CRONOLOGIA
1981 - «Moçambique, a Terra e os Homens», 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica, Maputo (Concelho Municipal, 3 Fev.), na origem da Associação Moçambicana de Fotografia - AMF - por empenho de Samora Machel, no contexto da guerra civil (1976 - 1992). Moçambique, a Terra e os Homens, ed. AMF, 1982, Maputo, printed Edicomp, Roma,1984.; Introdução de José Luís Cabaço, ministro da Informação - port., fr, ing, it. Com Ricardo Rangel (capa), Kok Nam, Carlos Alberto (Vieira), Daniel Maquinasse, Danilo Guimarães, João Manuel Costa (Funcho), Jorge Almeida, José Soares, Luis Bernardo Honwana, Luis Souto, Martinho Fernando, Moira Forjaz, Naita Ussene, entre 41 autores.
1981 - Rogério, Momentos, exposição na Fundação C. Gulbenkian, Junho / Julho, Lisboa. Catálogo com textos do autor.
1983 - Moira Forjaz, Muipiti, Ilha de Moçambique, textos de Amélia Muge, Luís Filipe Pereira e da autora, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, por ocasião da visita de Samora Machel a Portugal. Moira Forjaz & Susan Maiselas (photographs by), text by Albie Sachs, Images of a revolution: mural art in Mozambique, Harare, 1983 / Imagens de uma Revolução, ed. Frelimo - 4º Congresso 1984 (imp. Minerva Central). Ruth First (pictures by Moira Forjaz), Black Gold: The Mozambican Miner, Proletarian and Peasant, St. Martin's Press, New York - Harvester Press, Brighton.
1983 Criação do Centro de Formação Fotográfica (CFF), Maputo, com apoio da cooperação italiana. A partir de 2001, Centro de Documentação e Formação (CDFF). Direcção de Ricardo Rangel até 2009.
1990 - Karingana ua Karingana, Il Mozambico contemporaneo visto dai suoi fotografi, a cura di Gin Angri, introduzione di Mia Couto. Ed. Coop, Associazione Nazionale Cooperative di Consumatori, Milano. Ed. bilingue, it. & port, textos de Mia Couto e Gin Angri (Catalogo della Mostra, Palazzo d'Accursio, Bologna). Com Ricardo Rangel, Kok Nam, Alfredo Mueche, Alfredo Paco, Fernando Martinho, Joel Chiziane, Jorge Almeida, José Cabral (capa), Luís Souto, Naita Ussene, Rui Assubuji, Sérgio Santimano. fotógrafos do Instituto de Comunicação Social (ICS), da Agência de Informação Moçambicana (AIM), da cooperativa fotográfica Alpha e também dos professores e ex-alunos do Centro de Formação Fotográfica,.
A guerra civil, a reconstrução o país
1992 - Uma vida a reportar a vida, pref. de Leite de Vasconcelos, ed. ENACOMO, Empresa Nacional do Comércio, Maputo. Com R. Rangel, K. Nam, J. Cabral, N. Ussene, Martinho Fernando…
1993 - Moçambique, Cinco Olhares: António Valente, Joel Chiziane, José Cabral, Kok Nam, Naita Ussene, produção CIDAC, exp. no Forum Picoas, Lisboa , 23 Abril – 2 Maio. Cat. com texto de Mia Couto.
1993 - Africa, Africa, editors Olaf Gerlach Hansen and Vibeke Rosttup Bøyesen, ed. Images of Africa, Denmark, 80 pág. "Is the first joint presentation of so many African photographers". De Moçambique: José Cabral, Martinho Fernando, Naita Ussene.
1994 - Ricardo Rangel, Fotógrafo de Moçambique / Photographe du Mozambique, Coédition Editions Findakly, Paris/Centre Culturel Franco-Mozambicain, Maputo. français/portugais. tx de Zé Craveirinha, Mia Couto. Retrato por Rogério.
1994 - Revue Noire, nº 15, «Moçambique / Photographies», dir. Jean Loup Pivin, Paris, déc. 94 – jan. fev. 95. Moçambique: textos de Simon Njami, Aida Gomes da Silva, etc. Fotografias de Ale Júnior (capa), Alfredo Paco, José Cabral, Kok Nam, Naita Ussene, Rui Assubuji, Sérgio Santimano. 2. In "Une nouvelle photographie», Jean Loup Pivin. Com Rangel, Ale Junior, Assubuji. Santimano.
