sábado, 24 de maio de 2008

João Francisco, 2008: "O arqueólogo amador" : Galeria 111

 24/05/2008 - blog (a 1ª individual)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

2008, Africa.cont, o projecto

 Africa.Cont IX

12/05/2008

terça-feira, 22 de abril de 2008

2008, AFAL, Nueva Lente, Photo Visión

 04/22/2008 no blog


Afal Almeria 1956-1964


"El papel de la fotografia: AFAL, Nueva Lente, Photo Visión"

Biblioteca Nacional (com a colaboración de Caja Madrid)

Madrid 29 de noviembre de 2005 a 12 de febrero de 2006

Comissarias: Ángeles Bejerano y Fernanda Llobet 



Catálogo com texto homónimo das comissárias

e "Tres revistas, sendos hitos en la fotografia española del siglo XX», de Marie Loup Sougez


Não tinha percebido que fatalidade pesava sobre a fotografia em Portugal até encontrar esta exposição na Sala Hipóstila da BN madrilena. Para além das obras e dos artistas tinha havido as revistas, os agrupamentos associativos ou informais, uma combatividade organizada, gerações e rupturas geracionais assentes em obra feita e defendida. De regresso ainda fiz algum esforço para que a exposição viesse a  Portugal, mas...


O calendário da renovação nos dois países é o mesmo, de 1956 em diante, mas a dinâmica é outra, com uma diferente caracterização social dos interessados, uma diferente combatividade. Poderá falar-se do diletantismo de alguns privilegiados, de uma volúvel determinação, de um provincianismo elegantemente parisiense com rectaguarda nos Estoris, de uma funda tradição de pegar e largar... Fernando Lemos, figura isolada, partira em 1953 para o Brasil. Os outros pararam, pouco depois de começarem, ao contrário do que aconteceu ao lado. Foram sempre amadores.


António Sena centrou a sua história no seu meio de origem e alimentou a sedução de uma alegada "revolução silenciosa da intimidade". Elogiou a distância arrogante face às associações e aos profissionais, que em Espanha (aqui ou ali) se renovaram e consolidaram novas estratégias editoriais.


Ainda questionei o Castello Lopes sobre se tinham conhecido a revista da AFAL, o anuário de 1958, a sua circulação internacional, etc. Percebi que não.





A revista Afal foi fundada em 1956 por José María Artero e Carlos Pérez Siquier, a partir da Agrupación Fotográfica Almeriense, passando da condição de boletim, a partir do nº 4, à de revista, que chegou a ser bilingue (espanho e francês) e aos 2500 exemplares de tiragem.

O "Anuario de la Fotografía Española", publicado em1958, leva Edward Steichen, à data director no MoMA, a comprar provas para a colecção. Recensões na "Camera" suíça e outras revistas.  Relações com  Cartier-Bresson, Roger Doloy e o grupo  francês 30x40 ( /Les_30x40 ) e Les XV ( Groupe_des_XV ), La Góndola  (Veneza) e La Bussola (Milão) em Itália.

Um exposição em Paris conjunta (Afal + Les 30x40), Munique e Berlim (E e W.), Moscovo. Outras presenças no exterior (Charleroi, etc). Intercâmbio com La Ventana, México. Apresentação de Otto Steinert.

Encerra no fim de 1963 por dificuldades finceiras e de censura.


Na exp. da BN estão representados Joan Colom, Cualladó, Ramón Masats, Oriol Maspons, Xavier Miserachs, Pérez Siquier, Alberto Schommer e Ricard Terré.





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Na sua colaboração em "Vidas privadas", edição Foto Colectania, Pérez Siquier situa a notoriedade de José Ortiz Echague, o picturalismo costumbrista. A dissidência do veterano Català-Roca e Leopoldo Pomés. A Real Sociedad Fotográfica de Madrid e a Agrupación Fotográfica de Cataluña. Cf. Equipo 57 e El Paso.




Nueva Lente, Madrid, 1971 (a 5ª geração da fot. esp.), dir. Pablo Pérez-Minguez y Carlos Serrano, Jorge Rueda (1975-79), ... até 1984


Photo Visión - 1º 1991 sobre Josep Renau.


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08/08/2008

Histórias comparadas


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Terra

Ricard Terré, "La Bizca" (a vesga), Barcelona 1958 


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A história do grupo e da revista Afal (1956-1963), com sede em Almería



é muito importante (também) para perceber o que aconteceu e principalmente não aconteceu em Portugal pela mesma época, com a aparição fugaz de alguns interessados em fazer fotografia de modo diferente da produção dominante nas agremiações de amadores e nos salões oficiais.

