quinta-feira, 20 de março de 2014

Angola 1938 - agência A Foto



É uma singular coincidência encontrar a fotografia deste casal de colonos pobres numa página (foto 76) do Álbum da Exposição-Feira Angola 1938 relativa a dados da colonização (concessão de terrenos, casamentos, etc) e na pág 213 da Anthologie de la Photographie Africaine, ed. Revue Noire 1998.



A legenda traduzida da direita é "Fotografia A FOTO 1953 Casal de colonos portugueses no Lubango". A data está errada mas talvez sejam madeirenses ou descendentes de madeirenses chegados a partir de 1884... 

A Agência de Fotografia e Audio-Visual A Foto existia em 1998 e era a continuação do arquivo do CITA, Centro de Informação e Turismo de Angola fundada em 1949, segundo a Revue Noire nº 29.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Exposições Coloniais (Wikipedia) / Paris 1931

Chronologie des expositions coloniales
• 1866 : Exposition Intercoloniale de Melbourne (Intercolonial Exhibition of Australasia)
• 1870 : Exposition Intercoloniale de Sydney (Intercolonial Exhibition)
• 1875 : Exposition Intercoloniale de Melbourne (Victorian Intercolonial Exhibition)
• 1876 : Exposition Intercoloniale de Brisbane (Intercolonial Exhibition)
• 1883 : Exposition Internationale et Coloniale d'Amsterdam (Internationale Koloniale en Uitvoerhandel Tentoonstelling)
• 1886 : Exposition Coloniale et Indienne de Londres (Colonial and Indian Exhibition)
• 1889 : Exposition universelle de Paris de 1889, première véritable exposition coloniale de l'histoire de France1
• 1894 : Exposition universelle, internationale et coloniale de Lyon. Elle vit l'assassinat du président de la République Sadi Carnot.
1894 : Exposition Insulaire et Coloniale de Porto (Exposição Insular e Colonial Portuguesa)
• 1898 : Exposition internationale et coloniale de Rochefort-sur-Mer
• 1902 : Indo China Exposition Française et Internationale de Hanoï
• 1902 : Exposition Internationale et Coloniale des États-Unis de New York (United States, Colonial and International Exposition), jamais tenue !?
• 1906 : Exposition coloniale de Marseille, du 15 avril au 15 novembre. Elle fut initiée et dirigée par Jules Charles-Roux. Elle attira 1 800 000 visiteurs venus visiter une cinquantaine de palais et de pavillons.
• 1907 : Exposition coloniale de Paris. Elle se tint au Jardin tropical de Paris dans le Bois de Vincennes. Deux millions de visiteurs défilèrent devant les villages reconstitués.
• 1908 : Exposition Franco-Britannique de Londres (Franco-British Exhibition)
• 1911 : Festival de l'Empire de Londres (Festival of Empire)
• 1914 : Exposition Coloniale de Semarang (Koloniale Tentoonstelling)
• 1921 : Exposition Internationale du Caoutchouc et Autres Produits Tropicaux de Londres (International Exhibition of Rubber and Other Tropical Products)
• 1922 : Exposition nationale coloniale de Marseille, d'avril à novembre
• 1924 : British Empire Exhibition tenue à Wembley, Londres
• 1930 : Exposition Internationale Coloniale, Maritime et d'Art flamand d'Anvers
• 1931 : Exposition Coloniale Internationale de Paris. Ouverture de l'exposition le 6 mai 1931, Porte de Vincennes. Elle accueillit 8 millions de visiteurs (33 millions d'entrées vendues) et dura 6 mois.
• 1934 : Exposition Coloniale Portugaise de Porto (Exposição Colonial Portuguesa)
• 1936 : Exposition de l'Empire de Johannesbourg (Empire Exhibition)
• 1938 : Empire Exhibition de Glasgow
• 1939 : Exposition Coloniale Allemand de Dresde (Deutsche Kolonial Ausstellung)
1940 : Exposition du Monde Portugais de Lisbonne (Exposição do Mundo Português)


• 1948 : Foire coloniale de Bruxelles

Zoos humains. Au temps des exhibitions humainesSous la direction de Nicolas Bancel, Pascal Blanchard, Gilles Boëtsch, Éric Deroo, Sandrine Lemaire2004, pps 490, coll.  Poche/Sciences humaines et sociale. Éditeur : La Découverte 
2004