1994 - Rencontres de la Photographie Africaine de Bamako, Mali, org. Fondation Afrique en Créations, 5 - 11 Déc. Ricardo Rangel apresentado por «Revue Noire» ("Notre pain de chaque jour, les nuits de la Rue Araújo", 1960)
1996 - In/sight. African Photographers, 1940 to the Present, dir. Enwezor Okwui, Guggenheim Museum, Nova Iorque, itinerante. Com Ricardo Rangel («Our Nightly Bread»).
1996 - Língua Franca, 16ºs Encontros de Fotografia de Coimbra, exp. colectiva e cat. c/ apresentação de M.C. Serén (edições em 1996 e 1998). Com Sérgio Santimano («Luisa Macuácua», 1992-95).
1996 - 2es Rencontres de la Photographie Africaine de Bamako, Mali, org. Afrique en Creations. 9-15 Dezembro. Ricardo Rangel in «Regards Croisées» com Yves Pitchen, John Liebenberg, Pierrot Men); «Collectif Mozambique» (?) na secção Photo-reportage.
1997 - Maputo - Desenrascar a vida - Fotografias, Selecção, organização e textos de Nelson Saúte. Ed. Ndjira / Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses. Tipografia Lousanense. Lisboa. Cronologia elaborada por António Sopa (1500-1976). Fotos Centro de Formação Fotográfica, de Rangel, José Cabral, Rui Assubuji, Martinho Fernando, Naita Ussene, Alfredo Mueche, Carlos Cardoso, Gin Angri, Lise Lotte, etc
1998 - L’Afrique par Elle-même, Maison Européenne de la Photographie, Paris, Juin-Aout (it. São Paulo, Cape Town, Berlin, Londres: Africa by Africa: A Photographic View, 1999; Smithsonian, Washington, Nova Iorque; Anthologie de la Photographie Africaine et de l'Océan Indien, sous la direction de Pascal Martin Saint Leon, N'Goné Fall, Jean Loup Pivin. Éditions Revue Noir, Paris. Editions française, anglaise et portugaise (Brasil).
1998 - 3e Rencontres de la Photographie Africaine, Bamako: «Ja Taa» / "Prendre Image", cat. ed. Actes Sud. Sergio Santimano, «Cabo Delgado - Une histoire photographique de l’Afrique». »L'Afrique par elle-même" (extraits).
1998 - José Henriques e Silva, Pescadores Macua, Baía de Nacala, Moçambique, 1957-1973, Exp. Arquivo Fotográfico de Lisboa; ed. Câmara Municipal de Lisboa e Comissão dos Descobrimentos, Lisboa.
2001 - IVs Rencontres de la Photographie Africaine, Bamako: R. Rangel (expo. monographique); R. Assubuji, Luis Basto, S. Santimano, «Memoires intimes d’un nouveau millénaire» (expo. internationale).
2002 - Iluminando Vidas - Ricardo Rangel and Mozambican Photography / …e a Fotografia Moçambicana, dir. Bruno Z’Graggen e Grant Lee Neuenburg. Exp. Biene, Suíça; AMF, Maputo e Bamako, 2003; Culturgest, Porto, 2004; Joannesburg e Cape Town (Iluminando Vidas .Fotografia Moçambicana 1950-2001. Ricardo Rangel & the Next Generation), 2005. Cat. ed. Christoph Merian Verlag, 2002, two versions: English/Portuguese (softcover) / German/French . Tx. B. Z’Graggen, Allen Porter, Simon Njami, António Sopa, Calane da Silva. Com Rangel, K. Nam, Joel Chiziane, João Costa (Funcho), R. Assubuji, A. Paco, Luís Basto, N. Ussene, Alfredo Muache, M. Fernando, Ferhat Vali Momade, Albino Mahumana, J. Cabral, Alexandre Fenías, S. Santinano.
