sábado, 23 de março de 2013
Pequena Galeria, Salão #1 (inauguração)
“a Pequena Galeria” abriu ao público na quinta-feira dia 21 de Março com a exposição Salão #1 (Inauguração) apresentando obras de Ágata Xavier, António Júlio Duarte, Augusto Cabrita, Carlos M. Fernandes, Carlos Oliveira Cruz, Céu Guarda, Filipe Casaca, Guilherme Godinho, Jordi Burch, José Cabral, José M. Rodrigues, Mário Cravo Neto, entre outros.
“a Pequena Galeria” é um projecto colectivo que ocupa um pequeno espaço de exposição, informação e comercialização de arte, tendo a fotografia como interesse preponderante. Pretende ser um lugar diferente, à procura de novas fórmulas de produção e distribuição, atento às actuais condições do mercado e decidido a promover o coleccionismo.
Os seus fundadores - Carlos M. Fernandes, Guilherme Godinho, Carlos Oliveira Cruz, Alexandre Pomar, Bernardo Trindade, Luís Trindade e Ágata Xavier - associam diversas experiências e relações com a arte e a fotografia, nos campos da criação, da crítica e investigação, da edição e também nas áreas do comércio livreiro e da realização de leilões.
O nome que escolhemos recorda a história e a ambição de The Little Galleries of the Photo-Secession, a galeria fundada em 24 de Novembro de 1905 por Alfred Stieglitz e Edward Steichen.
A inauguração decorre nos dias 21 (18-21h.), 22 (18-24h.) e 23 (16-21h.) de Março.
Horário da galeria (a partir de dia 27 de Março):Quarta - Sexta: 18:00 - 20:00
Sab: 16:00 - 20:00
Endereço | Avenida 24 de Julho 4C, Lisbon, PT.
Tel. | 218 264 081
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http://aesquinadorio.blogs.sapo.pt
Manuel Falcão
VER - O início de actividade de A Pequena Galeria (Av 24 de Julho 4c, à Praça D. Luis) é o pretexto para hoje sugerirmos uma incursão pela fotografia. Obra de sete sócios, A Pequena Galeria foi buscar o seu nome a The Little Galleries of the Photo Secession, de Alfred Stieglitz, fundada em 1905 na Quinta Avenida, em Nova Iorque. A Pequena Galeria é uma bela ideia, que promete actividade e variedade - abriu a 21 de Março com a colectiva #Salão1 e quinta-feira 4 de Abril inaugurou a sua segunda exposição, Flâneur Noir, de um dos sócios, Guilherme Godinho, que tem a particularidade de fotografar a preto e branco com um Blackberry 9700 Bold, o que, em tempos de Instagram e iPhone não deixa de ter a sua graça.
quinta-feira, 21 de março de 2013
Inauguração d' A Pequena Galeria
Salão #1 Inauguração
a Pequena Galeria abre ao público na quinta-feira dia 21 de Março com a exposição Salão #1 (Inauguração) apresentando obras de Ágata Xavier, António Almeida, António Júlio Duarte, Augusto Cabrita, Carlos M. Fernandes, Carlos Oliveira Cruz, Céu Guarda, Filipe Casaca, Guilherme Godinho, Jordi Burch, José Cabral, José M. Rodrigues, Mário Cravo Neto, entre outros.
a Pequena Galeria é um projecto colectivo que ocupa um pequeno espaço de exposição, informação e comercialização de arte, tendo a fotografia como interesse preponderante. Pretende ser um lugar diferente, à procura de novas fórmulas de produção e distribuição, atento às actuais condições do mercado e decidido a promover o coleccionismo.
Os seus fundadores - Carlos M. Fernandes, Guilherme Godinho, Carlos Oliveira Cruz, Alexandre Pomar, Bernardo Trindade, Luís Trindade e Ágata Xavier - associam diversas experiências e relações com a arte e a fotografia, nos campos da criação, da crítica e investigação, da edição e também nas áreas do comércio livreiro e da realização de leilões.