2011


catalogue de l'exposition. Dirigé par Pascal Blanchard, Gilles Boëtsch et Nanette Jacomijn Snoep. Coédition musée du quai Branly / Actes Sud, 368 pages, 500 illustrations



Paris 1931

> Portugal




terça-feira, 11 de março de 2014

1934 Porto - Exposição Colonial - Henrique Galvão

(1934 e 1949 vs 1938).
O director é Henrique Galvão, que junta o fervor africanista a um gosto pesadam. anti-moderno, que fica argumentado em 1940 na sua oposição a António Ferro.
Armindo Monteiro, min. Colónias, Cerejeira, Carmona e Galvão

Fachada redesenhada do Palácio de Cristal


No interior remodelado sob projecto de Mouron Osório, a representação das Missões com manequins





 Fotos Alvão Porto


Participa no 3º Congresso Colonial Nacional, Maio 1930, onde foi discutido o projecto do Acto Colonial (Salazar é ministro interino das Colónias). (De províncias ultramarinas a colónias do  Império Colonial Português)
Acompanha o ministro das Colónias Armindo Monteiro à Exposição Colonial de Paris (que vendeu 33 milhões de bilhetes) e apresenta uma tese no Congresso Internacional de Imprensa Colonial, 1931, na qualidade de director do  'Portugal Colonial'  que fundara com o apoio da Comp. Nacional de Navegação. Defende o 'trabalho compelido'
 Em 1932, é director das Feiras de Amostras Coloniais de Luanda e Lourenço Marques, que apresentam os produtos das empresas industriais portuguesas. Em 1934, já com a patente de capitão, dirige a Exposição Colonial Portuguesa realizada no Porto - 16 Jun. 30 Set. (anunciada em 33). Inclui o I Congresso Militar Colonial (presente Norton de Matos), I Congresso da Imprensa Colonial (com um "viveiro do reviralho", acusa Armindo Monteiro), I Congresso de Intercâmbio Comercial com as Colónias, Congresso da Agricultura Colonial, I Congresso de Antropologia Colonial. (Eleição da "Rainha das Colónias" a 25 de Set.)
Álbum Comemorativo da Exposição. Cerca de 1 milhão e 200 mil visitantes. Tentou criar o Museu Colonial do Porto. (é aberto um Inquérito às contas, até 1940.)
Deputado em 16 Dez. 1934 - em Maio 35 renuncia.
Em 1935, Galvão, por indicação de Duarte Pacheco, é nomeado director da Emissora Nacional (4 Agosto 35 posse). Cortejo Etnográfico comemorativo do XI aniversário da Rev. Nac. planeado e org, por HG como director da EN - Maio 36, decorre na sua ausência.
1936, é nomeado inspector superior da Administração Colonial, em acumulação de funções. Viagens como inspector colonial, 1937. Relatório sobre a mão de obra de Angola para S. Tomé.
Abril 38, posse da Comissão dos Centenários. Em 1940 organiza a Secção Colonial da Exposição do Mundo Português, o Cortejo do Mundo Português e das Comemorações da Fundação da Nacionalidade.

segundo Francisco Teixeira da Mota, HG, 2011

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Jorge Marçal da Silva (1878-1929), fotógrafo

Um fotógrafo desconhecido, cirurgião em Lisboa.
Ericeira, Rapazes em celhas, 1908

Feira-mercado

 Campo Grande, Lisboa. Cavaleiro saloio, 1909

 Lisboa 1909. Deita-gatos

 Seixo, 1916. Fábrica de telha

Fuseiro

Guimarães, 1923. Mulher fiando

Não consta que tenha exposto nem publicado. Usava uma câmara estereoscópica e deixou metodicamente organizadas as caixas de lâminas de vidro destinadas à projecção ou à visão em relevo proporcionada pelo Taxiphote Stéréo-Classeur.
Das cerca de duas mil imagens conservadas na posse de familiares, um primeiro lote de 200 proporcionou uma aproximação ao trabalho do fotógrafo amador que documentou os seus lugares de trabalho, o Hospital de São José, os seus doentes (também no Hospital de D. Estefânea, muitas vistas do país e em especial um largo inventário de profissões rurais e urbanas.
As imagens são documentais e descritivas, como é próprio da opção pela fotografia estereoscópica, sem a intenção romântica e esteticista da fotografia pictorialista do seu tempo.

