sábado, 7 de dezembro de 2013

O neo-realismo na fotografia portuguesa, 1945 – 1963

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Pedro Lobo, conversa n'A Pequena Galeria

Depois de Jorge Calado, depois de duas conversas sobre livros de fotografia (sobre photobooks), a primeira com Filipe Casaca, e também Martim Ramos, Pedro dos Reis e António Proença de Carvalho, a segunda de novo com Jorge Calado, depois de Mauro Pinto, foi Pedro Lobo (Rio de Janeiro, 1954) o protagonista de mais uma conversa na Pequena Galeria.



Nas caixas estão fotografias das séries São Paulo, Espaços aprisionados (prisões do Brasil e Colômbia), Favelas: Arquitectura de sobrevivência (existe ed. Blurb), e noutra ainda imagens inéditas de novos e diferentes itinerários em Portugal. De que se verão algumas provas num próximo Salão/colectiva da PG.

As Favelas foram expostas (em Portugal) numa individual da Galeria 3+1 (Nov./Dez., Lisboa) e antes em mostras nos Museus de Estremoz e Beja, e ainda em Portalegre (em 2009). (Há pequenos catálogos dos dois museus e auto-edição Blurb)

(Sobre Favelas, Pedro Lobo, cat. Estremoz)
“Já faz bastante tempo que tenho utilizado a fotografia de arquitectura como um meio de tecer comentários a respeito das pessoas que vivem e ocupam estes espaços. A princípio, fotografei as favelas da cidade do Rio de Janeiro com o objectivo de mostrar a luta pela dignidade, apesar de todas as dificuldades, destas pessoas que não tem outra escolha a não ser viver nestas comunidades excluídas. A maior parte das pessoas de classe média nunca entrou em uma favela e não tem a menor ideia a respeito do universo paralelo existente nestes lugares.

A exclusão é a força criadora de um universo paralelo nas favelas: poder paralelo, economia paralela, sociedade paralela, vidas paralelas. A cidade expõe suas feridas abertas, permanentes, paralelas e, no terceiro mundo, decorrentes do idealizado no passado pelos que excluíram parcelas significativas da população.
Eu fotografo estas construções da mesma maneira que fotografaria monumentos ou residências privilegiadas. Construo estas imagens com geometria, composição e estrutura cuidadosamente planejadas buscando um resultado formal contemporâneo que inclui referências históricas da arte e, em especial da fotografia.
“Quem não entra não sabe”
As favelas do Rio de Janeiro expandem os limites da compreensão: estatísticas e de cidade, confinadas em área reduzidas, com pouca ou quase nenhuma infra-estrutura urbana. Quem não mora lá não sabe direito o que é uma favela carioca. Quero fazer com que todos entrem em uma favela e, como eu, aprendam um pouco mais sobre estas pessoas e suas condições de vida.
Estas imagens reflectem a responsabilidade com a qual lido em meu trabalho. Estas imagens não são a respeito de pobreza ou miséria, mas sim sobre seres humanos que se encontram, em situações extremamente adversas e, que apesar de tudo, decidiram não abandonar a luta por uma existência digna.”


Com imagens de Favelas

(A dignidade e a geometria das favelas. Por Pedro Lobo) 




(continua)

Mais uma vez o turbocomissário Mah

Deixei no blog Photosíntese, do Luís Pereira, um comentário sobre mais uma proeza do nosso inevitável Sérgio Mah, que depois de atraiçoar o Sena da Silva veio desbaratar a importância de um dos grandes livros fotográficos portugueses, na exposição "Território Comum - Imagens do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, 1955-1957", inaugurada a 2 de novembro, na Galeria Municipal de Almada.




Seria oportuno questionar o critério usado na produção desta exposição, para além do mérito de ter proporcionado a digitalização dos negativos oriundos do Inquérito e pertencentes à Ordem dos Arquitectos, assegurando a respectiva conservação.
Em vez de uma exposição sobre o Inquérito e sobre o livro ARQUITECTURA POPULAR PORTUGUESA, edição de 1961 do Sindicato Nacional dos Arquitectos em dois volumes (note-se que o turbocomissário Sérgio Mah fala do "livro em três volumes", o que é uma prova flagrante do seu trabalho (?) descuidado), tivemos direito a uma produção de 100 inéditos, desacompanhados da retaguarda documental que o tema exigiria.
A respectiva impressão em formato quadrado do negativo integral tira partido do processo digital para atenuar contrastes e optar por valores médios, numa uniformidade cinzenta que expçora por igual zonas de luz e de sombra - é uma opção tecnicamente correcta mas destituída de interesse fotográfico. 
 