O nome que escolhemos recorda a história e a ambição de The Little Galleries of the Photo-Secession, a galeria fundada em 24 de Novembro de 1905 por Alfred Stieglitz e Edward Steichen.
A inauguração decorre nos dias 21 (18-21h.), 22 (18-24h.) e 23 (16-21h.) de Março.
Horário da galeria (a partir de dia 27 de Março):
Quarta - Sexta: 18:00 - 20:00
Sab: 16:00 - 20:00
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Antes
terça-feira, 13 de novembro de 2012
João Francisco, Torres Vedras, 2012: "Objectos Encontrados..."
13/11/2012
OBJECTOS ENCONTRADOS a partir das reservas do Museu Leonel Trindade
"É uma pequena parte desta colecção[ das reservas do Museu Leonel Trindade, Torres Vedras ] que aqui revelo na forma de composições vagamente narrativas e de confrontos que procuram a criação de novos sentidos: a evocação de algo para além dos objectos neles representados. Questões presentes na minha investigação como a possibilidade de uma natureza-morta ser simultaneamente um retrato ou uma paisagem, ou como diferenças de escala entre objectos podem criar uma enorme sensação de estranheza, tiveram com este projecto uma continuidade."
JOÃO FRANCISCO, no catálogo
O João Francisco a par de nos mostrar as obras aponta-nos as pistas para seguirmos com elas.
Além dos desenhos e pinturas motivados pela colecção do Museu de Torres Vedras, e que mais obviamente se lhe referem, a exp. inclui
a instalação "Sem título - trazido pelo mar para Joseph Cornell, 2005 - ... / brinquedos recolhidos na praia (dim. variáveis)" (Gal. 1),
as séries de pequenas pinturas "Sem título - retratos de família, 2005-2012, 50 pinturas a óleo sobre cartão ou madeira, molduras encontradas (dimensões variáveis)" (Gal. 2)
e "Sem título - 14 retratos, 2012, pinturas a óleo sobre madeira, molduras encontradas, dimensões variáveis"; (Gal. 1)
a obra conjunta "Sem título - o naturalista, 2009-2012, 16 pinturas a guache sobre papel, 70x50 cm cada", já antes exposta em progresso na 111 em 2010 e na Sala do Veado ( o Naturalista ) em 2009;
e por fim "Sem título - o catálogo dos pássaros, 2009, 31 pinturas a acrílico sobre papel, 60x60 cm cada" (2009 - então com 4 pianos verticais com partituras de o melro preto, o tordo, o pisco de peito ruivo e a cotovia extraídos de Pequenos estudos de pássaros de Olivier Messiaen, 1985). (Gal. 2)
Considerando a referência que o autor faz aos "três projectos anteriores", depreende-se que estes três são os que mostram na galeria 2 e que quer a série dos 14 retratos (com data de 2012) quer a instalação dos objectos recolhidos (embora com data que vem de 2005 e continua, ou, melhor, continuará) fazem parte igualmente dos trabalhos desencadeados pelo ou no Museu. A diversidade das práticas associadas ao trabalho sobre as reservas, para lá do desenho e da pintura que mais obviamente as representam, mostra que o trabalho do J.F não se encerra num caminho apertado (a exp. actual da 111 também o mostra)...
Este é um dos mais surpreendentes trabalhos de artista pintor que se vão fazendo no presente, e é um muito jovem artista que expõe. E esta, não sendo uma exp. "antológica", é uma mostra muito importante no seu itinerário. Apresentada em Torres Vedras, a sua terra de origem, não é uma exposição "local".
