quarta-feira, 26 de junho de 2013

"De Maputo", convite e press release



TEXTO ANEXO:




“De Maputo”
Entre o pioneiro Ricardo Rangel e os novos fotógrafos que têm passado pelo BES Photo e o Próximo Futuro da Gulbenkian - Mário Macilau, Mauro Pinto e Filipe Branquinho  -, existem as obras dos que divergiram do que se pode chamar a escola moçambicana de fotografia, a tradição fotojornalística e humanista, que conta, aliás, com um número extenso de bons autores. José Cabral (n. 1952, Maputo) é o homem da ruptura, que veio trazer ao colectivo da fotografia de Moçambique a necessidade do discurso pessoal, fundado num conhecimento alargado da fotografia internacional e na abertura a interesses culturais amplos, para além do quadro nacional e africano. 

A referência autobiográfica presente nas suas últimas três exposições ("As Linhas da Minha Mão", 2006 Maputo, Photofesta; "Anjos Urbanos / Urban Angels", 2009, na P4 Photography, Lisboa, e Maputo; "Espelhos Quebrados", 2012, Maputo) é uma contribuição corajosa para pôr em evidência o papel e o lugar de quem observa, e que assim, ao expor também a sua história própria, intervém lucidamente como artista nos acontecimentos do presente de um país em mudança. Durante e depois da dinâmica colectiva, com as suas vicissitudes imprevistas, e também terríveis, era tempo de cada um se interrogar a si mesmo e ao possível sentido do percurso comum. Vêem-se agora em "De Maputo" obras escolhidas dessas três exposições: a antologia pessoal, as crianças (os filhos de Cabral e os dos outros, com uma óbvia diferenciação de cor de pele e de meios sociais) e por fim os quase auto-retratos que sinalizam percursos de vida e relações.

José Cabral é hoje a referência cultural e o mestre indisciplinado dos jovens fotógrafos, com uma extensa obra realizada desde que em 1975 começou a trabalhar como fotógrafo no Instituto Nacional de Cinema, a que se seguiram alguns poucos anos de reporter fotográfico de agência, depois no "Notícias" e no "Domingo", com Rangel em 1981-82, mais tarde professor no Centro de Formação Fotográfica, de 1986 a 1990. Em 1996 publicou o primeiro livro A Guerra da Água, ed. da Ébano Multimédia, associada ao filme de Licínio de Azevedo com o mesmo nome (a cores, com problemas de impressão). Tem tentado viver como fotógrafo em Maputo, o que é bem difícil.

Luís Basto (n. 1969, Maputo) é igualmente um autodidacta, com um discurso próprio e reconhecido, que esteve presente em colectivas internacionais como "Africa Remix" (2004) e "Snap Judgments - new positions in contemporary african photography” (2006) de Orkui Enwezor, aqui como único representante de Moçambique. Ao mesmo tempo que tem construído um grande banco de imagens documentais do país (www.mozambiquephotos.com), é um fotógrafo da cidade e da capacidade de sobreviver que aí se refugia: "Os anos vazios passaram; com eles o destino de uma geração que deveria combater pelas razões de outros homens. Muitos nascidos na paz não têm memória das vidas fragmentadas que inundavam a cidade como almas penadas. Donde viemos e onde estamos agora enquadra-se menos no tempo que nas dimensões de espaço da cidade. Estamos nas janelas, atrás das portas, cidadãos reflectidos em todas as nossas contradições." - Berry Bickle e L.B., em Luís Basto fotógrafo, Éditions de l'Oeil, 2004. 

Recuando no tempo, a exposição inclui duas obras de dois autores que, de modos diferentes, trouxeram a experiência adquirida na Rodésia e na África do Sul para desenvolver em Maputo percursos originais e independentes nos anos posteriores à independência, depois interrompidos. 