Importaria antes dar a ver o Inquérito, o livro e a sua história, as suas fotografias (as opções de publicação, os contactos e uma selecção de reimpressões actuais fiéis ao material e aos processos da época). Antes de se mostrarem as fotografias rejeitadas ou não utilizadas, deveriam ver-se as fotografias escolhidas. Produzir inéditos póstumos é uma das taras dos comissários nacionais, que lhes permite facturarem mais rapidamente e sentirem-se "criadores". Aliás, tudo aquilo em que o Mah toca sai mau, como aconteceu recentemente com a pseudo-retrospectiva do Sena da Silva. O press-release diz que o resultado é arrebatador, mas é só publicidade paga. Caro L.P., obrigado por deixar registados estes documentos relevantes para se apreciar o estado da fotografia e da Universidade em P, e desculpe a intromissão agreste.

Mais:

Seria oportuno identificar os arquitectos que foram também fotógrafos expositores, como Keil do Amaral (em duas edições das Exposições Gerais e postumamente em 1999) e muito mais tarde (2004) Nuno Teotónio Pereira (e haverá outros...). Do acervo da OA não constam as imagens produzidas por António Menéres, arq. do Porto, que tem realizado diversas exposições.

Até 11 de janeiro de 2014, continuando depois em itinerância (a seguir ao Porto e Coimbra), com apoio à produção da Fundação EDP.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Vasco Regaleira e o Banco de Angola



Arquitecto Filomeno Fialho apresenta investigação sobre o BNA

A obra de carácter históricocientífico intitulada “Banco Nacional de Angola – 60 anos de edificação” foi apresentada a público no passado dia 4 do corrente, no hall daquela instituição financeira, para celebrar mais um aniversário do BNA.

Da autoria do arquitecto Filomeno Fialho, que também exerce o cargo de consultor do governador e director de património e serviços do banco, o livro, com 184 páginas em impressão de capa dura cartonada e com numa cuidada impressão gráfica representa, no dizer do seu autor, um trabalho de pesquisa e de investigação de sete anos consecutivos, durante os quais, Filomeno Fialho não poupou esforços para contactar até a família do arquitecto Vasco Regaleira em Portugal, autor do projecto arquitectónico do edifício que é hoje a sede do BNA.
Fialho contou com o testemunho vivo de um dos construtores do edifício, Manuel Henrique Pires, falecido este ano e que trabalhou na edificação da obra como construtor de tectos falsos (caixetones).

A ideia do livro nasceu após uma apresentação que o arquitecto Fialho, já no cargo de director do património, fez aquando da celebração dos 50 anos do BNA, e que visa “despertar a consciência de muitos para a necessidade da preservação do património histórico”, património que, no caso do BNA, é composto de obras de arte arquitectónica de inegável valor estético e patrimonial.


Como se lê, à página 56, “na elaboração do projecto, o arquitecto pretendeu conceber uma obra que arquitectonicamente reflectisse a época Setecentista” (...) datada “da grandiosidade e carácter que um edifício desta natureza deve ter...” (...) “...á data da sua inauguração – 7 de Setembro de 1956 – tornar-se-ia pela sua função e monumentalidade, num exemplar único da Arquitectura do Mundo Lusófono e no ex-libris de Angola, coroa que ainda hoje ostenta.”

Para além do figurino estético material, o livro fala-nos também da história do banco que está intimamente relacionada com a história económica de Angola. Daí a sua importância, tanto para académicos, como estudantes e público em geral.

sábado, 23 de novembro de 2013

Augusto Alves da Silva, "Book v2.1", Torres Vedras, 2013

A série "Book" que se viu em Serralves em 2009, Sem Saída / Dead End, pp. 132-157, teve uma nova versão em Torres Vedras, apresentada pela Cooperativa de Comunicação e Cultura / Centro de Cultura Contemporânea, na inauguração do espaço Camara Escura. De 26 outubro 2013 a 4 janeiro 2014.
Com o título Book v2.1, incluindo novas fotografias.




No blog do Augusto Alves da Silva, esta foto levou o tratamento conveniente e ficou outra coisa (a partir do meu fb); até me pareceu uma boa foto.

https://www.facebook.com (28 de Outubro) FB da C|amara Escura

http://augustoalvesdasilva.blogspot.nl blog do A.A.S.