Sem título - objectos mágicos, 2012 - grafite sobre papel, 120x150 cm
Sem título - trazido pelo mar para Joseph Cornell, 2005 - ... / brinquedos recolhidos na praia (dim. variáveis)
2ª
galeria - vistas parciais de 1 - Sem título - retratos de família,
2005-2012, 50 pinturas a óleo sobre cartão ou madeira, molduras
encontradas (dimensões variáveis)
2 - Sem título - o naturalista, 2009-2012, 16 pinturas a guache sobre papel, 70x50 cm cada
3 - Sem título - o catálogo dos pássaros, 2009, 31 pinturas a acrílico sobre papel, 60x60 cm cada (EM BAIXO)
"Juntamente com o trabalho criado especificamente para esta exposição mostram-se outros três projectos anteriores onde está presente esta mesma pesquisa em torno da representação, bem como da investigação acerca do que é uma colecção, o que pretende, e o que nos diz sobre ela e sobre nós." (idem)
Objectos encontrados - Found objects
Paços Galeria Municipal, Torres Vedras
9 Novembro 2012 - 5 Janeiro 2013.
Com o projecto de fazer uma exposição para a Galeria Municipal surgiu a possibilidade de trabalhar a partir do acervo do Museu Municipal Leonel Trindade: explorando eu já há algum tempo a temática da natureza-morta, seria certamente curioso ter contacto com objectos que de outro modo não me seriam acessíveis.
As suas colecções variadas surpreenderam-me: além dos núcleos arqueológicos pré-históricos e ligados à Guerra Peninsular (as minhas memórias mais antigas do Museu), encontrei um vasto espólio ligado ao passado industrial da região, arte sacra, azulejaria, mobiliário e artes decorativas provenientes da Casa Jaime Umbelino, uma fantástica e vasta colecção de brinquedos, até aos objectos recolhidos em escavações no espaço onde esta exposição se apresenta. Talvez no fundo todos os Museus, como todas as colecções, acabem por ter este aspecto em comum: de serem como pequenos gabinetes de curiosidades em que o objecto de qualidade artística convive tanto com o objecto histórico, como com o objecto com discutível interesse que por qualquer motivo por lá também se encontra.
É uma pequena parte desta colecção que aqui revelo na forma de composições vagamente narrativas e de confrontos que procuram a criação de novos sentidos: a evocação de algo para além dos objectos nele representados. Questões presentes na minha investigação como a possibilidade de uma natureza-morta ser simultaneamente um retrato ou uma paisagem, ou como diferenças de escala entre objectos podem criar uma enorme sensação de estranheza tiveram com este projecto uma continuidade.
Juntamente com o trabalho criado especificamente para esta exposição mostram-se outros três projectos anteriores onde está presente esta mesma pesquisa em torno da representação, bem como da investigação acerca do que é uma colecção, o que pretende, e o que nos diz sobre ela e sobre nós.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Angola: reabriu o Museu do Dundo
A cerimónia de abertura foi marcada pela exibição do grupo cultural Akixi e Tchianda, o mais representativo do folclore da região, agora assumido pela nova geração, no quadro da revitalização das "oficinas culturais" da aldeia museu, um centro de transmissão dos usos e costumes da região.
A reabilitação e modernização do museu do Dundo, não contemplou apenas a renovação da exposição de longa duração, mas também incluiu novas estratégias de atuação e funcionalidade dos aspetos técnico-científicos e administrativos do próprio museu.
O museu regional do Dundo passa agora a ter uma exposição de longa duração que compreende a sala síntese, sala da pré-história e arqueologia, sala da organização social, sala da organização política, sala da caça e atividades domésticas, sala das atividades económicas, sala das artes e atividades lúdicas, sala intermédia de exibição de filmes etnográficos, sala da religião, iniciação masculina e medicina tradicional, duas salas da história mineira e a sala da colonização e resistência contra a ocupação colonial.
A ministra da cultura, Rosa Cruz e Silva, que conjuntamente com o governador provincial da Lunda Norte, Ernesto Muangala, cortaram a fita de reinauguração do museu regional do Dundo, considerou que a ocasião é um "ato de nobreza, para celebrar a vida, a cultura na sua expressão máxima de um povo, porque os artefactos, as peças museológicas, a memória das comunidades das áreas socioculturais aqui representadas, refletem o ser no mais profundo do seu íntimo, explicam a história e em suma a própria cultura".
Rosa Cruz e Silva destacou o museu regional do Dundo como "a primeira e a maior instituição museológica de Angola" por ter revelado dinamismo na investigação científica em várias disciplinas, "desde a pré-história ou história mais antiga, onde se dedicaram estudos das estações arqueológicas que trouxeram a superfície os vestígios dos tempos memoriais do paleolítico e não só".
