«Beaumont Newhall (1908-1993)»
EXPRESSO/Cartaz de 13 Março 1993, Actual, p. 2
Beaumont Newhall, o pioneiro da divulgação moderna da fotografia, morreu no dia 28 de Fevereiro, na sua casa de Santa Fé. Nascera a 22 de Junho de 1908 em Lynn, Massachusetts, e foi o fundador, a convite de Alfred H. Barr, em 1940, do departamento de fotografia do MoMA, que dirigiu até 1947.
Diplomado em História da Arte em Harvard e em arte e arqueologia em Paris, em 1933, entrara para o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque em 1935, como bibliotecário, e dois anos depois foi o responsável pela exposição "Photography 1939-1937", cujo catálogo se iria tornar no clássico da história de fotografia (The History of Photography, cinco vezes revista até à última edição de 1982). Tal exposição integrara-se na série das quatro grandes mostras — com "Cubism and Abstract Art", "Fantastic Art, Dada and Surrealism", e "Bauhaus: 1919-1928" — que entre 36 e 38 estabeleceram o paradigma da entrada da modernidade no museu (e a da fotografia como um dos seus ramos).
Abordada à margem da velha questão do seu estatuto entre as Belas-Artes, bem como da oposição entre os seus usos e as artes plásticas (mas com um olhar de historiador de arte), a fotografia é então considerada tanto como um meio de expressão como de comunicação, catalogada com base na evolução dos seus processos técnicos e avaliada pelas qualidades consideradas intrínsecas ao seu "medium" próprio, fundando-se assim a possibilidade da sua história e crítica.
Em 1947, B.N. é substituido no MoMA por Edward Steichen, no termo de um diferendo subterrâneo em que o seu culto da "arte da fotografia" se contrapunha aos interesses imediatos da indústria fotográfica e da grande massa de amadores (a Steichen sucederia John Szarkowski em 1962, reaproximando o departamento da orientação de Newhall, e depois Peter Galassi em 1992).
Mas logo no ano seguinte B. Newhall podia continuar o seu trabalho como comissário do George Eastman House, de Rochester, de que foi, também, o primeiro director entre 1958 e 1971, ocupando mais tarde um lugar de professor na Universidade do Novo México. Foi entretanto autor de uma extensa bibliografia (mais de 600 artigos, ensaios e textos de catálogos), e nomeadamente de Photography: Essays and Images, Latent Image. The Discovery of Photography, Masters of Photography (com Nancy Newhall), etc.
Defendendo sempre o uso directo da câmara para "a revelação, interpretação e descoberta do mundo do homem e da natureza", Newhall mostrar-se-ía pouco interessado em algumas orientações das últimas décadas, por se afastarem do que entendia ser a especificidade do "medium" e surgirem como formas de narração e ilustração ou mais próximas das arte dramáticas. Temas que as suas memórias, a publicar no próximo Verão (Belfish Press), darão certamente novos contributos.
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