Rogério Pereira foi um fotógrafo e fotojornalista com itinerário na África do Sul (1968-1977), em Moçambique (1973-1979) e em Portugal (1979-1987), que se destacou com uma produção politicamente empenhada e inquieta, de grande exigência formal. Nasceu em 1942 em Lisboa, foi aos sete anos para Moçambique, e morreu de cancro em Setúbal em 1987 com 45 anos. Em 1973 expôs no Núcleo de Arte com Ricardo Rangel e Basil Breakey. Em 1981 mostrou o seu trabalho na Fundação Gulbenkian ("Momentos"). Em 1990 foi-lhe dedicada uma retrospectiva em duas partes na Associação Moçambicana de Fotografia com a colaboração de Ricardo Rangel, Kok Nam e José Pinto de Sá, que escreveu o texto do catálogo. Uma outra retrospectiva integrou o 1º Photofesta, em 2002, com o título "Verdade".

Moira Forjaz é a autora de Muipiti, Ilha de Moçambique (com texto de Amélia Muge, Imprensa Nacional, 1983 - editado sem a sua supervisão). Nasceu no Zimbabwe em 1942; visitou Lourenço Marques / Maputo desde 1961; com formação em Graphic Arts na Johannesburg School of Arts and Design, trabalhou como foto-jornalista na África Austral desde 1964, e viveu em Maputo entre 1975 e 1988; participou na formação da Associação Moçambicana de Fotografia em 1981 e realizou dois filmes nesse mesmo ano. Outras publicações: Ruth First, Black Gold: The Mozambican Miner, Proletarian and Peasant, St. Martin’s Press, New York / Harvester Press, Brighton, 1983 (photographs), e Images of a Revolution: Mural Art in Mozambique, Zimbabwe Publishing House, Harare, 1983 (Albie Sacks, text; Moira Forjaz, Susan Meiselas, photographs). Voltou a expôr em 2009, "Kukumbula  (Memórias) 1976 – 1986”, Espaço de Kulunguana, Maputo.
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A Pequena Galeria é um projecto colectivo que ocupa um pequeno espaço de exposição, informação e comercialização de arte, tendo a fotografia como interesse preponderante. 
Pretende ser um lugar diferente, à procura de novas fórmulas de produção e distribuição, atento às actuais condições do mercado e decidido a promover o coleccionismo. 


SEM FLASH, Homenagem a Rangel, estreia em Portugal

A notícia publicad no blog do Sérgio Gomes:
Artephotographica.blogspot.pt
O ciclo de cinema do festival Futuro Próximo, na Gulbenkian, em Lisboa, programou para o dia 25 de Junho, às 22h, o filme Sem Flash - Homenagem a Ricardo Rangel (1924-2009), de Bruno Z'Graggen e Angelo Sansone.