As datas são as mesmas, os autores têm a mesma idade e as inquietações são paralelas, as condições de isolamento são semelhantes mas os itinerários têm origens diferentes, não se cruzam e vão depois divergir em absoluto: uns desaparecem, pelo menos durante 20/30 anos, e os outros passam a ser a direcção principal. Segundo parece, não sabiam sequer da respectiva existência. E alguns equívocos terá havido, pelo menos com as colaborações do muito premiado Carlos Santos e Silva e de Augusto Martins (Afal, nº 4, Julho-Agosto de 1956, nos primeiros tempos, portanto).


Em Espanha os novos fotógrafos "dos anos 50" nascem em grande parte nas associações fotográficas de Barcelona e Madrid, e afirmam-se em oposição às suas rotinas; associam-se em núcleos locais e em especial num grupo sediado em Alméria (onde a censura foi mais tolerante), e aí publicam uma revista e um anuário, e internacionalizam rapidamente o seu trabalho, em  contacto com grupos idênticos de França, Itália, Bélgica, México. Em geral consolidam carreiras profissionais de longa duração, e a sua intervenção, mesmo se  contestada nas décadas seguintes por novas afirmações geracionais (e a seguir consagrada com vários prémios nacionais e retrospectivas), teve o efeito de uma ruptura definitiva.


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Picture 2


Os nomes são, em especial, os de Carlos Pérez Siquier (1930-) e José Maria Artero (1921-1991), directores da Afal, e de Joan Colom (1922-), Gabriel Qualladó (1925-2003), Ricard Terré (1928-), Ramón Masats (1931-), Xavier Miserachs (1937-1998), Oriol Maspons (1928-), Josep Maria Casademont (1928-1994), Francisco Gómez (1918-1998), Alberto Schommer (1928-). Vieram mais tarde a ser identificados, em conjunto com a chamada Escola de Madrid, ou La Palangana, e outros mais, com a fotografia neo-realista, sendo esta, agora, uma designação genérica e bastante informal, ou de sentido pouco restritivo.


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Picture 1


Em Portugal (Lisboa), além de Victor Palla (1922- ) e Costa Martins (1922-1996), já depois de Fernando Lemos (1926-), que tiveram pontuais presenças públicas, contam-se as movimentações confidenciais e também episódicas de Sena da Silva (1926-2001), Gérard Castello-Lopes (1925-), Carlos Afonso Dias (1939-) e Carlos Calvet (1928-), para além de João Cutileiro (1937-) que iria expor fotografia em 1961. 

Os propósitos de dar testemunho sobre a realidade do país são aproximados e as referências fotográficas internacionais são idênticas (depois do cinema italiano e da Life) - a rejeição dos formalismos salonistas é paralela, mas faltaram em Portugal condições para experimentar a possível dinâmica de um salonismo renovador. Um aristocrático fechamento de grupo sobre as suas mais ou menos prósperas condições de classe terá igualmente contado - e por isso foram diferentes os caminhos  de Augusto Cabrita (1923-1992) e de Eduardo Gageiro (1935-). 

Entretanto, numa história mais ampla, outras  actividades  fotográficas importará  valorizar a par destas (Orlando Ribeiro, o Inquérito à Arquitectura Popular, o inventário etnológico das equipas de Jorge Dias e Ernesto Veiga de Oliveira), mas a fotografia em Portugal continuaria até aos anos 80 sem condições de reconhecimento e de memória histórica. 


Também existiram em Portugal revistas mais ou menos modernas de fotografia (e muito de cinema amador) - mais modernizadoras ou reformadoras, ou mais identificadas com o salonismo prevalecente, como a última abaixo citada, que segue um modelo idêntico à "Arte Fotografica" publicada em Madrid desde 1952. Nenhuma das revistas, porém, nasceu como publicação própria de um grupo de fotógrafos, e, aliás, nunca chegou a existir qualquer consolidada consciência e dinâmica de grupo. Não houve de facto grupos para além das agremiações de amadores de "arte fotográfica".