2002 - PhotoFesta, Primeiros Encontros Internacionais de Fotografia, prod. AMF, comissários Rui Assubuji e Sérgio Santimano. Homenagem a Daniel Maquinasse; exp. Rogério («Verdade»), Sebastião Langa, Luís Abelard; Bamako 2001, etc. / PhotoFesta 2004, IIºs Encontros: Kok Nam («Grande angular da amizade»); João Costa («Cheiro a Independência»); colect. CFF - «Modos de Ver»; colectiva «Saudade de l’Espoir» (Ilha da Reunião, 2003) / PhotoFesta 2006 IIIºs Encontros: José Cabral («As linhas da minha mão»); S. Santimano («Terra Incógnita»); Mauro Pinto e Albino Mahumana («Ver Matola»)
2003 - Vs Rencontres de la Photographie Africaine, Bamako. Moçambique: «Iluminando Vidas»; Rui Soeiro (exp. international - «Rites sacrés / Rites profanes»); Mauro Pinto, «Ports d’Afrique»
2004 - Africa Remix, Contemporary art of a continent, dir. Simon Njami, Dusseldorf; Hayward Gallery, London; Centre Pompidou, Paris, 2005; Tokyo, Stockholm, 2006; Johannesburg, 2007. Exp. col. e cat. Com R. Assubuji, Luís Basto, S. Santimano.
2005 - VIs Rencontres de la Photographie Africaine, Bamako, "Un autre monde»: Moçambique: Abilio Macuvele, Acamo Maquinasse, Rui Assubuji, Tomas Cumbana.
2006 - Snap Judgments: New Positions in Contemporary African Photography, dir. Enwezor Okwui, ICP International Center of Photograpy, Nova Iorque; Miami; Stedlijk Museum, Amsterdão, 2088: Luís Basto.
2006 - Sérgio Santimano, Terra Incógnita (Niassa), M'siro (ed. do autor), Uppsala, Suécia / VII Rencontres de la Photographie Africaine, Bamako, 2007.
2006 - «Réplica e Rebeldia, Artistas de Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique», dir. António Pinto Ribeiro, prod. Instituto Camões. Maputo, Luanda, Salvador da Baía, Rio de Janeiro, Brasília e Praia. Com R. Rangel, Alexandre Santos, L. Basto, T. Cumbana, Mauro Pinto. Cat. Port.-Ing.
2010 - «Ocupações Temporárias», prod. Elisa Santos, Maputo: com Mauro Pinto (e Filipe Branquinho, documentação), catálogo em DVD; 2011, com Filipe Branquinho e Camila de Sousa; 2013 «Ocupações Temporárias – Documentos», Fund. Gulbenkian, Lisboa. Coord. Elisa Santos e António Pinto Ribeiro. Camila de Sousa, F. Branquinho, Mauro Pinto.
2011 - IXs Rencontres de la Photographie Africaine, Bamako. Expo. Pan-Africaine. Mário Macilau (The Zionists / Maziones).
2011 - BES PHOTO, CCB - Museu Berardo, Lisboa, e Pinacoteca, S. Paulo, Mário Macilau; 2012, idem, Mauro Pinto, «Dá licença!» (premiado); 2013, Lisboa e Instituto Tomie Ohtake, S. Paulo, Filipe Branquinho, «Showtime»; 2016, Novo Banco Photo 2016, Lisboa: Félix Mula, «Idas e Voltas».
2011 - Mauro Pinto, Influx Contemporary Gallery, «Maputo - Luanda - Lubumbashi» / Gal. Bozart, Lisboa / Gal. 111, Lisboa 2014.
2012 - Mário Macilau, Gal. Influx Contemporary, Lisboa, «Taking Place» / Gal Belo-Galsterer, Lisboa «Tempo», 2013 / Galeria Belo-Galsterer «Moments of Transition», 2014
2013 Filipe Branquinho, «Occupations, portfolio, Revue Caméra, dir. Brigitte Ollier, nº 2, Avril-Juin, Paris / Galeries Photo FNAC Montparnasse, Paris / Galeria Bozart, Lisboa / Regarde-moi, Photoquai, exp. col., Musée du Quai Branly, Paris / Jack Bell Gallery, Londres «Showtime».