Homenagem a Ricardo Rangel (1924–2009), o retrato cinematográfico sob a forma de documentário realizado pelo curador de exposições Bruno Z‘Graggen, com direção de fotografia do produtor de vídeo Angelo Sansone (ambos de Zurique), assume-se como um condigno ensaio sobre a obra do grande fotógrafo moçambicano Ricardo Rangel.
Ricardo Rangel é considerado o decano da fotografia moçambicana e um dos mais destacados fotojornalistas africanos da segunda metade do século XX. As suas afinidades situam-se numa fotografia de documentário, na tradição dos fotógrafos da Magnum. Assumiu uma atitude crítica perante o regime colonial português, o que lhe trouxe conflitos com a censura e penas de prisão. Após a independência (1975), a sua contribuição foi importante na construção do novo estado socialista, sem que tenha perdido a distância face ao poder. Através da sua actuação orientadora como jornalista e como professor no Centro de Formação Fotográfica (CFF), Rangel marcou a seguinte geração de jovens fotógrafos e lançou de forma determinante os fundamentos para uma tradição de fotografia em Moçambique.
É extraordinário o legado de Ricardo Rangel. A sua obra como fotojornalista, fotógrafo independente e director do CFF abrange um período de criação de mais de 50 anos. A sua acção ajudou a moldar profundamente a imprensa em Moçambique como fotógrafo, editor de fotografia e cofundador de novos jornais ou revistas, empenhando-se em promover a fotografia. A sua obra-prima Pão nosso de cada noite (Our Nightly Bread, 1959–1975) trouxe-lhe o reconhecimento internacional a partir de meados dos anos 90, graças ao seu aparecimento em exposições e publicações. É uma obra que retrata de forma impressionante a intensa vida noturna de Lourenço Marques (Maputo). No início dos anos 80, tinha criado o CFF, assumindo as suas rédeas de 1983 até à sua morte. Este centro – com escola, serviço de documentação, estúdio e laboratório – é único no continente africano e o seu arquivo constitui uma memória visual de grande importância no país.
O filme mostra imagens de Ricardo Rangel em 2003, captadas em Maputo por ocasião da inauguração da exposição Iluminando Vidas. Ricardo Rangel & the Next Generation (cujos curadores foram Bruno Z‘Graggen e Grant Lee Neuenburg). Rangel fala energicamente das suas origens, das suas experiências como fotojornalista no período colonial, do seu amor pelo jazz e recorda cenários de Pão nosso de cada noite daquela época. Além disso, conduz o realizador por dentro do CFF e permite obter uma esclarecedora perspectiva das diversas áreas de actuação do centro de fotografia. Vê-se também as suas fotografias e ouve-se música de jazz.
Estas imagens são intercaladas com passagens mais longas de entrevistas com Alexandre Pomar (1947, Lisboa) e Sérgio Santimano (1956, Lourenço Marques/Maputo), realizadas em 2011. Pomar é um crítico de arte e jornalista português de grande renome e vive em Lisboa. Santimano, "aluno" de Rangel, é actualmente o fotógrafo moçambicano mais bem-sucedido internacionalmente e reside em Uppsala, na Suécia. Ambos recordam intensamente encontros pessoais com Ricardo Rangel e, do respectivo ponto de vista, explicam a importância do trabalho e da influência de Rangel, a receção da sua obra, abordando também a pessoa. Em complemento, ouvimos igualmente as palavras de Kok Nam (1939, Lourenço Marques/Maputo - 2012) - a par de Rangel, o mais importante fotógrafo do país e seu companheiro de viagem - e de Luís Carlos Patraquim (1953, Lourenço Marques/Maputo), poeta e jornalista.
O resultado é um denso retrato cinematográfico que nos aproxima de um fotógrafo fora do comum e de uma personalidade carismática: um homem absolutamente apaixonado pela fotografia e pelo jazz, com alegria de viver e sentido de humor, voluntarioso e incorruptível, com uma enorme capacidade criadora e um olhar sensível sobre os seres humanos em situações de vida difíceis.

Texto: Espaço Gesto

domingo, 19 de maio de 2013

"4 in ÉVORA"

“ÉVORA GROUP” / “GRUPO DE ÉVORA”
a Pequena Galeria, Lisboa (de 26 de Abril a 11 de Maio, 2013)

“4 IN ÉVORA” / “4 EM ÉVORA”
Palácio D. Manuel, Évora (de 17 de Maio a 8 de Junho)

Fotografias de / Photographs by António Carrapato, João Cutileiro, Pedro Lobo. José M. Rodrigues

IMG_6280(Pedro Lobo)

The exhibition gathers four photographers who reside and work in Évora, one of whom is better known as a sculptor, although he has long been involved in photography. They were brought together in Lisbon, for an exhibition at the “Pequena Galeria”, under the name “Grupo de Évora” (Évora Group); an opportunity for the simultaneous recognition of four bodies of work of great importance and varying visibility, that share the light of the same city. There are not, amongst all of them, complicities of work , nor do they share a common network of relations; some of them didn’t know each other personally before they were presented the challenge of congregating their work. But, in a city that has been fertile when it comes to the emergence of artists and collective initiatives, an exceptional - even unique, in the whole of the country - concentration of talents and established careers in photography also arose.

sábado, 18 de maio de 2013

"4 em Évora"

Inaugura hoje no Palácio D. Manuel, em Évora, em versão alargada.  António Carrapato, João Cutileiro, Pedro Lobo e José M. Rodrigues, com mais obras de cada um.

a PEQUENA GALERIA em itinerância e em maior formato.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Grupo de Évora, no Expresso e no Público

 Jorge Calado, Expresso, Actual, 4 Maio 2013





Público, 2, Revista, pág. 36


Pág. 38, tx de Sérgio B. Gomes, fotos de José M. Rodrigues (auto-retrato) e João Cutileiro (retrato de Gérard Castello Lopes)
Pág. 39. Pedro Lobo I e II, em baixo António Carrapato.