Publicaram-se

Objectiva, de 1937 a 1943, com um importante intervalo*: 1ª série, de 15 de Junho 1937 (Nº 1) a Fevereiro de 1939 (Nº 21), e 2ª série, de Abril de 1941 (Nºs 22 e 1) até Junho de 1943 (Nºs 48 e 27)

(*durante esse intervalo, em 39, ter-se-á editado a Foto, que nunca vi: é referida no início da 2ª série de Objectiva)

Foto-Revista, publicação técnica e artística de divulgação fotográfica. Dir., prop. e editor A.Cunha Macedo, Lisboa, 1937 (referida por Emília Tavares na monografia sobre João Martins)

Plano Focal, 1953 (4 nºs) de Fevereiro até Maio-Junho (Ernesto de Sousa foi redactor-chefe)

Fotografia, 1954/55 (10 nºs) de Fevereiro de 1954 a Outubro de 1955.


E tb os boletins dos agrupamentos criados depois de 1950,

boletim do Grupo Câmara, Coimbra, 1951-59 ?

Boletim do Foto Clube 6 x 6, Lisboa, 1956-59 ou 57-60?


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Por outro lado, será preciso elogiar a profundidade e a metodologia do livro de Laura Terré, que resulta de uma tese de doutoramento  defendida em Barcelona em 1998. Não se fizeram por cá coisas assim, investigando a documentação toda, sumariando dados e datas em vez de seguirem devaneios ditos teóricos, e actuando ainda em vida dos protagonistas.


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AFAL 1956/1963 

Historia del grupo fotográfico


exp. e lançamento do livro em 2006, no CAAC, Sevilha: Centro Andaluz de Arte Contemporáneo


http://www.caac.es/programa/afal00/frame.htm


apresentação do livro pelo editor: http://www.photovision.es

"Escrito por Laura Terré, historiadora de la fotografía, y editado por Photovision, AFAL 1956/1963 

Historia del grupo fotográfico es un libro profusamente ilustrado y de interés general. El libro se acompaña de un DVD que contiene la totalidad de las revistas Afal en presentación digital interactiva, para facilitar la búsqueda de autores, de temas y de fotografías.


José María Artero (Almería 1928-1991) y Carlos Pérez Siquier (Almería 1930) lanzaron el primer número de la revista en 1956. Las siglas de Afal siempre recordarán su origen almeriense (contracción de Agrupación Fotográfica Almeriense), aunque su verdadero interés reside en haber vinculado las inquietudes de fotógrafos de toda España, unidos bajo el nombre de Grupo Afal. Se trata de un movimiento interregional -nombrándolo con la terminología del momento- que logra superar las dificultades de comunicación y transporte, para crear una red de autores y asociaciones, de ideas y de estéticas, por encima de los cauces legales y culturales, luchando con los impedimentos de orden superior que imponía la dictadura, con el fin de llevar a cabo un proyecto para la fotografía española. Afal, además de ser sinónimo de fotografía de calidad, nos ofrece una mirada profunda, crítica y humana de la España de aquella época."



"Written by the photography historian Laura Terré and published by Photovision, AFAL 1956/1963 Historia del grupo fotográfico (AFAl 1956/1963 History of the photographic group), is a profusely illustrated volume aimed at the general public. The DVD which comes with the book contains all the issues of Afal presented in interactive digital format, to facilitate searches for authors, subjects and individual photographs.

José María Artero (Almería, 1928-1991) and Carlos Pérez Siquier (Almería, 1930) launched the magazine in 1956. The title Afal (standing for Agrupación Fotográfica Almeriense) reminds us of the magazine’s origins in Almeria, but its real interest lies in the fact that it reflected the concerns of photographers from all over Spain, brought together under the name of Grupo Afal. This was an interregional movement –to use the terminology of the time- with the aim of projecting Spanish photography. Overcoming barriers of communication and transport, the group created a network of authors and associations, of ideas and aesthetics, which transcended the existing legal and cultural channels, despite all the obstacles placed in its way by the Francoist régime. Afal, as well as being a synonym for quality photography, provides us with a profound, critical and human view of the Spain of this period."


sábado, 19 de abril de 2008

2008, Arte da Mesa, Mesas Pintadas

 A arte da mesa

terça-feira, 5 de junho de 2007

João Francisco 2007 2008 : O arqueólogo amador (111)

1

 

sem título - arca de Noé - 2007 - grafite sobre papel, 100 x 210 cm. / untitled - Noah's ark

depois do dilúvio - after the deluge

Antigo Mercado, Ourique
8 -15 June, 2007

exposição colectiva com/group show with: Luísa Jacinto, André Romão, Filipe Oliveira, Gonçalo Sena, Luís Filgueiras, Maxime Berthou, Miguel Gomes, Miguel Pacheco, Nuno Luz.
curadores/curators: Ana Lúcia Nobre, Miguel Gomes.