 Castanheiro

 Sala de operações do Banco do Hospital de S. José, 1911

Depois de ter sido apresentado em Lisboa, a seguir a uma exposição na Ordem dos Médicos das fotografias digitalizadas a partir das chapas originais, o livro é lançado amanhã (1 de Fevereiro), no Porto, e tem estado à venda na Fnac. Também médico e neto de Jorge Marçal da Silva, Manuel Mendes Silva dá a conhecer um olhar sobre o país de há cem anos, abrindo a investigação sobre um acervo que ainda terá bastante para explorar.
Sabe-se que era assinante da revista Arte Photographica e grande amador de ópera.
O livro é uma edição do Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Mais Módulo, 1987... 2006

"O perfil de uma galeria": Agathe Gaillard, 6 Fev. 1987

Bernard Faucon, Maio 1985, e de novo em 1989 e 1992, pelo menos

"Casa de Luz - Colección Mário Teixeira da Silva. 
Fundació Foto Colectania, Barcelona, 20 Out. 2004

Bill Brandt, A Snicket in Halifax, ca 1930, prova de época, 34,3 x 29 cm 
(a 1ª compra como coleccionador)

Brígida Mendes, 16 Dez. 2006 (Sem título. 2005, 120 x 140 cm)

Módulo desde 1975 (catálogos de 1982-85)

A Galeria Módulo  - aliás, o Módulo, Centro Difusor de Artes, fundado e dirigido por Mário Teixeira da Silva - abriu no Porto em 1975 (com uma exp. de Paula Rego) - e em 1979 estendeu-se a Lisboa. Logo no 1º ano fez uma mostra de 3 fotógrafos norte-americanos e em 1976 expôs obras fotográficas de Helena Almeida. Ainda nessa década apresentou Hamish Fulton, Gilbert & George, Jochen Gerz, Fernando Calhau e Julião Sarmento.
Nos anos seguintes (continuando a usar indicações de Filipa Valladares no cat. Casa de Luz, ed. FotoColectanea 2004), expôs Paulo Nozolino, Jorge Molder, Elliot Erwitt, Bernard Faucon, Bruce Charlesworth e Larry Fink, entre outros.
Seguem-se Axel Hütte, 1991; e depois Mário Cravo Neto, Frank Thiel. Nan Goldin em 1994 numa colectiva, James Welling em 1995 e outra colectiva com Cindy Sherman, Tony Oursler e Richard Prince. A seguir, anos 2000, Vick Muniz e Miguel Rio Branco. Já nos anos 2000, Rosângela Rennó, Beat Streuli e Candida Höfer, e tb António Júlio Duarte, José Luís Neto, Duarte Amaral Neto.


Alguns documentos e catálogos do início dos anos 80



24 Nov. 18 Fev. 1982

domingo, 5 de janeiro de 2014

O Salão de 1937 e o Comandante Martins

...eis o que o jornal "A Voz" publica a 12-12-1937 a propósito do I Salão Internacional de Arte Fotográfica e V Salão Nacional, que se realizou na SNBA , sendo que o retrato - de um esquimó, tanto quanto julgo saber, apesar do boné, dos óculos e do cachimbo que parece ser fabrico industrial - é da autoria do Cmdt. AJ Martins com a legenda: "Comandante António José Martins, que apresentou curiosas fotografias das Terras Polares, tiradas a bordo do Gil Eanes". De realçar que os fotógrafos " lá de fora" foram em número superior aos nacionais e que 882 trabalhos expostos é notável. 

(comunicação de Miguel Valle de Figueiredo, no facebook, que agradeço)

apontamentos:

É o 2º artigo (1º em data) que conheço sobre o 1º (5º) Salão e comprova a atenção dada pela imprensa aos certames anuais de fotografia do Grémio, mas é pouco mais do que um registo quantitativo e comparativo das representações nacionais. A Espanha não comparece, e o depois habitual belga Léonard Misonne é um dos poucos referidos pelo nome. 

Diz-se que
"... a arte nacional suporta com galhardia o confronto dos mais célebres profissionais e amadores de além-fronteiras, embora dentro dos processos já conhecidos da ampliação em brometo, bromóleo, ampliação em cloro-brometo, etc." (embora?)