Realçou, igualmente, a etnografia e antropologia enquanto vocação do museu regional do Dundo, "para dar nota ao modo de estar dos povos do leste de Angola, mas também, e sobretudo do seu pendor artístico".
A mestria nas artes, dos povos do leste Angola, segundo a ministra Rosa Cruz e Silva, "galvanizou, impulsionou e chamou os arqueólogos, os etnólogos, os homens das ciências sociais, depois os biólogos, que tiveram que produzir e elaborar até a década de 70 do século XX, uma vasta coleção de estudos sobre os tuchocwe, todos os seus vizinhos e aparentados".
A ministra considerou, no entanto, que o museu regional do Dundo, tem cumprido a função mais representativa da experiência museológica, que é a de investigação científica, que resulta da longa lista bibliográfica que conectou este museu com o resto do mundo.
"A história desta instituição foi feita de muitas glórias, no domínio científico e da celebração da cultura dos povos que aqui se reportam, pois que foram criados mecanismos de organização cultural, com a formação de grupos de dança e equipas de recolha do cancioneiro da música tradicional", enfatizou Rosa Cruz e Silva.
O novo museu
Depois da independência do país, em 1975, lembrou a ministra, assistiu-se a um decrescer de eventos em razão da situação difícil que se vivia na altura, assinalando, no entanto, que " a museologia em Angola, pela mão dos próprios angolanos, começa a dar os primeiros passos, a partir do museu do Dundo".
A ministra salientou que os passos para a reabilitação e renovação do museu do Dundo, começam a ser dados em 2007, com a elaboração de um programa que previa não só a requalificação da sua infraestrutura, como também a construção do laboratório de biologia, aldeia museu, a estação arqueológica do Balabala, assim como a renovação da exposição permanente.
Reiterou que "estão agora criadas as condições, para fluir a cultura e sobretudo para que os novos investigadores angolanos, tenham larga a sua capacidade científica e se aumentem os conhecimentos sobre a cultura desta região, que nos seus particularismos ou na sua essência está muito longe da maior dos angolanos".
A ministra não deixou de render homenagem algumas personalidades ligadas a cultura, que não só tornaram viável o projeto de renovação do museu regional do Dundo, como deram contributo incomensurável no desenvolvimento da cultura nacional.
Rosa Cruz e Silva lembrou a figura de Henriques Abranches, que a seu modo criou uma escola de museologia, que distribuiu as peças pelo país para criar novos museus, escola essa, segundo a ministra, foi renovada, atualizada e melhorada os seus métodos.
Foi igualmente prestada homenagem a Felizardo Gourgel, que contribuiu para a guarda e preservação do acervo do museu do Dundo, nos tempos mais difíceis e ao Francisco Xavier Yambo, o grande impulsionador da revolução dos museus, que culminou com o estatuto dos museus que foi recentemente aprovado.
A reabertura das portas do museu regional do Dundo, foi igualmente possível com o "engajamento de uma grande equipa, desde a direção dos museus, os membros da comissão, coordenação do projeto de renovação dos museus regional do Dundo e sobretudo do executivo angolano.
A reabilitação e renovação do museu regional do Dundo custou aos cofres do estado mais de quatro milhões de dólares.
Sítio de culto da cultura Tchokwe
Ana Clara Guerra Marques, investigadora da cultura Lunda Tchokwe há mais de vinte anos, disse que o museu regional do Dundo é e vai continuar a ser "um sítio de culto da cultura Lunda Tchokwe", numa perspetiva de desenvolvimento, preservação e estudo contínuo da riqueza cultural da região.
Mostrou-se satisfeita com os investimentos feitos pelas autoridades, para que o museu se transformasse numa verdadeira "casa pública" destinada a guardar peças, reservas memoriais, transmitir e divulgar a cultura regional, que, na sua ótica, é muito forte e que até ultrapassa as fronteiras do nosso país.
...