2


sem título - sob observação - 2007 - acrílico sobre papel, 140 x 200 cm. / untitled - under observation

 finalistas de desenho - senior students of drawing - (fbaul) 2006/2007

Ministério das Finanças, Lisboa

January 2008


3


sem título - a derrocada - 2007 - óleo sobre tela, 146 x 120 cm.
untitled - the downfall

 finalistas de pintura - senior students of painting - (fbaul) 2006/2007

Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa

January/February 2008

4


sem título - destroços; sem título - livros e cabeças; sem título - o tempo; sem título - a barricada (2008)
untitled - flotsam; untitled - books and heads; untitled - the time; untitled - the barricade (2008) 

 o arqueólogo amador (e outras naturezas mortas) - the amateur archaeologist (and other still-lifes)

Galeria 111, Lisboa

10 may to 14 june 2008








sábado, 5 de maio de 2007

Sara Maia, 2007

 A exposição "Dog's Sleep" na Sala do Veado 

"O excesso necessário"

in EXPRESSO/Actual de 5 Maio 2007

Fomos deixando de saber que a pintura é também um meio de contar histórias, e cada vez que o descobrimos - tem de ser sempre de maneira diferente - o escândalo é maior. É essencial que por esse contar histórias se entenda algo de diferente da ilustração, por mais que se preze a prática do ilustrador que verte em imagens, à sua maneira, a ficção escrita, em geral por outrem. É essencial que as histórias que se contam, as personagens que se constroem, os fantasmas e as fantasias que se soltam cresçam da realidade material da pintura, inscritas no seu fazer, sem que a tradução por palavras (prévia ou posterior) esgote os sinais visuais e sem que os seus sentidos possíveis se congelem numa narrativa estabilizada.



Sara Maia, "O Colo"


Há uma ameaça incontrolada que reside na imagem, no primado do visual antes da fala, que resiste à formulação oral, e é esse indizível - associado ao estranho poder de criar mundos e seres que os povoem - que justificou as suas inúmeras condenações. À rejeição da figura pelo esoterismo simbolista e depois vanguardista, por ela ser incapaz de representar a ideia de absoluto, ou à recusa da pintura como meio, para ser fim em si mesmo, confundindo liberdade de criação com a esvaziada autonomia do medium, associaram-se conceitos de modernidade que reeditavam os interditos iconoclastas e espiritualistas lançados contra as imagens. Elas regressam sempre com novo poder de perturbação.

Com as histórias de Sara Maia libertam-se outra vez fantasmas que partilhamos como nossos. Há cerca de dez anos, a sua pintura afirmava-se pondo em cena relações de poder e crueldade onde o absurdo explícito se reconhecia não como sonho maléfico mas como realidade mais primitiva e mais íntima. Houve figuras que pairavam como que num magma inicial e comum, antes de ganharem autonomia física e espaço próprio. Houve depois teatros que faziam revisitar a tradição do imaginário diabólico e fantástico (Bosch) e a verve caricatural pós-Dadá (Grosz, Dix), sem que essa circulação culta diminuísse a intensidade ficcional das obras.

Agora, Sara Maia aprofunda a raiz popular desses realismos grotescos (há algo de ex-votos nas suas telas) com figuras que se destacam sobre fundos lisos em situações mais cruas e nítidas, assim mais desafiadoras e incómodas. Duas figuras femininas isoladas (A Santa das Garrafinhas e Rainha em Campânula de Vidro) aparecem como imagens de veneração, com os seus estigmas de doença e pesadelo. Quatro casais (A Fingida, O Colo, A Ceia e Ovelha Negra...) traçam um roteiro do convívio conjugal, com os seus rituais de sobrevivência, as suas máscaras, os enredos e engodos. Dois outros quadros referem o triângulo familiar, ambos protagonizados por uma «boa filha». Quem se reconhece nestes retratos ficcionais?

Sara Maia fornece-nos ela mesma o guião e as chaves das suas imagens para tornar mais real a nossa incerteza face ao que vemos. Apesar de haver diversos exemplos anteriores em que o imaginário revelado só poderia ser feminino (Frida Kahlo, Louise Bourgeois, Ana Mendieta, Paula Rego, etc.), ela usa a efabulação e a necessidade do excesso como ninguém o fez antes.

"

No mm Expresso/Actual de 5 de Maio, um retrato da artista por Cláudia Galhós