É provável que esse 1º Salão Internacional de 1937 (5º Nacional) tenha sido o último a que compareceu o Comandante António José Martins (1882-1948) - no de 1938 não entrou, e não tenho acesso aos de 39 e 40. Nesse ano de 37 ele encabeçava o conselho técnico do Grémio Português de Fotografia e o movimento fotoclubista parece estar então particularmente agitado. 

O nº 7 (15 de Dezembro) da revista Objectiva, em artigo do seu director, Rodrigues da Fonseca, revela que o júri do Salão foi forçado a fazer uma segunda escolha depois de ter aprovado apenas 25% dos envios, e o Dr. Álvaro Colaço, activo fotógrafo e comentador, propõe uma reforma dos júris, com exclusão dos "chamados críticos de arte".
O momento seguinte é de grande tensão com o início da polémica em torno do 'flagrante' (isto é, o instantâneo e o banal quotidiano), bem como com a organização de um "Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" por parte da Objectiva, em Julho de 38 na SNBA, que teve no júri Mário Novais, San-Payo e M. de Jesus Garcia, da redacção. A crítica da rotina elitista e da pouca audiência do Grémio Português de Fotografia - Secção da Sociedade Propaganda de Portugal (Touring Club), não confundir com o Secretariado da Propaganda Nacional de António Ferro (SPP e SPN) - é insistente na revista, que parece protagonizar uma oposição ao mesmo tempo interna ao Regime e ao salonismo conservador, sendo uma posição modernizadora, associada aos novos formatos e às novas casas de material fotográfico (Instanta, em especial). 

O Cmdt - um importante divulgador da Leica - não participa no Concurso da revista nem parece envolver-se publicamente nesses confrontos. Note-se que na revista de Maio de 1938, nº 12, o Pe Moreira das Neves fizera uma autoritária chamada à ordem para mobilizar os fotógrafos com vista à celebração dos Centenários, a qual parece conter as veleidades reformadoras dos principais fotógrafos da Objectiva, os Drs Álvaro Colaço e Lacerda Nobre.

O recorte acima é pouco legível (é preciso desenterrar a literatura sobre os salões...), mas só a ilustração confirma o Cmdt como uma das figuras mais respeitadas do salonismo do tempo (salonismo é só a designação geral para a mais notória forma de visibilidade da fotografia de intenção artistica, e não um estilo fotográfico - ele acolhe ao longo do tempo os diversos estilos que se afirmam na fotografia de exposição). O Cmdt não terá sido objecto de nenhuma exposição consagratória na sede do SPN, mantendo-se certamente distanciado das iniciativas do Regime (a confirmar).

Na "Objectiva" nº 8 (Jan. de 28) a crítica era assinada pelo importante retratista M. Alves de San-Payo, " O I Salão Internacional de Arte Fotográfica visto 'Objectivamente' " , e parece pretender estabelecer uma norma conciliadora no meio salonista, ao referir-se à "exuberante" representação portuguesa:

"Pescador da Nazaré" do Dr. Álvaro Colaço, I Salão Internacional, Objectiva nº 7, pág. 103

"Os trabalhos do Comandante Martins repletos de sentimento e técnica irrepreensível; as paisagens de Ponte de Sousa, verdadeira sensibilidade de artista; os mimosos trabalhos de João Martins cheios de poesia e saudade; as marinhas e estudos de F. Viana, os tipos de Álvaro Colaço, os bromóleos de F. Bonacho, as paisagens de W. Orton, os estudos de Henrique Manuel e os flagrantes de W. Heim não ficam mal ao lado do que de bom se faz no estrangeiro".
No recorte de A Voz de 1937 (assinado por M.S.) aparece também uma reprodução do assíduo Ernesto Zsoldos.
No Salão de 1938, o nº dos portugueses desce para 30, e o de estrangeiros é muito superior, como será habitual, com envios da Austrália, China, Estónia, Hawai, Hungria (13 autores), Índia e Indo-China, Japão e Nova Zelândia, para referir os mais longínquos (a Espanha ausente), graças ao activismo dos foto-clubes e às remessas colectivas. No júri estão Reinaldo dos Santos, presid. da Academia de Belas Artes, o escultor Leopoldo de Almeida, o velho Júlio Worm, fundador em 1907 da Sociedade Portuguesa de Photographia, e dois homens do Grémio.