"reportagem"










tratada pelo Augusto
191KB (709x946p  72p/i)



Mauro Pinto: conversa n'a Pequena Galeria


20 de Novembro 2013.
Mauro Pinto e a fotografia moçambicana.
Os anos do Photofesta, as Ocupações (Maputo 2010), o Prémio BES Photo 2012.

http://www.afronova.com/Mauro-Pinto.html

http://p3.publico.pt/cultura/exposicoes/7465/mauro-pinto

http://www.buala.org/pt/cara-a-cara/mauro-pinto-fotografa-os-restos-do-mundo-em-maputo (por Alexandra Lucas Coelho

http://ocupacoestemporarias.blogspot.pt/search?q=Mauro+Pinto


de Ocupações Temporárias:
Quinta-feira, 25 de Março de 2010
OLHO/EYE


O olho e o olhar de Mauro Pinto

A fotografia é uma forma de comunicação, uma linguagem de leitura universal tendo ao longo do tempo apoiado a nossa memória, quer individual quer colectiva, assumindo uma importância vital na evolução das artes e ganhando por mérito próprio um lugar entre elas.
O trabalho de Mauro Pinto é resultado de uma forte referência da tradição do fotojornalismo Moçambicano e da sua tradução para uma linguagem contemporânea, reinventando consigo novos formalismos e temáticas. Há uma clara dualidade no seu trabalho, entre a continuidade de nos mostrar os alertas sociais que se apresentam ao seu redor e o rompimento de uma dialéctica de leitura directa, experimentando, sem preconceitos, novas soluções estéticas e conceptualmente mais complexas. O seu trabalho assume uma dicotomia entre o regional e o global, entre norte e sul, entre a abundância e a escassez. Mauro Pinto é um fotógrafo comprometido com um olhar de alerta do seu tempo. Representa a resistência de um contexto periférico e a coragem da inevitável afirmação de um olhar original em circuitos regionais e inter-continentais, afirmando-se como um fotógrafo de contrastes e de forte dinamismo social
tem no seu trabalho uma boa base para o entendimento de diferenças e semelhanças entre várias culturas. Com resultados formais mais ou menos complexos o seu espaço como comunicador de imagens já ultrapassa claramente o retrato do seu meio, estando no entanto bem evidente ao longo da sua obra, apresentando uma linguagem universal cada vez mais equilibrada, firme e lúcida.
Mauro Pinto tem vindo a posicionar-se entre as referências Nacionais no contexto fotográfico, tendo ainda um largo espaço de evolução, afirma-se como um dos obreiros da nova fotografia Moçambicana

António Vergílio

Fotografia/Photo: Filipe Branquinho

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 17 de Abril de 2012



8ª edição do Prémio BESPHOTO

CCB, 17 Abril a 27 de Maio e  Pinacoteca em S. Paulo, 16 de Junho.

foto Mauro Pinto


Dá Licença” foi, entre Novembro de 2011 e Janeiro de 2012, a minha senha de entrada para a realização deste projecto fotográfico no Bairro da Mafalala, em Maputo.O que desenho nesta proposta não é um mapa, não são somente as linhas limítrofes da cidade de cimento e da Mafalala, ou a topografia de tecido urbano com a especulação imobiliária que pulsa. O que trago para aqui é uma certidão de nascimento narrativa, pessoal e colectiva. É uma árvore genealógica descrita nestes móveis, nesta luz, nestas bugigangas, pertencentes a estes negros, mestiços, emigrantes, imigrados, resistentes.“Dá licença” passa assim a ser uma interjeição afirmativa para iniciar um relato e afirmar uma existência.

Mauro Pinto










Viagem sem inocência
“Porto de Luanda” e “Porto de Maputo” exibem os primeiros resultados do projecto “Portos de convergência” onde investigo as relações das culturas da África Austral com o resto do mundo, em particular com o continente americano e europeu, numa busca do que será legado o africano em outros continentes.
Historicamente, é no triângulo Africa-América-Europa que se desenham as principais rotas da migração massiva e bruta feita pelo comércio de escravos africanos. Para se entender realmente a importância do legado africano em terras estrangeiras, é necessário retroceder aos pontos históricos de partida e de chegada das populações oriundas de África: os portos marítimos.
Esta revisitação de lugares que retoma percursos, refaz rotas de entrada e saída, numa repetição de trajectos e locais, não tem qualquer inocência. É antes uma busca activa das marcas dos antepassados e, simultaneamente, o confronto, e o seu registo, com a continuidade desta circulação, deste tráfego/tráfico migratório marginal, condenável, condenado e consentido, que exporta, de forma tão mal acondicionada, África para o mundo.
Mauro Pinto













Fot António Luís Sousa, 20 Nov. PG