Historial
O museu do Dundo, foi criado em 1936, pela então companhia de Diamantes de Angola (DIAMANG) e tinha como secções fundamentais a etnografia, pré-história, folclore e música.
Faziam também parte do museu do Dundo, o museu do Balabala, que se dedicava ao estudo da arqueologia, um laboratório de biologia que ao longo dos anos apresentou ao mundo científico a descoberta e o conhecimento de novos mamíferos, peixes, batráquios, sáurios, aves e novas espécies ou géneros de insetos, além de contribuições para o estudo da fauna da região da Lunda e da África Central.
Há a destacar, também, a "Aldeia Museu" que abrigava os artistas que trabalhavam regularmente em escultura, pintura e tecelagem de forma a permitir a revitalização de alguns padrões culturais em via de extinção.
As primeiras coleções do museu do Dundo começaram a ser recolhidas em 1936, tendo sido obtidas em diversos pontos da região leste do país, mas sobretudo nas atuais províncias das Lundas Norte e Sul e Moxico.
A iniciativa cabe ao etnógrafo português José Redinha, colocado ao serviço da administração colonial, na então vila de Portugália, que começou com uma coleção privada de objetos etnográficos, a qual evoluiu, com a pronta intervenção da DIAMANG, para um museu, cujos trabalhos alcançaram o mundo, tendo sido considerado na década de 1950, como um dos maiores a sul do Sara.
Até 1974 o museu do Dundo tinha um acervo de mais de 20 mil peças.
terça-feira, 19 de junho de 2012
Fotografia em Moçambique, antes de 1970
em 2012
1. José dos Santos Rufino
Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique, publicados por José dos Santos Rufino, em 1929. Colecção de 10 álbuns dedicados a regiões e aspectos da Colónia de Moçambique. Edição impressa na África do Sul na casa representante da firma alemã de artes gráficas, Broschek & Co.
José dos Santos Rufino, comerciante estabelecido na papelaria e livraria «A Portuguêsa» na Rua Consiglieri Pedroso da baixa de Lourenço Marques, foi o editor do mais extenso levantamento fotográfico realizado na colónia (até aos anos 40?, ou também depois deles?). Dezenas de postais e, sobretudo, os 10 álbuns descritivos editados em 1929, atestam a sua actividade de editor fotográfico, que assegurou em Moçambique um alargado contacto com a documentação visual, certamente com consequências. Santos Rufino agradece no 1º álbum a colaboração de H. Graumann e I. Piedade Pó enquanto «fotógrafos amadores», o que não deve significar que reivindique a sua autoria pessoal como fotógrafo profissional, ao contrário do que se afirma no blog Companhia de Moçambique. Terá sido um recolector de fotografias, terá encomendado levantamentos, terá fotografado? Sem ter sido um pioneiro, terá generalizado a presença do registo fotográfico a um nível raro, que se mantém como uma referência quase mítica.
Raças, Usos e Costumes Indígenas. E alguns exemplares da Fauna Moçambicana. Volume X dos Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique.
José dos Santos Rufino. Broscheck & Co, Hamburgo (todos os albuns estão reproduzidos em Memória de África )
2. Sebastião Langa
(Manjacase, 1920). Em 1939, era porteiro do estúdio Foto Lusitana; depois de 1946, funcionário público (no Instituto de Investigação Científica) e fotógrafo comercial. Com uma carreira paralela à de Ricardo Rangel, como este sublinhou em 2002.
Sebastião Langa: retratos de uma vida, ed. Arquivo Histórico de Moçambique. Ver BIArquivo - Boletim Informativo do Arquivo Histórico de Moçambique, Ano 2, No 4 (Março 2002)
O 1º Photofesta, em 2002, prestou homenagem a Sebastião Langa incluindo a exp. referida no seu programa (pp. 8-9). Outras homenagens foram então prestadas a Rogério e a Daniel Maquinasse.
3. Carlos Alberto Vieira e Ricardo Rangel
fotojornalistas desde os anos 40/50.
