo Instituto de Artes da UNICAMP, Universidade de Campinas

Extracto de uma longa entrevista editada por Iara Lis Schiavinatto e Eduardo Costa, onde por acaso venho referido:

(...)  Você citou a Galeria Ether [Vale tudo Menos tirar os olhos], que é mais ou menos desse período, no início da década de 1980.
- A Ether foi uma galeria muito importante. Ela foi criada e dirigida por António José Sena da Silva, que toda gente conhecia por Toé. E o Toé era filho do Sena da Silva, designer, e que foi, depois, diretor do Centro Português de Design. O Sena era um grande fotógrafo e tinha um círculo de amigos que era os fotógrafos silenciados pelo regime*. Nunca tinham entrado nos salões. Quer dizer: tinham produzido trabalho, alguns ainda nos anos 1950 e sobretudo nos anos 1960, mas nunca tinham entrado nos salões. Eram os proscritos. O Carlos Calvet, o Carlos Afonso Dias, o Gérard Castello-Lopes. Todos esses eram do círculo de amigos íntimos do Sena da Silva, pai. Portanto, o Toé, que tinha uma enorme biblioteca de fotografia, abriu aquela galeria e começou por levantar essa geração. A galeria era muito pequenina, mas foi importantíssima. 

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

a pequena galeria em 2013

Inaugurada em 21 de Março de 2013



realizou ao longo do ano (dez meses) doze exposições ( onze de fotografias e uma de gravuras associada a um leilão ); das exposições de fotografia foram quatro colectivas (três Salões e uma colectiva do acervo), duas mostras de grupo e cinco individuais. As duas mostras de grupo foram apresentadas também em Évora e Sines, uma delas, e a segunda noutro espaço de Lisboa. Apresentou obras de x fotógrafos

Salão #1 (Inauguração), até 31 de Março

  • Expuseram-se obras de Ágata Xavier, António Júlio Duarte, Carlos M. Fernandes, Carlos Oliveira Cruz, Céu Guarda, Filipe Casaca, Guilherme Godinho, Jordi Burch, José Cabral, José M. Rodrigues, Mário Cravo Neto, e também de António Almeida, Augusto Cabrita, Silva Nogueira e vários autores anónimos.





Foto de Luís Pereira ( http://www.imagemfix.blogspot.pt/)

António Júlio Duarte, Shangai #379, 2002

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fernando Lemos, fotografia e pintura (1952)

"Trata-se, na realidade, de uma obra feita por um pintor que se serve da máquina fotográfica para inventar imagens e imprimir-lhes um novo valor. A sua fotografia é, por conseguinte, sempre pintura."

A frase é de Margarida Acciaiuoli, professora, historiadora de arte, em António Ferro, A vertigem da Palavra. Retórica, política e propaganda no Estado Novo, Editorial Bizâncio, Lisboa 2013. Lê-se na pág. 176, num subcapítulo intitulado "A fotografia e o cinema".

Além de ser um disparate considerar que a fotografia de F.L. é pintura (e além do mais, sempre...), a afirmação é também um contra-senso incoerente no âmbito do capítulo onde antes se lamenta, quanto aos salões de Arte Fotográfica, "que a fotografia nas suas primeiras mostras (não) fosse perspectivada como tendo uma linguagem própria" (pág. 164). E continua: "O que se apresentava nesses salões resultava de experiências que continuavam a regular-se pelos valores da pintura, dentro de uma estética pictorialista, socorrendo-se de temas e enquadramentos correntes" (correntes?!).

Vale a pena lembrar também, que Fernando Lemos não é propriamente ou principalmente um pintor, é um desenhador, poeta, gráfico ou designer, pintor e fotógrafo, ilustrador , publicitário, etc. O que torna o erro mais crasso. Note-se ainda que é inútil prolongar até 1952 a informação sobre os anos de Ferro, que já deixara em 1949 o SNI.

Sobre a fotografia de Fernando Lemos desenvolveu-se a apreciação errada que a associa directamente ao surrealismo, quando a sua referência principal e mais directa é a Fotografia Subjectiva que no início dos anos 50 era promovida por Otto Steiner. O José Augusto França escreveu isso no início de 1953, mas o seu artigo foi sempre referido sem o título e com uns parágrafos a menos ("Nota sobre 'Fotografia Subjectiva' " - ver ap: fernando-lemos-1952-galeria-de-marco) . Neste caso tratava-se não de erro ou ignorância mas de manipulação e desonestidade intelectual.




domingo, 15 de dezembro de 2013

Partidas e chegadas, Lisboa colonial c. 1964




AUTOR DESCONHECIDO, 1964 (provável)
1/6. Chegada e partidas de tropas para Angola, Lisboa, Gares Marítimas

Provas de época, gelatina e prata, 13 x13 cm

Quem será o fotógrafo desconhecido? 
Um fotógrafo oficial das Gares Marítimas? - tal como existiria um no Aeroporto de Lisboa (existia pelo menos 1 jornalista residente, o Marques Gastão, que acumulou por muito tempo com a responsabilidade das relações com a Imprensa da administração da Gulbenkian...), e era costume haver nos aeroportos internacionais, quando o trânsito ainda era escasso.
Ou um fotógrafo dos serviços militares ou policiais? Um fotógrafo interessado nas guerras coloniais? 
O uso do formato quadrado - em reportagem nos anos 60 - parece-me afastar a hipótese de se tratar de um fotojornalista.

Nem todas as fotografias são feitas nas Gares Marítimas (uma acompanha manifestantes nos Restauradores, certamente contra votações da ONU), e nem todas seguem temas da guerra colonial (uma dela regista a saída de um bacalheiro no Tejo).

As fotografias são do acervo de um sócio da Pequena Galeria e aqui reproduzem-se com péssima qualidade.

Muitos fotógrafos desconhecidos (ou anónimos) são óptimos fotógrafos.
E neste caso os documentos históricos são de especial importância.