2013 Present Tense, Photography from Southern Africa, exp. col. e cat. port., tx fr., ing.; org. António Pinto Ribeiro, «Próximo Futuro», Fund. Gulbenkian, Lisboa, Porto e Paris. Mauro Pinto e Filipe Branquinho («Chapa 100»)
2013 - De Maputo, José Cabral e Luís Basto, com homenagens a Moira Forjaz e Rogério. Org. Alexandre Pomar, A Pequena Galeria, Lisboa.
2015 - Filipe Branquinho, Paisagens Interiores / Interior Lanscapes, org. Alexandra Pinho, Instituto Camões, Maputo / Gal. Av. da Índia, EGEAC, Lisboa, 2016. Exp. e Cat. / Rencontres de Bamako, Expo. Pan-Africaine «Telling Time», 2015, exp. col.
2011 A de Animal
05/15/2016
Nuno Viegas na Colecção Cachola
Certamente a lista de artistas da Colecção António Cachola está ainda "in progress", mas parece-me chocante notar-se já a falta de um pintor que o próprio colecionador quis associar especialmente à inauguração do seu Museu em Elvas: o Nuno Viegas, que pintou três grandes telas à escala dos corredores do antigo hospital, com destino à instalação inaugural: essas grandes pinturas sobre tela, que se referem ao lugar do museu enquanto hospital e à específica função deste, bem como uma série associada de trabalhos sobre papel, foram realizadas num atelier em Benfica, alugado durante um ano - e aí as pude ver logo que concluídas. Mas as obras não foram apresentadas na inauguração, de que encarregou João Pinharanda, e só algumas outras obras foram mais tarde expostos (2012).
Acho o Nuno Viegas um dos artistas mais importantes entre os surgiram ou se afirmaram nas primeiras décadas do novo século, mas o "gosto oficial", o mecanismo das exclusões institucionais, com a sua lógica clientelar, tem coartado a visibilidade da sua obra. Aposto que é uma das grandes apostas originais da colecção - que na maior parte dos nomes segue a rotina dos artistas do sistema galerístico-oficial. N.V. teve uma única mostra institucional em 2004, “A tinta envenenada”, no Centro Cultural de Cascais, e expõe regularmente, desde 2002, na galeria Arte Periférica. Não é fácil resistir ao muro de isolamento que é habitualmente levantado à volta dos artistas que se destacam da mediania que o sistema favorece, mediania formada por pequenas promessas surgidas à volta de três ou quatro nomes oficiais, envolvidos num sistema protector que eles próprios controlam, sob a tutela das "galerias líder". Acontece que a protecção dada às emergências fugazes e à mediocridade ambiente - tal como a insignificância de uma crítica oportunista - está a tornar o meio das artes visuais num terreno sem credibilidade, minado pelas suspeitas e só sustentado por tutores institucionais, de que se afastam espectadores e compradores. Os leilões, onde o segundo mercado estabelece os valores do reconhecimento das carreiras, estão a confirmar o descrédito do sistema oficial.
Duas pinturas de grande formato do Nuno Viegas mostradas na exposição "Génesis" do Museu de Arte Contemporânea de Elvas (na foto instaladas no Museu): "A colisão improvável", 270 x 360cm, 2008, e "A nuvem que nos separa", 270 x 360cm, 2008.
Têm o defeito de serem a cores e não do preto e branco, conforme o regime vigente, e de não serem "minimalistas" - pelo contrário, são maximalistas, podem ser observadas como comentários do presente (em vez de serem apenas um exercício formal, ou uma obra de arte sobre a ideia de arte), são comunicativas e despertam emoções, são livres de tutelas escolares ou críticas, são formal e materialmente poderosas na sua realização pictural, são abertamente imaginativas quanto à sua temática figurativa e narrativa.
Da colecção António Cachola fazem parte as três telas adquiridas pelo coleccionador na perspectiva da inauguração do seu museu, a que acima me refiro, mais 14 desenhos dentro da mesma temática, bem como outras duas telas de grande formato adquiridas mais tarde e que integraram a exposição "Génesis" do MACE em 2012. Defendo que são obras mais poderosas e radicais do que a generalidade das peças da colecção. Suspeito que é por isso que se exerce alguma censura - ou será distração?