Ricardo Rangel (1924-2009, L.M./Maputo), em 1952 foi o 1º repórter não branco a trabalhar para a imprensa moçambicana, no Notícias da Tarde, depois ter trabalhado como impressor em vários estúdios. No Notícias, em 1956; de 1960 a 64, fotógrafo chefe em A Tribuna; em 1970 foi co-fundador da revista Tempo. Ver Iluminando vidas
4. Amadores fotográficos
O Núcleo de Arte contou com uma Tertúlia ou secção fotográfica desde os anos 50 (Miguel Rebelo Júnior, fotógrafo chefe do Instituto de Investigação Científica, representava-a na respectiva direcção em 1954).
A Associação dos Velhos Colonos teve também uma Secção de Arte Fotográfica.
1º Salão Internacional de Arte Fotográfica de Moçambique, 1954.
Na publicação MOÇAMBIQUE a Preto e Branco, ed. CODAM Sarl, de 1972 (ver adiante), participam vários amadores activos desde os anos ’50.
5. anos ‘60
Pancho Guedes
Pancho Guedes fez fotografia mas não é nem se intitula fotógrafo. É arquitecto, pintor e escultor. No entanto, é muito grande a sua presença fotográfica impressa no início dos anos 60. Também neste domínio tem uma intervenção irreverente e influente. O seu acervo fotográfico e a documentação fotográfica das suas viagens e dos seus interesses é muito vasto, sem que a sua autoria pessoal seja em muitos casos segura (inclui trabalhos de colaboradores, amigos e familiares, sem que PG quisesse ou pudesse, em 2010, distinguir sempre as autorias.)
Em cima, 1ª pág. de “Les Mapogga”, in Aujourd’hui: Art et Architecture, nº 37, 1962, Juin 1962. Reportagem fotográfica do autor / Fotos de A. d’Alpoim Guedes (Pancho Guedes) e Pedro Guedes.
O mal do caniço e o manual do vogal sem mestre”, dupla página em A Tribuna, 9-6-1963
1ª página do artigo que Architecture d’Aujourd’hui, 1962, Juin-Juillet, dedica ao arq. P.G.
Em baixo, Malangatana na casa de P.G., 1961?
6. Moira Forjaz
Moira Forjaz trabalhou como foto-jornalista na África do Sul (e Swazilândia), desde 1964, onde foi discípula e colaboradora de mestres como Jurgen Schadeberg, Sam Haskins ( foi modelo numa fotografia de Cowboy Kate, de 1964 ) e David Goldblatt. Fez deslocações a Moçambique desde cerca de 1960, em contacto com Julian Beinart, Pancho Guedes, Malangatana. Trabalhou como free-lance, com colaborações com a Magnum. Depois de 1975 trabalhou em Moçambique, também como documentarista. Em 1981 foi um dos fundadores da Associação Moçambicana de Fotografia; sete fotografias suas estão publicadas em "Moçambique, A Terra e os Homens", primeira exposição da AIM (de que resultou o pelo álbum publicado em 1984, impresso em Roma).
7. Rogério
Rogério ou Rogério Pereira: 1942, Lisboa - 1987, Setúbal?. Fotografou desde 1966, em Lourenço Marques. Trabalhou no Sunday Times, Johannesburg, 1968. Colaboração na revista Drum (1969, 1973). Presente em exposições colectivas em Johannesburg e Cape Town desde 1969 e 1972 (refere "Images of Man", promovida pelo "International Fund for concerned photography"). São informações extraídas do seu catálogo da FCG (ver II parte).
Frequentou os meios do jazz com Ricardo Rangel e certamente facilitou a relação deste com outros fotógrafos sul-africanos.
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Luís Carlos Patraquim, artigo publicado em Lusografias, nº1, Jul, Ago, Set 2005, ed. Instituto Piaget
“OBJECTIVA 2002”
“com a fotografia não nos é possível continuar a pensar
a imagem separada do acto que a faz ser.”
Phillipe Dubois, “O Acto Fotográfico”
"A fotografia em Moçambique é uma prática - e uma Arte - em rotação de olhares no Tempo. Dos postais de Rufino, no princípio do século XX, à obra de Ricardo Rangel - que a moçambicaniza; do acervo minocioso do repórter andarilho e de regime(s) que foi Carlos Alberto ao trabalho multímodo de uma geração posterior começada em Kok Nan e com nomes como os de Daniel Maquinasse, Naíta Ussene, José Cabral, Sérgio Santimano - tantos outros - numerosos são os “actos” e os territórios do olhar.
Da curiosidade “tout court” à preocupação antropologista, por vezes com laivos de arrogante eurocentrismo, do registo poético à “rotina” da cobertura jornalística em situações políticas diferenciadas, da preocupação em fixar sinais de um fazer épico à mais ingénua das tarefas de propaganda ou de um denso bailado de desejo para a descoberta erótica das gentes e dos lugares, tudo aconteceu...
Um outro rumo vem assumindo agora toda uma nova geração, ultrapassado o quadro unívoco de uma procura de identidade moçambicana cujas referências, no pós-independência, foram marcadas por uma intensa e extensa ideologização político-partidária.
E assim se vem aluarando, não uma mimésis ou uma desconstrução, mas a procura de um rosto onde se reveja, lhe possa dar nome e a nós também, que nos indagamos e “vemos” nesse trabalho.
A África está a braços com os efeitos perversos da globalização, para não falar das sucessivas tragédias e decepções da sua história pós-colonial, descentrada e à procura da sua identidade, como escreveu o poeta sul-africano Breiten Breitenbach. E se nos perguntarmos para que serve a fotografia quando falta a mandioca e as guerras intestinas ameaçam a própria sobrevivência dos Estados, quiçá só encontraremos resposta se a situarmos num território poético da mais intensa ritualização. Contra a era do vazio emerge a religação do homem com o lugar, seus símbolos, suas ontológicas acontecências, seus mitos.
Apetece afirmar que é à procura destes instantes, desta imagem primordial de que a fotografia não será nunca senão uma aproximação ou um reflexo, um fugaz ponto luminoso plasmado em sombras, que se inscreve cada vez mais o trabalho multímodo da maioria dos fotógrafos moçambicanos. Ao contrário de Narciso.
Ricardo Rangel “registou” em leitura que se pode aproximar de alguns versos de Craveirinha, as contradições e o maniqueísmo da sociedade colonial e subiu em metafórico voo lírico no cúmplice abraço às prostitutas da portuária Rua Araújo da antiga Lourenço Marques, como se nelas procurasse a Mãe-África. Carlos Alberto deixa-nos um olhar sobre a “gesta industriosa” do Moçambique colonial. A aposta de Kok Nan “reduz”, no bom sentido, a épica guerrilheira à sua vera dimensão humana, em epistolário secreto com a obra do fotografo-guerrilheiro Daniel Maquinasse. Naíta vai em viagem, como todos eles, aliás, à procura dos muitos nomes de que é feita - à falta de melhor termo - a moçambicanidade. Tal como José Cabral – referência obrigatória, João Costa (Funcho), Valente e a redescoberta da Ilha Doirada, tantos mais, cuja não inclusão de nome aqui, não significa desmerecimento mas impossibilidade de listagem.
Porque há uma escola moçambicana de fotografia. E outros, da mais “desvairada” origem, devotados ao mistério do Ser que Moçambique, lugar múltiplo, oferece. Georgios Theodossiadis e os pescadores da Costa do Sol, nos arredores de Maputo; José Henriques da Silva, na década de 50, fixando os Macuas; Joana Pereira Leite em amorosa e pendular viagem; Henrique Dinis da Gama num registo singular de rugosas e (in)decifráveis) materialidades; o Rui Knopfli da “Ilha de Próspero”, incontroverso poeta e fotógrafo moçambicano, cidadão de excêntrica condição “extra-territorial” já analizada por um George Steiner; Moira Forjaz deambulando entre Muipiti e Ressano Garcia.
Porque é a enfeitiçar a luz que desde há muito vêm andarilhando os fotógrafos moçambicanos, assumindo-a como uma gnose inaugural, transfigurando os nomes e as coisas, fazendo muitas imagens e, por dentro delas, a ontogénese de Moçambique."